Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Como o cérebro nos engana...


Li este texto não sei onde, daí não poder dar os créditos. Gosto do tema. Era a matéria que detestava no curso de psicologia. Estou pagando língua.

Você não toma as próprias decisões - e boa parte do que vê não é real. É apenas uma ilusão criada pelo seu cérebro, que passa pelo menos 4 horas por dia enganando você. Conheça os truques que ele aplica - e saiba o que realmente acontece dentro da mente.
Você fica cego 4 horas por dia. Já foi enganado por um rótulo nesta semana. Tem preconceitos sobre todos os assuntos (por mais que ache que não). Toma decisões irracionais, que vão contra os seus interesses. Você não está no controle da própria mente. Mas não se preocupe: você é normal. Não é maluco e possui um cérebro perfeito, como o de qualquer outra pessoa. Só que ele inventa coisas para iludir você. Não é por mal. É só uma maneira de economizar energia.

O cérebro humano é o objeto mais complexo do Universo. Tem 100 bilhões de neurônios, que podem formar 100 trilhões de conexões. Se fosse possível criar um computador com o mesmo número de circuitos do cérebro, ele consumiria uma quantidade absurda de eletricidade: 60 milhões de watts por hora, segundo uma estimativa de cientistas da Universidade Stanford. É o equivalente a quatro usinas de Itaipu trabalhando simultaneamente. Mas o cérebro humano gasta pouquíssima energia - 20 watts, menos que uma lâmpada. E mesmo assim consegue fazer coisas extremamente sofisticadas, de que nenhum computador é capaz.
Renato Restier

Só que isso tem um preço. O seu cérebro não consegue analisar as situações de forma completamente racional, avaliando todas as variáveis envolvidas em cada caso. Para fazer isso, ele precisaria de ainda mais circuitos - e muito mais energia. Mas, ao longo da evolução, a natureza encontrou uma solução: o cérebro pode mentir para seu dono. Sim, mentir. Descartar informações, manipular raciocínios e até inventar coisas que não existem. Dessa forma, é possível simplificar a realidade - e reduzir drasticamente o nível de processamento exigido dos neurônios. "São efeitos colaterais do funcionamento normal do cérebro", diz Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Tudo começa pela visão. Você não percebe, mas o cérebro edita o que você vê. Das 16 horas por dia que uma pessoa passa acordada, em média, 4 horas são preenchidas por imagens "artificiais" - que não foram captadas pelos olhos, e sim criadas pelo cérebro.

O olho humano só capta imagens com clareza em uma pequena parte, a fóvea, que tem 1 milímetro de diâmetro e fica no centro da retina. Então, para compor a linda imagem que você está vendo agora, os seus olhos estão constantemente em movimento. Eles focam determinado ponto e depois pulam para o ponto seguinte. Cada um desses saltos tem duração de 0,2 segundo. Quer comprovar isso na prática? Na próxima vez em que você estiver conversando com uma pessoa, preste atenção nos olhos dela. Você irá perceber que eles se movimentam o tempo todo para escanear vários pontos do seu rosto.

O problema é que a cada pulo desses, enquanto os olhos estão se movendo para a próxima posição, o cérebro deixa de receber informação visual por 0,1 segundo. Durante esse tempo, você está cego. E, como nossos olhos fazem pelo menos 150 mil pulos todos os dias, o resultado são 4 horas diárias de cegueira involuntária. Você não percebe isso porque o cérebro preenche esses momentos com imagens artificiais, que dão a sensação de movimento contínuo. Mas que, na prática, você não viu.

Tem mais: o que você enxerga não é o que está acontecendo - e sim o que vai acontecer no futuro. É sério. Isso acontece porque a informação captada pelos olhos não é processada imediatamente. Ela tem de passar pelo nervo óptico e só depois chega ao cérebro. O processo leva frações de segundo, e você não pode esperar - um atraso na visão pode fazer com que você seja atropelado ao atravessar a rua, por exemplo. Então, o que faz o cérebro? Inventa. Analisa os movimentos de todas as coisas e fabrica uma imagem que não é real, contendo a posição em que cada coisa deverá estar 0,2 segundo no futuro. Você não vê o que está acontecendo agora, e sim uma estimativa do que irá acontecer daqui a 0,2 segundo.

As mentiras invadem a razão

Com R$ 1,10, você pode comprar um café e uma bala. O café custa R$ 1 a mais do que a bala. Quanto custa a bala? Responda rápido. Dez centavos, certo? Errado. Você acaba de ser enganado pelo próprio cérebro. Mas não está sozinho - mais da metade dos estudantes de universidades prestigiadas como Harvard, MIT e Princeton responderam a essa mesma pergunta e também erraram (entre alunos de instituições menos badaladas, o índice de erro é ainda maior, cerca de 80%). Essa charada é um dos exemplos citados no livro Thinking, Fast and Slow (Pensando, Rápido e Devagar, ainda sem versão em português), do psicólogo israelense Daniel Kahneman, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia por suas pesquisas sobre o comportamento humano.

Para Kahneman, o cérebro tem dois tipos de pensamento. O primeiro é rápido e intuitivo e confia na experiência, na memória e nos sentimentos para tomar decisões. O segundo é lento e analítico - e serve como uma espécie de guardião do primeiro.

Se estamos decidindo sobre o que comer, podemos ficar em dúvida entre um sanduíche e um prato de feijão. Mas por que essas duas opções, justo elas, surgiram como as alternativas válidas para o momento? Por que você não considerou um bacalhau com batatas? Por que não um sorvete de abacaxi? Porque o seu pensamento intuitivo já estava inclinado para optar pelo sanduba ou pelo feijão e restringiu previamente as escolhas antes mesmo que você se desse conta de que estava chegando a hora de almoçar. Do contrário, passaríamos horas avaliando todas as possíveis opções de refeição - e morreríamos de fome. Se o pensamento intuitivo não existisse, seria extremamente difícil escolher uma roupa ou responder a perguntas banais, do tipo "como você está?" ou "gostou do filme?". De certa forma, o pensamento intuitivo é o que nos diferencia dos robôs. E é ele que permite ao cérebro processar informações na velocidade necessária. "Ele é mais influente. É o autor secreto de muitas decisões e julgamentos que você faz", explica Kahneman no livro. Foi o pensamento intuitivo que apontou os dez centavos como resposta para o enigma do café. Só que ele mentiu para você. A resposta certa é R$ 0,05. Se a bala custasse R$ 0,10, o café custaria R$ 1,10 - e o total daria R$ 1,20.

Esse duelo entre os dois tipos de pensamento, o rápido-intuitivo e o lento-analítico, também tem uma explicação evolutiva. O córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pelo processamento lógico, surgiu relativamente tarde na evolução da espécie humana - já as emoções e os instintos estavam com nossos ancestrais há muito mais tempo. Por isso elas são tão fortes e nos influenciam tanto. "A filosofia considera o ser humano um animal racional. Mas o que sabemos é que apenas em certas circunstâncias e à custa de muito esforço conseguimos ser racionais", afirma Vitor Haase, médico e professor de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O pensamento intuitivo está sempre presente, até nas situações em que a racionalidade é supremamente importante. Um estudo de pesquisadores das universidades de Ben Gurion, em Israel, e Columbia, nos EUA, analisou o comportamento de juízes que deveriam decidir sobre a liberdade condicional de presos (um processo rápido, que leva 6 minutos). 


Em média, somente 35% dos condenados ganhavam a condicional. Mas os cientistas perceberam que os juízes eram muito mais benevolentes depois de comer. Quando eles tinham acabado de fazer uma refeição, a taxa de aprovação subia para 65%. Com o passar do tempo, a fome vinha chegando, e a concessão de liberdade condicional ia caindo. Minutos antes do próximo lanche, o índice de aprovação era quase zero.

Decidir sobre liberdade condicional e julgar a própria felicidade são tarefas complexas. Para avaliar todas as variáveis envolvidas, muitas delas subjetivas, o cérebro tenderia a ficar sobrecarregado. Por isso, ele usa atalhos. "Os nossos problemas são resolvidos no piloto automático, através de soluções que a cultura já embutiu no nosso cérebro", diz Haase.

Estudos têm revelado outra distorção: toda pessoa sempre tende ao otimismo, mesmo quando não há motivos para isso. A pesquisadora Tali Sharot, da University College London, gravou a atividade cerebral de voluntários enquanto eles imaginavam situações banais - como tirar uma carteira de identidade. Ela também pediu que os voluntários pensassem em coisas do passado. Os testes mostraram que as mesmas estruturas cerebrais são ativadas para recordar o passado e imaginar o futuro. Só que, ao imaginar o futuro, os voluntários criavam cenários magníficos - era o cérebro tentando colorir os eventos sem graça. "Cerca de 80% das pessoas têm tendência ao otimismo, algumas mais do que outras", diz ela. Para Tali, autora do livro Optimism Bias (O Viés do Otimismo, ainda sem versão em português), o otimismo é sempre mais comum que o pessimismo - seja qual for a faixa etária ou o grupo socioeconômico da pessoa. Assim, nunca acreditamos que algo vá dar errado - mesmo quando o mais racional seria pensar que sim. "As taxas de divórcio, por exemplo, chegam a 40%, 50%. Mas as pessoas que estão para casar sempre estimam suas chances de separação em o%", exemplifica Tali. Segundo ela, a inclinação natural ao otimismo também é um dos fatores que levaram à crise econômica global de 2008. "As pessoas achavam que o mercado continuaria subindo cada vez mais e ignoraram as evidências contrárias", afirma.

Ele está no controle


As manipulações criadas pelo cérebro afetam até a capacidade mais essencial do ser humano: tomar as próprias decisões. Quando você decide alguma coisa, na verdade o cérebro já decidiu - com uma antecedência que pode chegar a 10 segundos. Uma experiência feita no Centro Bernstein de Neurociência Computacional, em Berlim, comprovou que as nossas escolhas são resolvidas pelo cérebro antes mesmo de chegarem à consciência. Voluntários foram colocados em frente a uma tela na qual era exibida uma sequência aleatória de letras. O voluntário tinha que escolher uma das letras e apertar um botão sempre que ela aparecesse. Os cientistas monitoraram o cérebro dos participantes durante o experimento. E chegaram a uma descoberta impressionante: 10 segundos antes de os voluntários escolherem uma letra, sinais elétricos correspondentes a essa decisão já apareciam nos córtices frontopolar e medial, as regiões do cérebro ligadas à tomada de decisões. Cinco segundos antes de o voluntário apertar o botão, o cérebro ativava os córtices motores, que controlam os movimentos do corpo. Isso significa que, 10 segundos antes de você fazer conscientemente uma escolha, o seu cérebro já tomou a decisão para você - e até já começou a mexer a sua mão.

"O indivíduo não é livre para escolher", afirma Renato Zamora Flores, professor de genética do comportamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O cérebro restringe previamente as suas possíveis opções e, pior ainda, escolhe uma delas antes mesmo que você se dê conta. É possível lutar contra isso. Lembra-se daquele outro tipo de pensamento, o lento-analítico? Basta colocá-lo em ação. E isso você consegue tendo calma, refletindo sobre as coisas e duvidando das suas escolhas e opiniões. Os truques do cérebro são poderosos, mas não invencíveis. Agora que você sabe como funcionam, está muito mais preparado para lidar com eles - e se tornar realmente livre para tomar as próprias decisões.







quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Quem é você?

Calma, calma. Não quero colocar você contra a parede. É um texto bem convincente. Ah, pensei que o autor era eu, quando se disse "polêmico".

Você sabe quem é você?

Marcelo Vitorino – Site Mais de 30
Poucas vezes na minha vida alguém tentou me intimidar dizendo algo “Você sabe com que está falando?”, mas em todas tive vontade de rir, pois, ao menos para mim, ficou claro que estava falando com alguém que não fazia a menor ideia de quem era.
Vou te fazer uma pergunta e quero que pense na resposta com muita sinceridade: você sabe quem é você?
Eu sei, a resposta óbvia tem a ver com o nome que te escolheram, com o cargo que ocupa transitoriamente, ou ainda algo que te vincula a alguém. Todas as respostas, apesar de corretas, não o levarão aonde quero chegar.
Minha pergunta se refere a você, não ao que fizeram de você. Entende a diferença?
Desde os seus primeiros passos o mundo passou a te transformar.
Foi assim que você aprendeu que não deve colocar os cotovelos em cima da mesa durante o jantar, que ter uma roupa bacana ou um celular do último modelo te farão parecer um vencedor, que você precisa de um emprego que garanta o teu sustento mesmo que não goste dele, que as pessoas têm inveja do seu sucesso e que para viver melhor você deve ter orgulho dos seus feitos, mas ostentá-los com prudência para não parecer arrogante.
Já pensou como você seria se não tivesse tido tanta influência do seu meio? Melhor ainda, já pensou em como você, por necessidade, medo ou falta de bom senso pareceu idiota, agindo como um idiota, em diversas situações? Acredite em mim, não foram poucas ocasiões.
Se eu ficasse devendo um real para cada vez que me portei mal, com certeza, estaria mais endividado que a Argentina nesse momento.
Nem chamando a ajuda de um matemático experiente conseguiria contabilizar a quantidade de vezes que agi como um idiota. Me impus muito mais do que o necessário em muitas ocasiões, ora por necessidade, ora por medo e também, mais recentemente, por costume.
A vida é dura?
A justificativa para minhas atitudes era muito simples: a vida é dura.Se eu desse mole, seria passado para trás.
Não posso dizer que a vida me deu moleza, mas mesmo nas vezes em que achei estar comendo o pão que o diabo amassou, ao me distanciar um pouco das questões percebi que ao menos havia manteiga nele!
Com o tempo notei que quase todo mundo com que eu lidava passava por algum tipo de problema ou desafio no mesmo momento que eu. Confesso que me senti mais confortável ao ver que o universo não tinha feito um plano específico para me testar.
A vida foi seguindo até que um dia comecei a reparar na maneira em que cada pessoa lidava comigo. Ficou evidente que havia uma divisão bastante situada em extremos: eu era visto como polêmico. Quem me conhecia mais nutria admiração, quem me conhecia menos nutria aversão.
Claro que poderia continuar no mesmo caminho, minhas perdas e ganhos estavam equilibradas, mas o problema é que senti que essa percepção era a ponta de um icebergue.
Comecei o questionamento sobre as origens dessa “imagem”, fiz um caminho mental elencando as situações que marcaram minha vida e a forma com que elas me mudaram. Cheguei em uma conclusão bastante indigesta: eu vendi um “eu” diferente de mim. De tanto vender, me acostumei e passei a comprar!
Se soltar da armadura criada pelas porradas que a vida dá parece ser uma coisa fácil, mas não é. Quando menos espera você age como um viciado e tem momentos de idiotice. É confortável agir usando uma proteção, dentro da zona de conforto.
Retornar à sua essência lhe dará a sensação de fragilidade, de exposição, contudo, as consequências dessa mudança de atitude tendem a ser muito positivas. A vida ficará mais leve, mas fácil.
Se você entender que muita gente deixou de ser quem era para vender uma imagem, começará a entender que a maior parte dos conflitos interpessoais são desnecessários, são apenas pessoas que, assim como você, podem estar defendendo territórios imaginários e usando máscaras para tornar a vida mais segura.
Já que chegou até aqui, faça um exercício quando acabar de ler esse artigo: lembre-se da sua última discussão ou divergência, das suas atitudes e reflita se você não poderia ter agido melhor, menos desarmado, mais aberto ao que o outro tem a dizer.
Pouco importa se você é Fulano de Tal Oliveira Neto, está presidente da república ou é cunhado do Papa, se não sabe quem é de verdade, você não é alguém, é uma sombra ou um reflexo naqueles espelhos de parques de diversão.

sábado, 16 de agosto de 2014

Como ajudar o filho a ser emocionalmente estável

Já dei muito curso de Inteligência Emocional. É interessante ressaltar que para ser emocionalmente educado ou inteligente é necessária a educação. Repisar conceitos. Repetir ações. Pais e mães podem e dever ser elementos positivos e afirmativos neste assunto. Vamos ao texto de hoje.
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Pessoas instáveis são mais emotivas, temperamentais, reativas e ansiosas. Nas crianças, essa instabilidade se expressa na forma de birras constantes, picos de raiva e a incapacidade de se autorrecuperar diante de uma frustração comum do dia a dia, como perder um passeio na escola porque ficou resfriada ou uma nota baixa na prova. Já a estabilidade emocional expressa-se em forma de atenção focada na sala de aula, calma ao realizar provas e cordialidade com os colegas.

Na escola, os ganhos são muitos, pois quem é estável aprende mais, raciocina com mais frieza e convive melhor com os colegas e os professores, além de perseverar nos estudos. Por isso, é importante e deve-se trabalhar essa habilidade socioemocional desde pequeno!

O Educar para Crescer separou algumas dicas de como ajudar o seu filho a ser emocionalmente estável:

- Não poupe-o das frustrações naturais da vida, como quando ele não consegue algo que quer.
- Faça combinados, para que ele saiba se programar e não fique ansioso.
- Conte histórias e incentive o seu filho a ler: ao se identificar com as personagens, ele aprende a lidar com as dificuldades da vida e trabalhar suas angústias por meio da ficção.
- Mostre que o seu filho tem direitos e deveres, para que saiba reagir bem mesmo às coisas chatas que aparecerem em seu dia a dia.
- Não reprima as emoções de seu filho (veja mais abaixo).
- Dê o exemplo: não demonstre descontrole diante de problemas e encare-os com tranquilidade.

E quando há perdas na família?

O luto, as perdas e as frustrações de modo geral fazem parte da vida, e as crianças têm de ser incluídas nesse mundo, desde que de maneira sensível. "Pensamos que as crianças são muito mais frágeis do que são", pondera a psicopedagoga Paula Furtado. "O pai (ou educador) deve ter o bom-senso para distinguir a frustração que fortalece da que desgasta. Isso é percebido pela resposta da criança: se o seu rendimento escolar cai, ou ela se isola, pode ser que o fardo esteja pesado", complementa. No caso da perda de um parente, por exemplo, pode-se comunicar para a criança calmamente, transmitindo-lhe esperança. Desde que ela sinta que os pais garantem o bom funcionamento da rotina e lhe passam a segurança de que estarão ali para ampará-la, não é preciso ter tanto receio de decepcioná-la.

Estabilidade não é repressão.

Ter estabilidade emocional não significa manter sob controle todas as emoções o tempo todo, muito menos escondê-las. É naturalíssimo que expressemos as mais diversas posturas, e as crianças também têm esse total direito. Além disso, elas possuem características próprias da idade. "Por exemplo, às vezes os adultos querem que as crianças fiquem sempre quietinhas. Mas elas têm uma natureza mais agitada", lembra Ana Cássia Maturano. São apenas os exageros (de raiva, decepção, euforia etc.) que são prejudiciais.

Direitos e Deveres 

Reagir mal a qualquer coisinha que contrarie o seu desejo é traço das crianças e dos adolescentes instáveis. Mas quem serão os responsáveis por essa difícil característica? Como diria uma canção do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005): sim, são vocês, os pais! Mostrar desde sempre que, na vida, é preciso fazer escolhas e com frequência abrir mão do que gostamos - seja em prol de outra pessoa ou por falta de oportunidade, saúde, dinheiro e até de lei que o permita - é responsabilidade dos cuidadores. Se a criança ou o adolescente só forem confrontados com coisas "chatas" de vez em nunca, certamente reagirão com muita instabilidade. A parte "chata" da vida - arrumar o quarto, fazer a lição de casa em horário apropriado, comer verduras, chegar pontualmente aos compromissos - tem de ser inserida no dia a dia como algo natural, que não tem por que causar sobressaltos. "Os pais não podem faltar ao trabalho para ir a uma festa, certo? Pois os filhos também não podem deixar de estudar para ir passear. Deixando claro esse tipo de limite em sua própria vida, os pais transmitem a noção de direitos e deveres", aponta Paula Furtado.

Regra é regra.

Um mundo sem regras pode até parecer divertido na teoria, mas, na realidade, seria bem angustiante. Os famosos "combinados" - regras combinadas coletivamente entre pais e filhos ou professores e alunos - são uma ajuda e tanto para a manutenção da estabilidade emocional. "Assim as crianças já sabem o que podem ou não fazer e não têm de pensar nisso a toda hora", diz Paula Furtado.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Fome, beleza, obesidade na mulher.

Uma amiga e leitora do blog postou este texto no facebook. Faz uma relação entre perda de peso, dieta e preocupação com o engordar entre as mulheres e a submissão delas à ditadura do conceito de beleza. Creio ser pertinente a sua leitura.

Mulheres famintas
Fome, beleza e obediência feminina
Por Lélia Almeida
“Uma cultura focada na magreza feminina não revela uma obsessão com a beleza feminina. É uma obsessão sobre a obediência feminina. Fazer dietas é o sedativo político mais potente na história das mulheres; uma população passivamente insana pode ser controlada”. Naomi Wolf.
Fui à casa de uma amiga no fim de semana e a filha dela de oito anos me perguntou se eu podia abrir o Tarot para ela, eu expliquei que não se abre o Tarot paras as crianças e perguntei o que ela queria saber. Ela disse “pergunta se eu vou conseguir emagrecer um dia”. Vou na Secretaria de Direitos Humanos para uma reunião com a secretária e duas coordenadoras de área e durante meia hora o assunto é a dieta Dukan, quando fico sabendo a quantidade de proteína que cada uma delas ingere por dia e quantos quilos perderam nos últimos meses. Estão todas realizadas com a dieta, mas principalmente com a capacidade de auto controle.
Minha vizinha diz, alternadamente, cada vez que vê a presidenta na televisão, “a Dilma está uma vaca de gorda”, ou “ela emagreceu”. Muitas mulheres que conheço se queixam de que os homens não as olham e que elas estão invisíveis. E quase todas, quando se encontram, antes de perguntar como estão, dizem frases do tipo, “nossa, como você emagreceu! Como você está bem”. O olhar das mulheres para o mundo e para si próprias, constantemente, é um olhar de quem está tomando medidas.
A mãe de uma amiga minha, uma senhora de 78 anos, me disse outro dia, “perdi 7 kgs nos últimos seis meses e sem fazer dieta!”. E foi ali, pela primeira vez, que fiquei atenta para o fenômeno, tentando decifrar o que significava aquele sorriso feliz e realizado. O olhar dela era o de alguém que havia sido ungida por uma espécie de bênção divina, e era também o de uma menina bem comportada ou o de uma boa moça que havia feito bem o dever de casa. Foi então que vi o que sempre esteve diante dos meus olhos, mas que só agora pude nomear e entender: o fenômeno de como as mulheres lidam com a comida e com suas medidas e que podemos chamar, simplesmente, de loucura da braba, como se diz na minha terra.
A filha da minha amiga, a menina de oito anos, sempre foi muito fotografada pela mãe quando era pequena. A mãe é uma excelente fotógrafa e as fotos mostravam a cumplicidade das duas nos rituais das poses, das caras e bocas, ao longo da vida. Ela se sentia segura sob as lentes maternas. Neste verão ela e mãe foram de férias para Salvador e quando pedi para ver as fotos, vi uma menina tímida e retraída, e a cada foto que ela me mostrava dizia, “nesta eu não estou muito bem, estou muito gorda”. Aos oito anos ela já foi acometida pela loucura da braba e está doente. A espontaneidade que ela tinha fazendo poses, caras e bocas ao ser fotografada pela mãe foi completamente comprometida na medida em que ela foi crescendo e compreendendo o triste legado que ensinamos às nossas meninas e que afirma que os nossos corpos não valem nada.
Para as terapeutas americanas Rosalyn Meadow e Lillie Weiss, que escreveram Las chicas buenas no toman postre, a associação da comida com a sexualidade é fundamental na vida das mulheres, não apenas na vida daquelas que são mães, mas na de todas as mulheres.
Para elas os distúrbios alimentares são sintomas de um fenômeno simples: a comida é para as mulheres hoje, o que foi a sexualidade em tempos passados. Ou, por outra, o dilema da comida para as mulheres hoje, é o que foi o dilema da sexualidade para as mulheres em tempos passados. Se antes o controle sobre o corpo feminino exercido pelas normas e regras da sociedade patriarcal dava-se em relação à sexualidade da mulher, agora o mesmo controle sobre o corpo feminino se dá através da comida. Para elas, a antiga equação “dar ou não dar para o namorado”, equivale à equação “comer ou não comer” dos dias atuais. As mesmas fobias relativas às dificuldades de gozar, às dores da penetração, à frigidez, aos medos de engravidar, à vergonha de deixar-se tocar por um parceiro ou de ficarem nuas na frente dos outros são as mesmas fobias que tomam conta da vida das mulheres de forma desesperadora nos dias de hoje. Só que agora a antiga ansiedade se revela através de um verdadeiro terror das mulheres em relação ao seu peso e suas medidas.
As autoras fazem um quadro comparativo entre as medidas e remédios para os pecados da masturbação de outros tempos e o das restrições atuais para o sobrepeso, listando as medidas contra o auto abuso do sexo (cauterização, clitoridectomia, infibulação, aspiração cirúrgica do líquido sexual, cintos de castidade, duchas quentes e frias, camisa de força, medicação, exercício extremo e dieta) em correspondência direta às medidas contra o auto abuso da comida da atualidade (grampeamento do estômago, cirurgia de by-pass, plástica abdominal, lipoaspiração, aprisionamento das mandíbulas, banhos de vapor e água fria, faixas para suar, medicação, exercício extremo e dieta).
A insatisfação das mulheres com suas medidas e com sua imagem é permanente, e um profundo sentimento de inadequação se estabelece em suas vidas fazendo com que se sintam sempre impossibilitadas de sentir-se bem com seus corpos e imaginando que jamais corresponderão a um ideal de beleza que não tem nada a ver com elas. Um tempo e uma energia sem fim são desperdiçados dedicados às dietas, medidas, roupas, dietética e cosmética.
E estas mulheres que não comem, comem o que? Comem a fome. A fome dos seus desejos mais secretos, das suas necessidades afetivas mais básicas, dos seus sonhos mais recônditos. Uma fome impossível de ser saciada e que cria mais fome. As que comem demais e as quem comem de menos negam a fome das suas emoções. As mulheres estão famintas, longe de seus corpos e suas vontades, exiladas de seus corpos, os únicos capazes de propiciar alegria e prazer. Porque as mulheres que nutrem o mundo de diversas maneiras, afetivas, reais ou simbólicas, com suas comidas e afetos, e sua capacidade para a dança, e riso e a farra com seus homens, seus filhos e suas amigas, estão tristes, não se reconhecem mais nos seus corpos e na espontaneidade de seus movimentos. As mulheres desses tempos têm uma imensa fome de si mesmas. Têm fome de tudo aquilo que elas querem poder ser, sentir e realizar.
E mesmo podendo dominar sofisticadas tecnologias e ocupar cargos de poder nunca imaginados por suas mães ou avós, elas continuam presas às medidas de um espartilho mental que negligencia e desqualifica sua auto imagem criando sentimentos de inadequação que as tornam inseguras e infelizes.
Marcela Lagarde em muitos dos seus textos diz que as mulheres de hoje se comportam como criaturas medievais desejosas unicamente de um amor romântico impossível de ser realizado e sem nenhuma reflexão crítica sobre seu amor próprio. E que isto as debilita e enfraquece, já que ninguém com estes sentimentos desenvolve suas potencialidades.

A pergunta permanece, se desdobra: com ensinamentos deste tipo, o que estamos ensinando às nossas meninas? Quem cuida, afinal, das nossas meninas?

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Ações Estimulantes para sua Vida.

Recebi este texto da Unimed  e gostei muito. Resolvi passar para meus amigos, próximo do Dia dos Pais. Quanto ao primeiro item (desafiar a mente), escreva um livro. É muito estimulante escrever. Prazeroso publicar. Desafiador vender. E a grande alegria é você conhecer novos leitores ou reencontrar os antigos. Maravilha.
Quanto a sair da zona de conforto: reforme sua casa. Você não terá sossego por um bom número de meses.
hahahaha.

 Agosto 2014 - Diariamente somos bombardeados com preocupações, informações e exigências – o que facilita para dispersar a atenção e a concentração. Manter a capacidade de guardar, adquirir ou recuperar informações é também uma questão de estímulo. Não há uma receita mágica para manter a memória “afiada”, porém é possível exercitar o cérebro diariamente para melhorar a forma de filtrar e reter o que realmente tem importância. Abaixo você confere cinco dicas que podem facilmente integrar o seu dia a dia e auxiliar no desafio de exercitar a memória.




terça-feira, 5 de agosto de 2014

Nada de Brainstorming, mas...

Eu até gostava da ideia do brainstorming -  também chamado popularmente de "toró de ideias" -, mas há gente hoje que é contra este comportamento. E dá suas razões para isto. Leiam este artigo e repensem: ele está certo? A nova ideia é melhor? E que ideia é esta? Ou teria um brainstorming ideal?

Ao longo do tempo, o brainstorming se tornou o Messias da ideas inovadoras. Precisa de uma “ideia diferente” para uma campanha? Brainstorming! De um nome para um produto novo? Brainstorming? O mês está acabando e as metas estão longes de serem atingidas? Brainstorming! Sugestão de nomes para a filha do chefe? Brainstorming! O problema com o brain está nas expectativas que se têm, ele não é para grandes ideias, mas para qualquer ideia.
Todo mundo já esteve em uma reunião em que se sentiu acanhado e diminuído diante dos outros, talvez por ser novo no grupo, se sentir intimidado pelos superiores ou simplesmente porque os outros falam mais e melhor que você. Quantas reuniões já vi terminarem com as melhores ideias derrotadas porque o seu criador não foi valente o suficiente para defendê-las. Brainstorming se tornou um termo vulgar para qualquer reunião cujo objetivo é ter ideias. O grande problema do brainstorming é, na opinião da professora da Kellogg Leigh Thompson argumenta que o grande problema do brainstorming é que enquanto os colegas estão falando você não está pensando nas suas próprias ideias, mas se apropriando das deles. Inconscientemente, as “melhores ideias” já estão sendo escolhidas e você nem teve chance.
A chamada ancoragem, termo popular entre os estudos de comportamento do consumidor, está presente também no brainstorming. Ela faz com que as pessoas se concentrem em um ponto, dando maior importância a ele, e afetando tudo que vem depois. Em outras palavras, se o seu chefe dá uma ideia, todo mundo trará ideias mais ou menos parecidas com a dele e adeus originalidade. Além disso, acontece também o que a psicologia conhece por pressão de conformidade que explica a tendência que as pessoas têm de concordar com as outras para parecerem mais inteligentes e competentes.
“Como o brainstorm favorece as ideias inicias, ele acaba gerando as ideias menos criativas.”
A solução está em um outro termo em inglês, cunhada por outro professor, Paul Paulus — brainwriting. O objetivo principal é separar o momento de ter ideias do momento de discutir ideias. Nesse método, escreva primeiro, fale depois. O princípio por trás do brainstorming de que se deve jogar ideias sem julgá-las simplesmente não acontece no mundo real, as pessoas já estão influenciadas antes mesmo da pessoa abrir a boca (“esse cara só fala besteira”, “essa menina nem formada é, o que ela sabe?” e por aí vai). Além disso, acho legal as ideias passarem por um leve filtro antes de ser apresentada. Falar o que vem à mente nunca é inteligente.
Com base na minha experiência e nas ideias dos professores citados, criei um passo a passo para o brainstorming ideal:
1) Chame a equipe para o brainstorming (procure convidar alguém de outro departamento também) com um dia de antecedência e avise para virem com algumas ideias;
2) Já reunidos, faça uma introdução e dê tempo para mais ideias surgirem. Todas devem ser escritas;
3) Realize uma votação de todas as ideias dadas, sem nomes e sem pré-conceitos. (Dica: Use a ferramentaCandor)
Os estudos da Leigh Thompson mostrou que dessa maneira, grupos obtiveram 20% mais ideias e 42% mais ideias originais do que o método tradicional de brainstorming pense e fale. No seu livro “Creativity Conspiracy”, ela fala que se surpreendeu por não achar uma única pesquisa em que o velho brainstorming se saísse mais eficiente que o brainwriting.
Boas ideias precisam de tempo e um pouco de introspecção para nascerem, depois disso é preciso protegê-las das terríveis influências e pré-julgamentos dos seres-humanos. O brainwriting é uma maneira de se fazer isso, mas claro, não é a única. Experimente. Se você faz tudo sempre igual, para que perder tempo fazendo um brainstorming mesmo?

Baseado no artigo: “Brainstorming Doesn’t Work”

sábado, 2 de agosto de 2014

Falta de desejo sexual.

Pensei em colocar no blog este texto. Depois da postagem de traição, parecia que ia ser bater na mesma, mas achei o assunto delicado, atual e muito importante. E deste jeito vamos lá.
Várias conjecturas já foram feitas para tentar explicar o baixo desejo sexual. Algumas delas, na esfera social, levantam discussões sobre a superpopulação mundial, em que a forma da natureza diminuir e controlar a natalidade (número de nascimentos) seria suprimir o interesse sexual.

Conjecturas do ponto de vista orgânico procuram responsabilizar o balanço alterado de algumas substâncias cerebrais pela diminuição da motivação sexual, ou mesmo, culpar algum defeito físico ou alguma doença pelo desinteresse. Já a perspectiva psíquica aborda traumas e inibições sofridas, muitas vezes, em tenra idade.

A questão é que hoje, na atual forma da medicina ver os transtornos e as doenças em geral, o que determina os nossos males é uma rede intrincada de fatores. Na grande maioria das vezes, estes fatores agem conjuntamente, reforçando-se mutuamente.

Dessa forma, ao se falar em Transtornos do Desejo Sexual, estamos discutindo uma série de causas diferentes, mas com uma forma de apresentação clínica que pode variar apenas entre dois quadros distintos: O Desejo Sexual Hipoativo e a Aversão Sexual.

Aversão sexual
A aversão sexual ou evitação fóbica nada mais é do que o sofrimento causado pela premente necessidade de evitação de oportunidades e de encontros sexuais com parceiros, devido a sensações de desagrado, de medo, de "nojo", de repulsa e de perigo iminente.

Por vezes, a razão da repulsa são as secreções genitais; em outros casos, o simples pensar em sexo, o toque ou o beijo já é evitado com angústia. Também podem aparecer sinais de pânico, como náuseas, suor excessivo e falta de ar quando a pessoa tenta enfrentar esse medo, aproximando-se de seu parceiro.

Desejo sexual hipoativo
O desejo sexual hipoativo é a diminuição ou ausência total de fantasias e de desejo de ter atividade sexual. Simplesmente, a pessoa sente que tanto faz ter sexo ou não, pois não faz falta para si. Há um grande sofrimento por sentir essa desmotivação e pelos problemas que causa a um casal.

O que causa o baixo desejo sexual
Sempre devemos observar se há alguma causa orgânica determinando a baixa do desejo ou a aversão, como, por exemplo, os desequilíbrios hormonais, os nódulos, infecções nos genitais ou o uso de algumas medicações que têm, como efeito colateral, a diminuição do apetite sexual. Algumas doenças psiquiátricas, como a depressão, podem também suprimir a motivação por sexo. 

As causas psicológicas mais profundas são:  

*Situações traumáticas de abuso sexual,
*Mensagens anti-sexuais durante a infância,
*Comportamento sedutor por parte dos pais,
*Dificuldade em unir amor com sexo na mesma pessoa (esposa X prostituta),
*Culpas,
*Raivas entre o casal,
*Competição temida com o pai ou mãe, entre outros.

Existe cura para os transtornos do desejo sexual?
Os problemas de desejo são bastante desgastantes, pois acabam afetando toda a motivação de vida de uma pessoa e também de seu cônjuge ou parceiro. Entretanto, existe tratamento.

É recomendável procurar um psiquiatra especializado em sexualidade humana para fazer uma avaliação. Em primeiro lugar, será necessário examinar se seu problema não é orgânico.

Depois, uma revisão será feita para ver se existe alguma medicação que possa ser usada para aliviar os sintomas, visto que, em alguns casos de aversão, por exemplo, certas medicações podem ajudar muito. 

Geralmente, alguma forma de psicoterapia é indicada. Pode ser: 

*Cognitivo-Comportamental (tarefas),
*Nova Terapia Sexual (combina tarefas com terapia focal)
*Psicoterapia de Orientação Analítica (mais utilizada para elaboração de traumas mais profundos).

A terapia pode ser tanto individual quanto de casal.