Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes
Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Você quer se sobressair ou ser mediano?

Uma ex-colega de trabalho me enviou o nome de um site muito interessante, que traz matérias curiosas e intrigantes.

Chris Guillebeau é um cara que sabe viver. Visitou mais de uma centena de países e escreveu um texto polêmico, provocativo, divertido e que nos faz refletir. Simplifiquei e traduzi para os leitores do blog.

 Traz um desafio: o que queremos ser: medianos, medíocres ou sobressair na multidão? Claro que nem todos precisam concordar com que o autor fala.


 

Como se tornar alguém incrivelmente mediano. 11 Dicas.

Chris Guillebeau é um cara que sabe viver. Visitou mais de uma centena de países e escreveu um texto polêmico, provocativo, divertido e que nos faz refletir. Simplifiquei e traduzi para os leitores do blog.

 “Muitas pessoas pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”, disse Tolstói uma vez.

Você está cansado de tentar ser fora de série? Odeia ser “aparecidinho” e se sobressair no meio da multidão? Bem , vamos a algumas dicas para você seguir e não alcançar as estrelas mas ficar confinado no seu mundinho mediano.

Se você lê “Você S.A.” ou Seleções de Reader´s Digest, você já está em bom caminho, mas elas não dão dicas de como não se tornar acima da média. Então, vamos lá. Caso você queira ser uma pessoa comum:

Aceite tudo o que os outros dizem como verdade verdadeira, absoluta. Não discute nem argumente. Engula e pronto.

Não questione as autoridades. Os que protestaram nas ruas no Brasil recentemente estão questionando. Mas o mestre falou, está falado. O pastor, o padre, o papa, o rabino, todos eles falaram, nós abaixamos a orelha.

Faça faculdade, porque todo mundo faz. E não para aprender algo importante para sua vida. Mesmo que seja faculdade particular e você nunca vai trabalhar naquela área.

Fique sentado em sua mesa de trabalho por dez horas por dia e 6 dias por semana. Um estagiário na Inglaterra morreu depois de 3 dias de trabalho ininterruptos. Ou: “Se você trabalhar esperançosamente, 8 horas por dia, quem sabe não vire patrão e trabalhe doze todo dia” escreveu uma vez o premiado poeta Robert Frost.

Viaje para o exterior uma vez na vida, mas prefira Paris, Madri, Londres, e não países estranhos, de língua esquisita e de hábitos mais esquisitos ainda. E de cultura beeeem diferente da sua.

Faça um financiamento de casa própria para pagar em 40 anos e com juros altíssimos.

Não aprenda uma língua estrangeira. Afinal eles têm que entendê-lo do jeito que você é.

Pense em escrever um  livro. Mas só pense. Nunca o faça.

Pense em abrir um negócio. Mas só pense, também. Não abra de jeito nenhum.

Procure não se sobressair na multidão. E jamais chame a atenção sobre você. Fique no seu canto.

 Não se arrisque. Faça só coisas que você consegue.

Mas... 

Não se preocupe, seja feliz

É arriscado ser diferente. Ideias não convencionais assustam. Experimente dizer para sua mãe que irá deixar seu ótimo emprego em uma grande empresa, ou fechará seu consultório ou empresa bem sucedida para fazer outra coisa. Ser bailarino. Prepare os ouvidos…
O mundo é mediano, os diretores da maioria das empresas são medianos e políticos só são espertos o suficiente para tirar proveito disso. Você quer ser feliz? Então siga esses conselhos, de verdade. Evite frustrações, grandes desafios, medo de se arriscar e do novo. Você terá a companhia de bilhões de outras pessoas que levam uma vida incrivelmente mediana.

Ou Pare e olhe o que você está fazendo com a sua vida, ainda dá tempo de ser alguém extraordinário e levar a vida que você sempre quis.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

52 motivos para você ler

Livro, revista, jornal, blog, principalmente este, propaganda, tirinha, gibi (já fui ameaçado com o inferno quando criança se continuasse a ler), bula de remédio (não aconselhável, se não você não toma o remédio), capa de revista, enciclopédia, Wikipedia e agora a minha nova página no facebook: contos encontros reencontros)… seja o que for que você goste de ler, leia. Os benefícios da leitura são tantos que é quase imprudente listar apenas 52. De forma bem prática,estão  listados motivos que deveria fazer você e eu ler mais, só temos a ganhar.


1. Amplia o vocabulário.
2. Melhora o raciocínio.
3. Ajuda a escrever melhor, muito melhor.
4. Dá uma ajudinha na memória.
5. Melhora a comunicação verbal.
6. Torna você mais interessante.
7. Facilita a organização de ideias na mente.
8. Descobre coisas que você nem fazia ideia que existia.
9. Dominar um assunto.
10. Livros são os melhores professores que você pode ter.
11. Aumenta a capacidade de imaginação.
12. Aumenta a auto-confiança.
13. É ótimo para o marketing pessoal.
14. Trabalha a auto-disciplina.
15. Deixa você atualizado.
16. Fornece assunto para conversas, melhorando a sociabilidade.
17. Estimula a criatividade.
18. Melhora a capacidade analítica.
19. Cada leitura é diferente da outra.
20. Leva você para qualquer lugar do mundo.
21. Ajuda a deixar o cérebro 
saudável.
22. É prazeroso. (Quando você lê algo que gosta.)
23. Tem sobre qualquer assunto do mundo.
24. Facilita o aprendizado de uma forma geral, a leitura 
altera o cérebro.
25. É um hábito saudável.
26. Motiva você a agir.
27. Aumenta a capacidade de concentração.
28. Os benefícios da leitura duram para sempre.
29. Boa comunicação é vital em qualquer área profissional, ler trabalha todos os aspectos.
30. Tira você da zona de conforto.
31. Permite que você transmita conhecimento aos outros.
32. Pode gerar mais conhecimento do que uma pós-graduação ou MBA.
33. E custa muito menos.
34. Torna você mais aberto a outras ideias, culturas e crenças.
35. É mais eficiente do que assistir ou ouvir algo. (Como uma palestra ou filme.)
36. Deixa cérebro afiado, a leitura é uma das atividades que exige maior quantidade de conexões cerebrais.
37. Faz você refletir.
38. Fornece embasamento para defender e sustentar ideias.
39. É uma ótima maneira de aprimorar outro idioma.
40. Turbina a capacidade de argumentar.
41. Quem lê sai 
melhor em testes.
42. O livro é sempre melhor que o filme.
43. É gostoso dizer no meio de uma conversa: “eu já li esse livro.”
44. 
Faz você se colocar no lugar dos outros. (Empatia)
45. Custa menos de um cafezinho por dia.
46. O brasileiro já lê pouco, mostre que o brasileiro também tem conteúdo.
47. Ajuda passar o tempo: é melhor ler do que ficar olhando para o teto.
48. É um bom exemplo para as pessoas a sua volta.
49. Você sempre tem algo a acrescentar.
50. 
Alivia o estresse.
51. Ajuda a 
evitar o Alzheimer.
52. A leitura muda as pessoas.

sábado, 24 de agosto de 2013

Agosto, mês de desgosto e de olho gordo?

Em Novembro do ano passado, publiquei um texto científico sobre olho gordo. Hoje faço um complemento com ideias de alguém que acredita em mau olhado e dá dicas de como se livrar do peso dele. Como Agosto é considerado mês de desgosto, acho o tema pertinente.

Nunca fui supersticioso, tanto que passo debaixo de escada, viajo na sexta feira 13 e não me preocupo com a cor do gato que passa na minha frente. Agora, quanto a olho gordo, tenho cá minhas dúvidas. Desde os primeiros tempos do homo sapiens, os olhos eram “vistos” como expressão da alma e até considerados sagrados. Claro que os olhos têm um potencial enorme para enfatizar o que é dito. Não falamos de olhar penetrante? Soturno?

Pois é, grande parte de nossa energia mental – pensamentos e sentimentos – podem ser emitidos pelos olhos. Além do batido “espelho da alma”, os olhos são grandes emissores de energia e magnetismo. Assim sendo, pessoas boas podem emitir bons fluidos e energia positiva; pessoas más, maus fluidos e energia negativa. Resultado destes últimos: plantas mortas, passarinhos entristecidos, bolos murchos, crianças com quebranto (conheci recentemente uma senhora que cura quebranto), estragando objetos (isto vem colaborar uma idéia que tenho de que os objetos têm alma – ô, Etelvaldo, o meu estilo está parecendo o seu) e provocando doenças e separações (juro que quando F.  se separou recentemente do marido lindo e rico só pode ter sido mau olhado: ela sempre postava a felicidade dos dois no Facebook).

É superstição? Muitos acreditam. Até Lao Tsé – fundador do Taoismo, 2473 anos antes do nosso tempo atual – devemos parar de usar antes de Cristo e depois de Cristo – e Confúcio, 2713 anos atrás – ambos chineses -, já  tratavam deste assunto.

Olho gordo na verdade é uma canalização, através dos olhos, de uma energia interna, provocada por inveja, desejo de possuir o que o outro tem, como se quisesse roubar algo do outro. São pessoas que estão permanentemente descontentes, inferiorizadas e que não se sentem capazes de obter as boas coisas que os outros têm. Como vampiros de energia, querem tirar nosso sangue. Adoram ficar por perto e assim que sabem de algum acontecimento – bom ou mau – se tornam solícitos e companheiros.

Dicas para se livrar do olho gordo:

- Usar amuleto. Qualquer um.  Segundo especialistas, ele serve como para raio. Ele receberia as energias negativa enviadas para você. Veja só o meu caso: perdi o emprego, separei, tive de mudar de casa, fui operado, foi criada a poupança da Dilma. Aí viajei para a Turquia e comecei a usar o “olho turco”, um amuleto vendido no país. Resultado: a  poupança da Dilma melhorou, arrumei um amor, ganhei um bom dinheiro, comprei um belo apartamento, viajei para Leste Europeu, publiquei um livro,criei um blog, estou parecendo mais jovem  e ganhei um neto.

- Pressentir as atenções e interesses negativos dos outros. Pare de se comportar com ingenuidade. Não se abra igual a “mala velha”. Seja discreto. Um colega de trabalho me admoestou: procure não ser um mosquito branco. Não queria aparecer mais do que porta bandeira em escola de samba.

- Envie energia positiva para o possível invejoso.

- Pense positivamente a seu respeito. Que você merece o que está acontecendo de bom com você. Este novo amor que apareceu na sua vida. Este carro novo, etc, etc..

- Não tenha medo do invejoso. Se ele inveja você é porque é fraco, não tem o que você tem. Use o bom humor para enfrentar a rabugice dele.


Bem, leitores, essas idéias são de especialistas, tirando a brincadeira do amuleto. O que vocês acham de tudo isto?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Além do Masculino e do Feminino




Entre tantas sandices ou comentários amadurecidos sobre a tão decantada união homoafetiva uma me chamou atenção positivamente. A de uma ministra francesa: “Não estamos tirando direito de ninguém. Estamos dando direitos a quem não tem”.
Mas é claro que isto não basta. Ainda existe muita resistência ou até agressividade para com a expressão da sexualidade humana.
Dois fatos recentes ocorridos no Brasil também me levaram a escolher este texto para os meus leitores. Alguns rapazes dançaram em um avião "Robocop Gay" para o Deputado Feliciano. Dois jogadores deram um selinho no campo comemorando o gol.
O tempora o mores. Oh, tempos, oh, costumes. Ou como um ex-colega de seminário traduziu: É tempo de amoras.
O texto de hoje vai clarear algumas idéias. Reflitamos.

Regina Navarro Lins.*
Sharon Stone estava numa festa em Hollywood quando desapareceu acompanhada de uma atraente mulher. As duas só voltaram muito depois… a sobremesa já estava sendo servida. Mas ela também adora fazer sexo com homens. Sua secretária se encarregava de marcar os encontros amorosos. Essas indiscrições foram divulgadas pelo jornal Sunday Mirror e fazem parte da biografia não autorizada da atriz.
Outra estrela americana, Jodie Foster, teve seu desejo sexual por mulheres revelado num livro escrito por seu próprio irmão. Entrevistada pelos jornais declarou: “Tive uma ótima educação, que nunca me fez diferenciar homens e mulheres.” Esses são apenas alguns exemplos dos incontáveis casos de bissexualidade famosos.
Apesar de haver estudos mostrando que muitas pessoas já sentiram, de alguma forma, desejo por ambos os sexos, o resultado da pesquisa me surpreendeu. Das quase 18 mil que responderam à enquete da semana, a maioria transaria com alguém do mesmo sexo. É inegável a mudança das mentalidades.
Na Idade Média a atividade homossexual era considerada crime e nunca pôde ser exercida sem punição. Nos séculos 12 e 13, desenvolveu-se uma política rigorosa para lidar com a homossexualidade. O Concílio de Nablus em 1120 estabeleceu que o adulto sodomita do sexo masculino seria queimado pelas autoridades civis.
O rei Eduardo I da Inglaterra e o rei Luís IX da França também decretaram a morte pelo fogo para os homossexuais e Afonso X de Castela determinou que os homossexuais fossem castrados e pendurados pelas pernas até a morte. Assim, os homossexuais foram colocados no mesmo nível dos assassinos, hereges e traidores.
Antes da Revolução Francesa, a homossexualidade era vista como pecado, mas não havia clareza no conceito desse termo. No começo do século 19, o discurso sobre a homossexualidade oscila entre duas hipóteses: para os conservadores é preciso condenar; para os liberais é uma doença que se deve compreender e tratar.
No final do século, surgem novas concepções sobre a homossexualidade, que passa a caracterizar uma espécie em particular. O médico húngaro Benkert cria, em 1869, o termo “homossexualidade”. A palavra homossexual vem do grego homo e significa “o mesmo”, designando aqueles que sentem atração pelo mesmo sexo. A invenção de novas palavras como “homossexual” e “invertido”, altera a ideia que se tinha dessas pessoas, que passam a ser vistas como doentes.
O Relatório Kinsey publicado em 1948 contribuiu para a tese da bissexualidade humana. Nele é apresentado o continuum hetero-homossexual e a fluidez dos desejos sexuais. Numa escala de zero a seis, a tendência heterossexual e homossexual existiria na maioria das pessoas. A inclinação heterossexual exclusiva teria o grau zero, variando até a inclinação homossexual exclusiva no grau seis da escala.
Cada grau intermediário corresponde a uma proporção mais ou menos forte de inclinação homossexual ou heterossexual. Foram pesquisados por Kinsey e seus colaboradores 16 mil americanos e os resultados mostraram que, embora apenas 4% da população masculina fosse exclusivamente homossexual desde a puberdade, 37% dos homens e 19% das mulheres tiveram, entre a puberdade e a idade adulta, pelo menos uma experiência homossexual culminando em orgasmo. Pouco tempo depois, Masters e Johnson confirmaram em suas pesquisas as teses de Kinsey.
Embora a homossexualidade seja, até hoje, considerada por muitos heterossexuais como uma perversão, um comportamento antinatural e passível de condenação moral, a aversão que provoca não recebe mais apoio substancial dos médicos. Em 1973, a Associação Médica Americana retirou-o da categoria de doença e atualmente o próprio termo perversão desapareceu quase completamente da psiquiatria.
Nas últimas décadas, enquanto o movimento feminista reconsiderava as identidades e papéis sexuais, a homossexualidade era afetada por mudanças tão profundas quanto aquelas que influenciaram a conduta heterossexual. Mas apesar de toda a liberação dos costumes, os gays ainda são hostilizados pela maior parte da sociedade.
Nada melhor para ilustrar a homofobia e a hipocrisia da sociedade em que vivemos — na qual a maioria das pessoas defende os direitos humanos — do que a frase de Leonardo Matlovich, soldado da Força Aérea Americana condecorado por sua atuação na Guerra do Vietnã e expulso da corporação em 1975 por homossexualidade: “A Força Aérea me condecorou por matar dois homens no Vietnã e me expulsou por amar um.”
Marjorie Garber, professora da Universidade de Harvard, que elaborou um profundo estudo sobre a bissexualidade, compara a afirmação de que os seres humanos são heterossexuais ou homossexuais às crenças de antigamente, como: o mundo é plano, o sol gira ao redor da terra. Acreditando que a bissexualidade tem algo fundamental a nos ensinar sobre a natureza do erotismo humano, ela sugere que em vez de hétero, homo, auto, pan e bissexualidade, digamos simplesmente “sexualidade”.


*Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 11 livros sobre relacionamento amoroso e sexual. Atende em consultório particular há 39 anos, nasceu e vive no Rio de Janeiro.

domingo, 18 de agosto de 2013

Frases que você não deve dizer quando alguém termina um relacionamento amoroso.





Todos estão sujeitos a passar por isto: terminar um namoro, um casamento, uma relação amorosa. É como na morte de algum parente. Evite falar. Chegue só perto da pessoa. Diga que sente muito e que pode contar com você. Se falar mais, corre o risco de  falar besteira. Preste atenção no que você não deve dizer de jeito nenhum.

ALGUÉM MELHOR VAI APARECER" - Decepção amorosa não tem a ver com alguém ser melhor ou pior, mas, sim, com desencontro. Quem dá esse tipo de conselho provavelmente quer fazer você se sinta melhor, acreditando que viver a dor não seja bom. "É uma forma de evitar que o outro se entristeça demais, substituindo o luto por uma esperança", diz a psiquiatra e psicanalista Helena Masseo de Castro. Mas esse tipo de argumento pode ser recebido de uma forma distorcida. "A pessoa em uma situação de dor pode entender que a sua escolha não foi adequada e que todos enxergavam isso, menos ela. Com isso, ao invés de se deter em momentos que valeram a pena e seguir em frente, ela pode fixar sua tristeza em episódios pouco amistosos e buscar no próximo relacionamento um nível de perfeição exagerado", afirma a psicóloga Lizandra Arita. A pessoa precisa viver o luto pela perda que sofreu. "E para muita gente é difícil pensar em outra relação, pois ainda não finalizou aquela, emocionalmente falando", fala a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar Thinkstock

VOCÊ PRECISA SAIR E RECUPERAR O TEMPO PERDIDO" - Essa é outra frase, mesmo ouvida por alguém querido, pode magoar, pois também dá a impressão de que você viveu um relacionamento que não passou de perda de tempo. Mas o fato de um relacionamento ter chegado ao fim não significa que foi em vão, por isso, não se martirize. "Todo o relacionamento, por pior que seja, tem coisas boas... Pense que foi bom enquanto durou, porque na prática costuma ser assim mesmo", declara a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar. Pensando assim, a relação fica armazenada como uma vivência importante, representando mais uma etapa da vida, com aprendizado, felicidade e evolução 

"POR QUE VOCÊ NÃO DÁ UMA CHANCE PARA FULANO(A)?? - Outra frase muito comum ouvida pelos que acabaram de ficar solteiros, e que não ajuda muito. "É mais uma tentativa de escamotear a dor por uma suposta alegria que dificilmente dará certo", declara a psiquiatra e psicanalista Helena Masseo de Castro. Tentar se atirar nos braços daquele que sempre demonstrou um certo interesse, mas não lhe parece muito interessante, é uma artimanha simplista que pode causar ainda mais danos, além de magoar quem não merece. "Você pode acabar engatando um novo romance para esquecer o anterior. Só que, como está frágil, pode embarcar numa canoa furada. Não se trata de uma escolha, e sim de uma tábua de salvação", explica a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesa. É preferível dar um tempo e, se mais para a frente rolar algo, acontecerá de forma natura

"SE JOGA NO TRABALHO QUE A DOR E A SAUDADE PASSAM" - Quem leva ou dá um fora tem que trabalhar, fazer suas tarefas cotidianas, se esforçar para retomar a rotina... Isso é saudável, porém, tudo o que é excessivo acaba sendo prejudicial, inclusive trabalhar. A atividade profissional pode ficar comprometida e as chances de cometer um erro é grande. Para a psiquiatra Helena Masseo de Castro, no entanto, o que menos importa nessa situação é o emprego ser prejudicado. "O mais perigoso é a vida emocional ficar comprometida. Se não conseguirmos viver nossas perdas e superá-las, ficamos estacionados no mundo, não amadurecemos. É preciso enfrentar as coisas e exercitar a tolerância às frustrações", conta. Para a psicóloga Lizandra Arita, quando uma pessoa mergulha no trabalho na ânsia de esquecer um fato ou circunstância da vida, ela corre o risco de desequilibrar todas as outras áreas. "E aí, em vez de passar pelo processo de cura emocional de uma forma equilibrada, pode desregular sua vida e seus sentimentos".

"VOCÊ PRECISA MUDAR O VISUAL, SE INSCREVER NUM CURSO, FAZER COISAS NOVAS" - Você está no meio de um furacão. Será que modificar algo e sair da zona de conforto é mesmo uma boa dica? Não seria melhor dar um tempo e colocar os pensamentos em ordem? Ficar no próprio canto, digerindo a decepção, é uma maneira de compreender o que aconteceu e respeitar o próprio tempo. Arrume a desorganização interna com calma e, aos poucos, procure preencher o tempo com atividades prazerosas, mas não antes de se sentir bem para isso. "E os amigos têm de respeitar seu ritmo. Claro, podem sugerir atividades, mas respeitando o processo pelo qual quem rompeu uma relação está passando, ajudando-o a colocar as coisas em suas devidas gavetinhas e sendo bons ouvintes", afirma a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar. Outro ponto importante é que pessoa que recebe um conselho como esse pode questionar: a minha aparência está tão ruim que afastou a pessoa que eu amo? Minha capacidade intelectual é baixa? Deixei a rotina tomar conta da minha vida? Não é nada disso. Recupere-se e, quando achar que lhe fará bem, pense se você quer realizar alguma transformação 


"ESSA PESSOA NÃO MERECE SEU SOFRIMENTO. VALORIZE-SE!" - Quando você escuta um conselho desses, fica pensando em duas coisas: que foi feito de bobo por alguém que não dava a mínima para você e, pior, acaba se sentindo na obrigação de não demonstrar seus sentimentos. Se quem te deu esse conselho é seu amigo de verdade, saiba que a intenção não é fazer você se sentir assim, mas apenas a de que você reconheça que tem valor. Pode até ser que você descubra que a pessoa com quem você se relacionava não era digna do seu amor, mas o momento do rompimento não é hora para se questionar sobre isso. O melhor é não atropelar nada e passar pelo processo chamado "fases do luto", que abrange cinco períodos distintos: negação, raiva, barganha (uma tentativa desesperada de retomar o que foi perdido), depressão e aceitação. "É fundamental que cada um aprenda a tirar proveitos das próprias experiências, independentemente das circunstâncias", diz a psicóloga Lizandra Arita

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Poesia de Cecília Meireles.

Leio poesia, com alguma frequência. Encontrei estes versos de Cecília Meireles e resolvi passar aos leitores, como um refrigério para este mês de Agosto levemente tenso. Curtam-nos.


TRÂNSITO


Tal qual me vês,

Há séculos em mim:

números, nomes,o  lugar dos mundos

e o poder do sem-fim.



Inútil perguntar

por palavras que disse:

histórias vãs de circunstância,

coisas de desespero ou de meiguice.



(Mísera concessão, no trajeto que faço:

Postal de viagem, endereço efêmero,

Álibi para a sombra do meu passo...)



Começo mais além:

Onde tudo isso acaba, e é solidão.

Onde se abraçam terra e céu, caladamente,

E nada mais precisa explicação.



“De que são feitos os dias?
- De pequenos desejos,
Vagarosas saudades,
Silenciosas lembranças.
Entre mágoas sombrias,
Momentâneos lampejos:
Vagas felicidades,
Inatuais esperanças.
De loucuras, de crimes,
De pecados, de glórias,
 - do medo que encadeia
Toda essas mudanças.”

(Pastores da terra, que saltais abismos,
Nunca entendereis a minha condição.
Pensais que há firmezas, pensais que há limites.
Eu, não.)”

Vejo então por que estranho mundo
Andei, ferida e indiferente,
Pois tudo fica no sem-fundo
Dos seus olhos de eternamente”.

“Que procuras? Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão”.

“Vim da taverna ébrio de impossível,
Pisando sonhos, beijando o vento,
Falando à pedras, agarrando os ares...
- Oh! Deixe-me ir para onde eu for:...”

CANÇÃO



Não sou a das águas vista
Nem a dos homens amada;
Nem a  que sonhava o artista
Em cujas mãos fui formada.
Talvez em pensar que exista
Vá sendo eu mesma enganada.

Quando o tempo em seu abraço
Quebra meu corpo, e tem pena,
Quanto mais me despedaço,
Mais fico inteira e serena.
Por meu dom divino, faço
Tudo a que  Deus me condena.

Da virtude de estar quieta
Componho o meu movimento.
Por indireta e direta,
Perturbo estrelas e vento.
Sou a passagem da seta
E a seta, - em cada momento.

Não digas aos que encontrares
Que fui conhecida tua.
Quando houve nos largos mares
Desenho certo de rua?
E de teres visto luares,
Que ousarás contar da lua?




sábado, 10 de agosto de 2013

A Filha do Patrão - no dia dos Pais


No Dia dos Pais resolvi colocar uma crônica, bem humorada, mostrando como o Pai "sofre" com a criação de filhos. O texto primoroso de Arthur Azevedo contem palavras que a gente nunca viu na vida, mas vale a pena ler e degustar a história.



A filha do patrão
Arthur Azevedo

A Artur de Mendonça

O comendador Ferreira esteve quase a agarrá-lo pelas orelhas e atirá-lo pela escada abaixo com um pontapé bem aplicado. Pois não! um biltre, um farroupilha, um pobre-diabo sem eira, nem beira, nem ramo de figueira, atrever-se a pedir-lhe a menina em casamento! Era o que faltava! que ele estivesse durante tantos anos a ajuntar dinheiro para encher os bolsos a um valdevinos daquela espécie, dando-lhe a filha ainda por cima, a filha, que era a rapariga mais bonita e mais bem educada de toda a rua de S. Clemente! Boas!

O comendador Ferreira limitou-se a dar-lhe uma resposta seca e decisiva, um «Não, meu caro senhor» capaz de desanimar o namorado mais decidido ao emprego de todas as astúcias do coração.

O pobre rapaz saiu atordoado, como se realmente houvesse apanhado o puxão de orelhas e o pontapé, que felizmente não passaram de tímido projeto.

Na rua, sentindo-se ao ar livre, cobrou ânimo e disse aos seus botões: — Pois há de ser minha, custe o que custar! — Voltou-se, viu numa janela Adosinda, a filha do comendador, que desesperadamente lhe fazia com a cabeça sinais interrogativos. Ele estalou nos dentes a unha do polegar, o que muito claramente queria dizer: — Babau! — e, como eram apenas onze horas, foi dali direitinho espairecer no Derby-Clúb. Era domingo e havia corridas.

O comendador Ferreira, mal o rapaz desceu a escada, foi para o quarto da filha, e surpreendeu-a a fazer os tais sinais interrogativos. Dizer que ela não apanhou o puxão de orelhas destinado ao moço, seria faltar à verdade que devo aos pacientes leitores; apanhou-o, coitadinha! e naturalmente, a julgar pelo grito estrídulo que deu, exagerou a dor física produzida por aquela grosseira manifestação da cólera paterna.

Seguiu-se um diálogo terrível:

— Quem é aquele pelintra?

— Chama-se Borges.

— De onde você o conhece?

— Do Clube Guanabarense... daquela noite em que papai me levou...

— Ele em que se emprega? que faz ele?...

— Faz versos.

— E você não tem vergonha de gostar de um homem que faz versos?

— Não tenho culpa; culpado é o meu coração.

— Esse vagabundo algum dia lhe escreveu?

— Escreveu-me uma carta.

— Quem lhe trouxe?

— Ninguém. Ele mesmo atirou-a com uma pedra, por esta janela.

— Que lhe dizia ele nessa carta?

— Nada que me ofendesse; queria a minha autorização para pedir-me em casamento.

— Onde está ela?

— Ela quem?

— A carta!

Adosinda, sem dizer uma palavra, tirou a carta do seio. O comendador abriu-a, leu-a, e guardou-a no bolso. Depois continuou:

— Você respondeu a isto?

A moça gaguejou.

— Não minta!

— Respondi, sim, senhor.

— Em que termos?

— Respondi que sim, que me pedisse.

— Pois olhe: proíbo-lhe, percebe? pro-í-bo-lhe que de hoje em diante dê trela a esse peralvilho! Se me contar que ele anda a rondar-me a casa, ou que se corresponde com você, mando desancar-lhe os ossos pelo Benvindo (Benvindo era o cozinheiro do comendador Ferreira), e a você, minha sirigaita... a você... Não lhe digo nada!...
II
Três dias depois desse diálogo, Adosinda fugiu de casa em companhia do seu Borges, e o rapto foi auxiliado pelo próprio Benvindo, com quem o namorado dividiu um dinheiro ganho nas corridas do Derby. Até hoje ignora o comendador que o seu fiel cozinheiro contribuísse para tão lastimoso incidente.

O pai ficou possesso, mas não fez escândalo, não foi à polícia, não disse nada nem mesmo aos amigos íntimos; não se queixou, não desabafou, não deixou transparecer o seu profundo desgostO.

E teve razão, porque, passados quatro dias, Adosinda e o Borges vinham, à noite, ajoelhar-se aos seus pés e pedir-lhe a bênção, como nos dramalhões e novelas sentimentais.
III
Para que o conto acabasse a contento da maioria dos meus leitores, o comendador Ferreira deveria perdoar os dois namorados, e tratar de casá-los sem perda de tempo; mas infelizmente as coisas não se passarão assim, e a moral, como vão ver, foi sacrificada pelo egoísmo.

Com a resolução de quem longamente se preparara para o que desse e viesse, o comendador tirou do bolso um revólver e apontou-o contra o raptor de sua filha, vociferando:

— Seu biltre, ponha-se imediatamente no olho da rua, se não quer que lhe faça saltar os miolos!...

A esse argumento intempestivo e concludente, o namorado, que tinha muito amor à pele, fugiu como se o arrebatassem asas invisíveis.

O pai foi fechar a porta, guardou o revólver, e, aproximando-se de Adosinda, que, encostada ao piano tremia como varas verdes, abraçou-a e beijou-a com um carinho que nunca manifestara em ocasiões menos inoportunas.

A moça estava assombrada: esperava, pelo menos, a maldição paterna; era, desde pequenina, órfã de mãe, e habituara-se às brutalidades do pai; aquele beijo e aquele abraço afetuosos encheram-na de confusão e pasmo.

O comendador foi o primeiro a falar:

— Vês? — disse ele, apontando para a porta — vês? O homem por quem abandonaste teu pai é um covarde, um miserável, que foge diante do cano de um revólver! Não é um homem!...

— Isso é ele — murmurou Adosinda baixando os olhos, ao mesmo tempo que duas rosas lhe desfaziam a palidez do rosto.

O pai sentou-se no sofá, chamou a filha para perto de si, fê-la sentar-se nos seus joelhos, e, num tom de voz meigo e untuoso, pediu-lhe que se esquecesse do homem que a raptara, um troca-tintas, um leguelhé que lhe queria o dote, e nada mais; pintou-lhe um futuro de vicissitudes e misérias, longe do pai, que a desprezaria se semelhante casamento se realizasse; desse pai, que tinha exterioridades de bruto, mas no fundo era o melhor, o mais carinhoso dos pais.

No fim dessa catequese, a moça parecia convencida de que nos braços do Borges não encontraria realmente toda a felicidade possível; mas...

— Mas agora... é tarde — balbuciou ela; e voltaram-lhe à face as purpurinas rosas de ainda há pouco.

— Não; não é tarde — disse o comendador. — Conheces o Manuel, o meu primeiro caixeiro do armazém?

— Conheço: é um enjoado.

— Qual enjoado! É um rapaz de muito futuro no comércio, um homem de conta, peso e medida! Não descobriu a pólvora, não faz versos, não é janota, mas tem um tino para o negócio, uma perspicácia que o levará longe, hás de ver!

E durante um quarto de hora o comendador Ferreira gabou as excelências do seu caixeiro Manuel.

Adosinda ficou vencida.

A conferência terminou por estas palavras:

— Falo-lhe?

— Fale, papai.
IV
No dia seguinte o comendador chamou o caixeiro ao escritório, e disse-lhe:

— Seu Manuel, estou muito contente com os seus serviços.

— Oh! patrão!

— Você é um empregado zeloso, ativo e morigerado; é o modelo dos empregados.

— Oh! patrão!

— Não sou ingrato. Do dia primeiro em diante você é interessado na minha casa: dou-lhe cinco por cento além do ordenado.

— Oh! patrão! isso não faz um pai ao filho!...

— Ainda não é tudo. Quero que você se case com minha filha. Doto-a com cinqüenta contos.

O pobre-diabo sentiu-se engasgado pela comoção: não pôde articular uma palavra.

— Mas eu sou um homem sério — continuou o patrão. — A minha lealdade obriga-me a confessar-lhe que minha filha... não é virgem.

O noivo espalmou as mãos, inclinou a cabeça para a esquerda, baixou as pálpebras, ajustou os lábios em bico, e respondeu com um sorriso resignado e humilde:

— Oh! patrão! ainda mesmo que fosse, não fazia mal!

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Quando nos relacionamos com pessoas complicadas.

O que fazer quando as pessoas se apaixonam por pessoas complicadas? Tem solução? É cair fora? Dar uma de bom samaritano? Relacionamentos são costumeiramente difíceis e nada como ler dicas interessantes sobre como lidar com isto.
Este texto foi elaborado por:  Prof. Dra. Jurema Teixeira – mestre em psicologia clínica e doutora em Ciências Sociais e coordenadora do curso de psicologia da UNIBAN- Osasco


 Pergunta: Tenho a impressão de que me envolvo emocionalmente apenas com homens problemáticos e assumo os problemas deles para mim. Tenho inclusive esquecido do que realmente quero, lembrando apenas das necessidades do outro. O que fazer?"


"
Resposta: Talvez faça parte de suas características pessoais querer viver a vida dos outros; talvez você seja uma pessoa curiosa, ávida por experiências diferentes, mas que não quer assumir atitudes de risco que possam cicatrizar sua pele. Aí, fica lidando com as cicatrizes de quem se arriscou e se machucou.
Algum erro nisso? 

Não necessariamente. Cada pessoa tem o direito de escolher o parceiro amoroso que considera mais adequado para si. Alguns buscam os que acalmam sua vida, outros buscam os que imprimem um movimento de mobilização em sua monótona e organizada rotina. Assim, a escolha feita por você não se constitui, necessariamente, numa má escolha.

O real problema como você mesma sinaliza, é distanciar-se demais de você mesma, não voltar ao seu eixo e sentir-se perdendo identidade. Isso sim, pode se tornar crônico e criar lacunas em sua autoestima.
 

Quem escolhe estar em contato com pessoas que arriscam, brigam e gostam de ser o centro das atenções, tem que reservar um tempinho para rever suas necessidades pessoais nem que, nessa visita interior, encontre quase sempre a casa arrumada.

Tente pensar também se resolver os problemas dos outros, como uma constante em sua vida, não pode fazer parte de suas atividades fora do âmbito amoroso. Explicando: existem profissões que lidam exatamente com isso. Psicólogos, por exemplo, ajudam pessoas a resolver seus problemas; atores, por exemplo, vivem no palco a vida e o problema dos outros. Assim, às vezes, se viver problemas alheios é tendência e não acaso, o exercício dessa vontade pode se realizar, ou se complementar, na profissão, nas amizades ou até em trabalhos voluntários. E, nesses casos, desobrigar a escolha amorosa do ônus de preencher essa necessidade, deixando-a mais livre para optar por pessoas menos "complicadas".

Vale lembrar ainda que a cabeça alheia sempre nos parece mais complicada que a nossa.
 

Assim, ao avaliar suas escolhas amorosas, evite rotular quem você ainda não conhece direito. Tente conhecer a pessoa, entender seus motivos e tratá-la de forma acolhedora. As chances de uma pessoa, por mais complicada que seja, responder de forma adequada a um tratamento afetivo adequado são enormes.
 






domingo, 4 de agosto de 2013

Solidão faz mal à saúde.

Poucos gostam da solidão. Há estudos confirmando o mal que ela pode fazer a algumas pessoas. Existem momentos, porém, que temos que enfrentá-la. Posto para os leitores um texto de uma jornalista que passou por esta situação.


JANE E. BRODY
DO "NEW YORK TIMES"
Agora eu sei por que ganhei uns 15 kg quando tinha 20 e poucos anos: eu estava solitária. Havia ido para o Meio-Oeste atrás de escola e emprego e não conhecia ninguém. Preenchia meus dias e noites de solidão com comida, especialmente balas, biscoitos e sorvetes. Não consegui controlar minha alimentação até que voltei para Nova York e para a minha família e comecei a namorar meu futuro marido.
A solidão, diz John Cacioppo, premiado psicólogo da Universidade de Chicago, abala a capacidade de autorregulação das pessoas. Em uma experiência citada por ele, os participantes induzidos a se sentirem socialmente desconectados comiam muito mais biscoitos do que os que se sentiam socialmente aceitos.
"É mesmo surpreendente o fato de recorrermos a sorvetes e outros alimentos gordurosos quando estamos sentados em casa nos sentindo totalmente sozinhos no mundo?", disse Cacioppo no seu bem documentado livro "Loneliness" [Solidão], escrito em parceria com William Patrick.
Ele diz que os indivíduos solitários tendem a fazer qualquer coisa que puderem para se sentir melhor, mesmo que apenas momentaneamente. Eles podem comer demais, beber demais, fumar, dirigir em alta velocidade ou fazer sexo indiscriminadamente.
A revisão de uma pesquisa publicada em 1988 mostrou que "o isolamento social é comparável à hipertensão, à obesidade, ao sedentarismo e ao tabagismo como um fator de risco para doenças e para a morte prematura", escreveu o psicólogo.
Cacioppo e outros já demonstraram que, mesmo na ausência de comportamentos insalubres, a solidão pode fazer mal à saúde por elevar os níveis de hormônios do estresse e aumentar as inflamações. O dano pode ser disseminado, afetando todos os sistemas corporais e funções cerebrais.
Lisa Jaremka, da Universidade Estadual de Ohio, relatou em janeiro que pessoas solitárias têm níveis maiores de anticorpos contra certos vírus do herpes, indicando mais vírus ativados em seus organismos. Em outro estudo, ela encontrou níveis mais elevados de substâncias inflamatórias no sangue dos solitários.
A inflamação crônica é associada à cardiopatia, à artrite, à diabete tipo dois e até a tentativas de suicídio, observou Jaremka.
A solidão também está associada ao declínio cognitivo. Um estudo holandês publicado no ano passado na revista "The Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry" mostrou que participantes que se diziam solitários tinham mais propensão a desenvolver demência do que aqueles que moravam sozinhos, mas não eram solitários.
Esse estudo sugere que a forma como as pessoas veem sua situação tem mais impacto sobre a saúde do que o fato de morarem sozinhas e não terem relações sociais. Divorciados relatam que se sentiam mais solitários num casamento ruim do que quando solteiros. Pessoas que moram sozinhas podem ter uma grande rede de amigos e parentes.
As pessoas são fundamentalmente seres solitários que precisam de conexões significativas com os outros para maximizar sua saúde e bem-estar. Cacioppo sugere abordagens como "atos aleatórios de gentileza": fazer algo que lhes faça bem física ou emocionalmente, talvez uma coisa simples como elogiar a roupa de um estranho ou ajudar um idoso a atravessar a rua.
"O que é preciso", escreveu ele, "é dar um passo para fora da dor da nossa própria situação durante um tempo suficiente para 'alimentar' os outros. A mudança real começa com o fazer".




quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Por que - de cara - não gostamos de algumas pessoas?

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Mário Cleber da Silva.
Psicólogo.

. Por que somos atraídos ou não por outras pessoas? Têm sido múltiplas as explicações para as atrações interpessoais Desde algo misterioso, uma química inexplicável, um popular "místico" (meu anjo não bate com o dele), ou simpatia natural, a  química cerebral e, até mesmo, tipos de personalidade.
À psicologia, como ciência do comportamento, cabe dar explicações e algumas respostas têm sido oferecidas, com diversos enfoques.
ATRAÇÃO E REFORÇO
O princípio do reforço é a mais comum das explicações para o fato de ser atraído ou gostar de alguém: gostamos daqueles que nos reforçam e não gostamos de quem nos pune. Até em relação aos grupos, ficamos naqueles que têm sucesso e abandonamos os que fracassam. O sucesso é reforço e o fracasso, punição.
Os reforços que os outros nos proporcionam têm matizes e tons diversos: atenção, afeto, beleza, segurança, concordância com nossas idéias e valores, alegria, bom humor, etc. Um simples sorriso, um olhar, uma palavra, às vezes, bastam.
Pensando em reforços como recursos, podemos dizer que quanto mais recursos alguém dispuser para distribuir, mais as outras pessoas serão atraídas por ele. Se forem raros ou escassos esses recursos, os outros não se aproximam e ficam distantes. Em nossa cultura, as pessoas bonitas, inteligentes, de bom humor, bem informadas, extroversivas e comunicativas (portanto, com mais “recursos”) tornam-se mais atraentes. Mas em um grupo de delinquentes, são outros os atrativos: a força física, a astúcia ou até mesmo a crueldade.
 Aqui entra o conceito de “custos versus benefícios”.
Toda relação interpessoal implica custos e produz determinados resultados, com maior ou menor benefício. O resultado do custo versus benefício é que vai dar rumo à relação. A quantidade de recompensa é que vai ajudar a manter ou não a relação. Por exemplo, uma pessoa me dará prazer por ser inteligente, mas tenho que tolerar o fato de ela ser mandona, autoritária, “metida”, impaciente. O benefício de conviver com essa pessoa inteligente compensa os “custos” de ter agüentar os aspectos que não gosto? Se não compensar, eu me distancio, me afasto dela.

Nível de Comparação (o NC) é a expectativa do resultado custo - benefício a ser produzido em nossas inter-relações. Algumas pessoas são muito exigentes e têm um NC muito alto e podem ter dificuldades nos relacionamentos por isso.
 Outros, mais modestos, têm um nível de expectativa menor.
As pessoas são atraídas a estabelecer e manter contatos com outras pessoas que produzam resultados iguais ou superiores ao seu N.C. Se for abaixo, a inter-relação não se dá ou, então, acaba Há pessoas porém que, na falta de relacionamentos, aceitam aqueles que estão abaixo do seu NC. Mas correm o risco de ficarem insatisfeitas.
As pessoas, situações e objetos próximos da pessoa que nos reforça também se tornam reforçadores. Se gostamos de quem nos reforça, vamos gostar do que está ao seu redor.Ou do que ela gosta, do que ela usa , de sua preferência musical, de seu perfume. É com o se houvesse uma identificação com esta pessoa.

Algo curioso e interessante acontece com os elogios e as críticas:
Um elogio partindo de um desconhecido é mais reforçador do que partindo de um amigo. Sabemos que nossos amigos vão nos elogiar Por outro lado, a desaprovação ou crítica de um amigo dói mais do que de um desconhecido.
A angústia é uma situação que sempre evitamos e vários estudos têm demonstrado que a presença de outras pessoas ajuda a aliviar a angústia. Procuramos os outros e nos aproximamos das pessoas porque isso diminui a nossa angústia. Outros experimentos em psicologia social chegaram à seguinte conclusão: pessoas angustiadas buscam preferencialmente outras pessoas angustiadas, que estejam em situação semelhante. E por que? Talvez para reduzirem diretamente a sua própria angústia e para se auto-avaliarem. Será que estou tão ruim quanto ele?
O ser humano não tolera, por muito tempo, o isolamento social, que poderá provocar doenças físicas e ou psíquicas.

ATRAÇÃO E RECIPROCIDADE.
Já vimos que nos sentimos atraídos por aqueles que nos reforçam, porém, para que a atração perdure e surja uma relação estável, necessitam-se de gratificações recíprocas. Gostamos das pessoas que achamos que gostam de nós. E isso pode acontecer de duas formas: ou sentimos atração por alguém e, assim, achamos que este alguém gosta de nós, ou percebemos que alguém gosta de nós e nos sentimos atraídos por ele.
As pessoas de elevada auto-estima e que aceitam a si próprias são as mais capazes de dar e receber afeição
Existe a hipótese de que quanto maior a proximidade entre as pessoas, maior a possibilidade de se sentirem atraídas entre si. Gostamos mais das pessoas que se sentam perto de nós na escola, somos mais atraídos por colegas de sala, ou os outros colegas do mesmo curso, da mesma escola. E mais, os preconceitos diminuem a partir do momento que as pessoas ficam mais próximas. A proximidade também é fator importante na escolha do cônjuge. A proximidade interfere nas amizades.
A proximidade está relacionada com a atração interpessoal, mas, por si só, não causa a atração: ela aumenta a probabilidade da atração mútua.
A importância da proximidade é m ais bem avaliada através de:

1)Acessibilidade: É mais provável que as interações aconteçam com as pessoas mais próximas.

2) Interação contínua.  Isto porque ela:
  • Provoca maior conhecimento entre os integrantes de uma relação.
  • Tende a diminuir os preconceitos.
  • Extingue a hostilidade autística (fenômeno que se caracteriza pelo fechamento sobre si mesmo, interrupção de relacionamento e negativa de interação). A exigência de interação quebra o “gelo”.
  • Gera um maior esforço para melhorar a relação, acentuando os traços positivos e diminuindo os negativos, e tentando reduzir os conflitos.
  • Aumenta o conhecimento entre as pessoas, facilitando a previsibilidade de suas reações e comportamentos. As pessoas não gostam de enfrentar situações desconhecidas e ambíguas, pois provocam ansiedade e insegurança. A interação contínua aumenta o conhecimento sobre o outro e conseqüentemente diminui a ansiedade.
  • A familiaridade - decorrente da proximidade - provoca avaliações positivas. Gostamos mais e somos mais atraídos por pessoas que vemos com mais freqüência. Existe, porém, a possibilidade de que a proximidade possa levar à agressividade ou hostilidade, sobretudo quando as relações anteriores estiverem comprometidas. Um terço dos assassinatos ocorre dentro da família, de acordo com pesquisas sobre violência. Temos visto e assistido  a um aumento das violências entre parentes. Pode-se pensar mesmo que quando há contatos excessivos, ou por necessidade, ou por falta de espaço físico, eclode a violência.
REFORÇOS E SEMELHANÇAS.
Há uma forte e significativa relação entre semelhança e atração interpessoal. Sábias palavras de Spinoza: “Toda pessoa se esforça por fazer com que os outros amem o que ela ama e odeiem o que ela odeia”. E o ditado popular afirma: cada qual com seu igual. Não obstante o também ditado popular que diz “dois bicudos não se beijam”, vamos falar das semelhanças e depois da diferenças.
O grau de semelhança entre duas ou mais pessoas está relacionado com a atração que uma exerce sobre a outra. Mas não é qualquer tipo de semelhança (altura, cor do cabelo, o mesmo tipo de carro, etc...). A semelhança só exercerá atração se possuir elementos reforçadores como atitudes e características de personalidade, que prepararão o terreno para futuras amizades.
Mas, é a semelhança que gera a atração ou é a atração que gera semelhança? Há estudos que mostram que a percepção de semelhanças leva à atração, e há outros que indicam que a atração é responsável pela percepção das semelhanças. Percebemos mais semelhanças em pessoas que gostamos e mais diferenças em pessoas que não gostamos. Entretanto, as pessoas que sentem atração mútua se percebem como mais semelhantes do que na realidade o são.
Por que a semelhança provoca atração?  Porque há possibilidade de que as pessoas sejam reforçadas ao se aproximar de alguém que é semelhante. Não é a semelhança em si mesma que gera a atração, mas a expectativa de que a semelhança provoque uma interação mais gratificante. Procuramos não interagir com pessoas desconhecidas ou diferentes, por medo de rejeição, ou porque a interação pode exigir muito de nós mesmos e nos oferecer pouco em troca.

Por que a semelhança é reforçadora? Por vários motivos:

1)      As pessoas obtêm equilíbrio interno e coerência cognitiva ao gostar de pessoas que têm atitudes semelhantes às suas.
2)      Desde criança aprendemos que a aceitação de crenças e opiniões "erradas" pode nos trazer problemas. Se convivemos com pessoas semelhantes, temos a convicção de que estamos “certos”.
3)      Prevemos melhor o comportamento do outro se esse outro for "semelhante" e desenvolvemos expectativas de relações agradáveis e recompensadoras com esse “semelhante”.
4)      Se encontramos alguém que concorda conosco, achamos que essa pessoa gosta de nós e, conseqüentemente, gostamos dela.
5)      Temos necessidade de avaliar nossas habilidades e opiniões, e, na falta de um meio objetivo, avaliamo-nos através de comparações sociais. E, logicamente, com pessoas semelhantes.
6)      A interação com os semelhantes provoca menos conflitos, menos esforços, mas maiores ganhos. E reforços.
Há opiniões opostas.
Por exemplo, as que asseveram ser o reforço o mais importante nas relações e quem pode nos dar isso seriam as pessoas diferentes, pois nos levam a crescer, aprender coisas novas.
Existe também a teoria da complementaridade ou dessemelhanças para justificar, sobretudo, o casamento: as diferenças de personalidade podem contribuir para a atração mútua. O que explicaria a atração seria a satisfação das necessidades. E isso aconteceria de duas maneiras: 1) quando uma pessoa A tem um alto grau de necessidade de dominação e o outro, B, a mesma necessidade, mas em grau baixo; ou 2) a pessoa A tem uma necessidade muito alta e a B também muito alta, mas necessidades complementares. Exemplo: o marido que tem necessidade de expressar hostilidade e a esposa necessidade de sofrer humilhações, ou vice-versa. 

Como veem, as relações entre as pessoas são cheias de nuances, riquezas e conflitos, lógico. Nossa vida é cheia disto, deste caldeirão de emoções.