Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Monogamia, Casamento e Relacionamento Amoroso


Décadas atrás li um livro que me marcou muito: O Fim da Monogamia. O título, que parece negativo,  na verdade não o é. O autor mostra que em todas sociedade que quiseram terminar com o casamento,  o resultado foi um fiasco. Não que haja algo de religioso, espiritual ou divino da instituição do matrimônio (nestes tempos politicamente corretos, o matrimonio aí é um tanto sexista, não?). Agora li um texto na internet de Regina Navarro que me remete à traição. E resolvi levar aos leitores. Com o diz um colega de Mariana e leitor assíduo, um tema  que enseja "um debate longo e difícil, controverso e polêmico"

A questão é exclusividade nos relacionamentos amorosos. Esse é um conflito que ocorre com frequência. Apesar de todos os ensinamentos que recebemos desde que nascemos – família, escola, amigos, religião – nos estimularem a investir nossa energia sexual em uma única pessoa, a prática é bem diferente. Uma porcentagem significativa de homens e mulheres casados, ou numa relação estável, compartilha seu tempo e seu prazer com outros parceiros.
A antropóloga americana Helen Fisher conclui que nossa tendência para as ligações extraconjugais parece ser o triunfo da natureza sobre a cultura. “Dezenas de estudos etnográficos, sem mencionar inúmeras obras de história e de ficção, são testemunhos da prevalência das atividades sexuais extraconjugais entre homens e mulheres do mundo inteiro. Embora os seres humanos flertem, apaixonem-se e se casem, eles também tendem a ser sexualmente infiéis a seus cônjuges.”
O professor de ciências sociais Elías Schweber, da Universidade Nacional Autônoma do México, reforça essa ideia. “Na infidelidade influem fatores psicológicos, culturais e genéticos que nos levam a afastar a ideia romântica da exclusividade sexual. Não existe nenhum tipo de evidência biológica ou antropológica na qual a monogamia é ‘natural’ ou ‘normal’ no comportamento dos seres humanos. Ao contrário, existe evidência suficiente na qual se demonstra que as pessoas tendem a ter múltiplos parceiros sexuais.”
Um dos pressupostos mais universalmente aceitos em nossa sociedade é o de que o casal monogâmico é a única estrutura válida de relacionamento sexual humano, sendo tão superior que não necessita ser questionado. Na verdade, nossa cultura coloca tanta ênfase nisso, que uma discussão séria sobre o assunto dos relacionamentos alternativos é muito rara.
Entretanto, as sociedades que adotam a monogamia têm dificuldades em comprovar que ela funciona. Ao contrário, parece haver grandes evidências, expressas pelas altas taxas de relações extraconjugais, de que a monogamia não funciona muito bem para os ocidentais. O argumento de que o ser humano é “predestinado” à monogamia é difícil de sustentar.
Portanto, uma vez que nós humanos nos damos tão mal com a monogamia, outras estruturas de relacionamento livremente escolhidas também devem ser consideradas. E para não haver mágoas e culpas é fundamental que a nossa visão do amor e do sexo seja passada claramente para o outro desde o início do relacionamento.

Regina Navarro Linsé psicanalista e escritora, autora de 11 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda” e “O Livro do Amor”. Atende em consultório particular há 39 anos, realiza palestras por todo o Brasil e é consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

"MEIA". Eta palavrinha !!!


Como é difícil para estrangeiros entender o português falado no Brasil. Veja esta crônica e depois me digam se não é verdade.
Quem me enviou foi minha ex colega do Pleno Viver, Iara Fantauzzi, sempre amável e querendo a melhoria do blog.
Incialmente coloquei o texto sem saber quem era o autor. Este, o autor, me deu a honra de acessar o blog e me mandou um comentário amável, pedindo , com toda justiça, que não deixasse de colocar o nome de quem escreveu o artigo. Faço-o, com prazer, e pedindo desculpas por não tê-lo situado anteriormente.
Ele se chama Jansen Viana e o texto foi publicado em
 http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4001596 


O tal do "meia" em português

 TROCANDO SEIS POR MEIA DÚZIA 

- Por favor, gostaria de fazer minha inscrição neste Congresso.
- Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
 - Sou de Maputo, Moçambique.
 - Da África, né?
- Sim, sim, da África.
 - Aqui está cheio de africanos, vindo de toda parte do mundo.
 - O mundo está cheio de africanos.
 - É verdade.
 - Se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o
 berço antropológico da humanidade ...
 - Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.
 - Desculpe, qual sala?
 - Meia oito.
 - Podes escrever?
 - Não sabe o que é meia oito, sessenta e oito, assim, veja: 68
 -Ah, entendi, meia é seis.
 - Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação:
 a organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem
 quiser ficar com o material, DVD, apostilas, etc., gostaria de
 encomendar?
 - Quanto tenho que pagar?
 - Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam meia.
- Hummm... que bom. Ai está, seis reais.
 - Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?
- Pago meia? Só cinco? Meia é cinco?
 - Isso, meia é cinco.
- Tá bom, meia é cinco.
- Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.
 - Então já começou, são nove e vinte.
 - Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
- Você pode escrever aqui a hora que começa?
 - Nove e meia, assim, veja: 9h30min.
- Ah, entendi, meia é trinta.
 - Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um
 folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os
congressistas, o senhor já está hospedado?
 - Sim, já estou na casa de um amigo.
 - Em que bairro.
- Nas trinta bocas.
- Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria nas seis bocas?
- Isso mesmo, no bairro meia boca.
- Não é meia boca, é um bairro nobre.
 - Então deve ser cinco bocas.
 - Não, seis bocas, entende, seis bocas. Chamam assim porque há um
encontro de seis ruas, por isso seis bocas. Entendeu?
 - E há quem possa entender?

 (((do livro: PLANTÃO DA ALEGRIA)))

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Uma Esmolinha, pelo amor do Papa.


Escrevi este texto quando Papa João Paulo II esteve no Brasil pela primeira vez. Aproveitado a renúncia anunciada previamente de Bento XVI, atualizei a crônica, anexei alguma coisa diferente, acrescentei ironia nova e levo aos leitores do blog. Adorava mexer com o que acontecia no momento, tecendo humor e ironia sobre os fatos cotidianos.


UMA ESMOLINHA PELO AMOR DO PAPA.

Acostumado com os pedidos feitos pelos mendigos em portas de bancos, supermercados, igrejas, teatros e cinemas, confesso que assustei-me ao ouvir esta frase. Pensando ter escutado mal – resisto em colocar  aparelho para surdez -, parei diante do homem maltrapilho e sentado no chão. “Uma esmolinha pela amor do papa” – repetiu ele, alheio à minha curiosidade.
- Como “pelo amor do papa”, não seria pelo amor de Deus? – indaguei, perplexo, entre curioso e irritado.
- O idoso aí parece que não entendeu bem a minha colocação...
(Quase lhe dei uma bengalada pelo uso indevido de idoso. Contive-me).
- ...o  meu posicionamento – continuou ele, impávido, e me surpreendendo pelo palavrório inusitado.-  O.que aconteceu este mês de fevereiro do ano de 2013 de Nosso Senhor? Quem está repetindo o gesto tresloucado do Presidente Janio da Silva Quadros, nos antigos anos 60 do século passado?
- A renúncia?
- Sim, preclaro senhor. Quem renunciou?
(Como ele suavizou o idoso para senhor, abri um sorriso).
- O Papa.
- Então, nada mais justo que uma homenagem ao pontífice. Além do mais, sou mendigo papólogo.
- Papólogo? O que significa isto?
Entendido em papas. Sou o mendigo que mais entende de Suas Santidades. Devo entrar no livro dos Recordes por causa disto. Só para lhe dar uma amostra: o segundo pontífice não italiano nestes quase 200 anos. Alemão, então, há secula seculorum..
(Só pode ser ex-seminarista, usando este latim).
- ... brilhante tlogo, perseguiu o Leonardo Boff, substituiu um ex-esportista, polonês, que teve um dos pontificados mais longos da história, e visitou os campos de concentração nazista e talvez o mais intelectual de todos os papas, teve que lidar com acusações de pedofilia no clero e se posicionar contra o casamento de padres e a ordenação de mulheres..
- Puxa vida, você entende mesmo do riscado, quero dizer, papado. Onde você ficou sabendo de tudo isto?
- Pelos jornais, é claro. Leio três jornais, diariamente. Um de Minas, ou de São Paulo e o terceiro de Brasília. E também leio JJ Vidal, ex-seminarista de Mariana que escreveu um livro interessante sobre Como Se fazem os Bispos.E tem mais...
- O que? – indaguei, sôfrego.
- Fui convidado para ser o representante oficial de todos os mendigos do Brasil numa conversa informal com o próximo papa que virá ao Brasil para o Encontro Mundial da Juventude, junto com outros representantes regionais da nobre classe dos mendigos. Já estava aprendendo alemão para falar com ele. Agora não sei que língua falar.
- Esperanto... – ironizei.
Antes que ele me desse uma resposta atravessada, retomei o assunto:
- Você vai?
- Mas é claro. Ou como diria o populacho: com certeza. Estou tentando arrumar o dinheiro para pagar a viagem.
- E o que você dirá ao papa?
- Que reze bastante pelos pobres. Estamos precisando muito de orações. Claro que não é só de orações. A décima terceira esmola, por exemplo, é uma reivindicação antiga da classe. Até a nobre classe das empregadas domesticas tem. Cada cidadão se encarregaria de dar uma esmola extra no final do ano a um determinado mendigo. Outro problema que nos afeta profundamente, que nos atinge no âmago de nossas necessidades, são as férias. Pedinte não goza de férias...
(Tenho uma leve impressão de que ele sorriu, maliciosamente, com os olhos, quando usou a expressão “goza”).
- ... o que é uma tremenda injustiça. Se a gente não pedir esmola todo dia não dá para sobreviver. A inflação já ameaça ser galopante – não obstante os malabarismos e manipulações grosseiras da equipe econômica da presidente. Assim, não tem mendicância bem sucedida. Daí não termos sequer uma folga semanal. Vamos falar com ele para interceder junto ao governo federal para sanar tais dificuldades.
- São justos os pedidos – poderei.
- Justíssimos – concordou ele -. Mas não somos egoístas. Vamos pedir por ele também. E antes que você diga “como assim”, já explico. Vou sugerir que ele faça as viagens de surpresa. Assim, de repente. No supetão. Gasta-se muito com as viagens dele. Você sabe que o Banco do Vaticano, o  antigamente chamado Ambrosiano, não é lá muito “católico” e já andou ruim das pernas e metido em falcatruas. Sem muito alarde, ele chega ao país de destino.
- Você está certo. Concordo plenamente. Mas me diga uma coisa: você não é um mendigo qualquer.
- Claro, isto é só um bico. Sou um profissional liberal. Você já viu: o governo não paga adequadamente as aposentadorias, você contribui com dez salários e vai ficar com um só, depois de alguns anos; temos sobrecarga violenta de trabalho, uma competição predatória com enxurradas de novos profissionais no mercado. Enfim, um futuro sombrio. Assim, já comecei a pedir esmola. Pelo amor do papa. Ou pelo amor a um profissional liberal.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ler Poesia é melhor do que Livros de Autoajuda



 
Não desgosto dos livros de auto ajuda (Até pensei em escrever um... ). Se fazem com que pessoas leiam e se elas tiram algo de positivo na vida, por que não recepcioná-los de bom grado?
E poesias? 10 em cada 10 leitores adoram poesia. E o que pode haver de comum entre poesia e livro de auto ajuda?
Começaram a surgir algumas pesquisas misturando livros de auto ajuda e poesia.  As pesquisas se referem ao mundo inglês e à literatura inglesa. Mas se a transportarmos para nosso mundo brasileiro-português,será que teríamos os mesmos resultados? Lancemo-nos aos livros de Drumond, Quintana, Bandeira e outros mais e quem sabe ficaremos melhores como seres humanos?


 
 
Ler autores clássicos, como Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool publicado em janeiro de 2013..
Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial".
Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.
Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin.
Os especialistas descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de autoajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.
"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças", explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.
Após o descobrimento, os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens.

Quem sabe, se os autores de livros de auto ajuda melhorarem seu vocabulário, terão melhores resultados?
 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Nossas Decisões e a Importância do Cérebro.

Sempre acho interessantes os textos sobre o Cérebro. O de hoje, falando sobre decisões, não foge à regra.


COMO O CÉREBRO TOMA DECISÕES.

Todos os dias somos bombardeados com milhares de escolhas para fazer, desde as mais corriqueiras como o que comer no almoço, às mais importantes como em que investir as economias. Cientistas há muito tempo buscam entender como as pessoas tomam decisões e essa busca passa invariavelmente por entender como esse processo ocorre dentro do cérebro. Isso não é uma tarefa simples e, para descobrir como funciona o processo de decisão dentro do cérebro, os cientistas estão utilizando uma série de abordagens diferentes.

Existem linhas de pesquisa que estudam como é o processo decisório de diversos animais na natureza para se tentar entender o que pode ocorrer no cérebro humano. Outras já analisam o histórico de pessoas com lesões cerebrais para associar essas áreas danificadas com o seu efeito sobre a capacidade de decisão. E há também aquelas que fazem os indivíduos passarem por uma bateria de testes enquanto suas atividades cerebrais são monitoradas. Cada uma destas abordagens nos trazem descobertas interessantes e muitas vezes curiosas.

Uma característica associada à tomada de decisão é a capacidade de se arriscar. Nos humanos a capacidade de se assumir riscos é um dos traços de personalidade mais consistentes ao longo da vida de uma pessoa. Isso significa que se uma pessoa gosta de se arriscar desde pequeno, ela deve permanecer assim até a velhice. O mesmo vale para o traço oposto, a aversão ao risco.

Cientistas acreditam que se conseguirmos entender os custos e benefícios de um comportamento e aplicarmos o raciocínio de seleção natural para entender a história evolutiva desse comportamento, podemos prever o futuro desse comportamento ao longo de várias espécies. Por isso, o
comportamento com relação ao risco está sendo estudado em uma variedade de espécies de macacos, pássaros, peixes, entre outras. A esperança é que, quanto mais conhecimento tivermos sobre a evolução da capacidade de se arriscar nas mais variadas espécies, mais próximos estaremos de entender essa característica nos humanos.

Já é sabido que o cérebro é organizado em estruturas com 
funções específicas e que o lóbulo frontal, aquela região logo atrás e acima dos nossos olhos, é onde ocorre a maior parte do processo de decisão. Essa é a maior região do cérebro e também a que mais se expandiu ao longo da evolução humana. Danos nessa região do cérebro podem comprometer os processos de raciocínio e decisão. Então, uma forma que os cientistas encontraram de se estudar como o processo decisório ocorre no cérebro é mapeando as lesões cerebrais de uma série de pacientes e associá-las aos tipos de comprometimento que esses pacientes manifestaram.

Após analisar detalhadamente dados de um período de mais de 30 anos, os cientistas descobriram que existem dois sistemas distintos funcionando em áreas diferentes do lóbulo frontal: um responsável pelo controle comportamental e outro pela tomada de decisão. A diferença intuitiva entre esses dois tipos de tarefa é algo que encontramos em nossas vidas a todo o momento. O controle comportamental ocorre quando você evita comer aquele sorvete de chocolate que tanto deseja e sai para uma saudável caminhada. Já a tomada de decisão está relacionada a uma análise de custo-recompensa, como quando decidimos fazer uma aposta.

Com a possibilidade de se monitorar a atividade cerebral em tempo real de uma pessoa, os cientistas conseguem fazer descobertas cada vez maiores sobre os processos do cérebro. 
Uma descoberta recente mostrou que cada pessoa possui valores sagrados que não estão dispostos a negociar e outros que são facilmente negociáveis, e que eles são processados de maneira diferente pelo cérebro. Os valores que são sagrados para uma pessoa, como uma crença religiosa, uma identidade nacional, ou um código de ética, ativam mais uma área do cérebro associada a processos de pensamento baseado em regras, como certo e errado. Já os outros valores ativam áreas ligadas ao processamento de pensamentos de custo-benefício.

A maioria das políticas públicas é baseada em oferecer incentivos e desincentivos, ou seja, benefícios e custos. Uma consequência dessa descoberta é que não é razoável pensar que uma política baseada em custo-benefício pode influenciar o comportamento de uma pessoa quando se trata de mudar valores que são sagrados para essa pessoa.

O importante para nossa vida é saber como podemos melhorar nossa capacidade de tomada de decisão. Como nosso cérebro possui 
plasticidade, quanto mais exercitamos uma habilidade, como por exemplo a de tomada de decisão, mais desenvolvida fica a região do cérebro responsável por processar essa habilidade e, consequentemente, melhor desempenhamos essa habilidade.
Texto extraído de “Cérebro Melhor” 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Amor Sem Dor


Amor sem dor, livro de Márcia Goldschmidt.


Não esperem um livro feminista, daqueles que sugerem uma nova queima de soutiens (antigamente mais usados do que hoje). Trata-se, na verdade, de um livro de mulher para mulher. Como psicólogo tenho que conhecer o mundo feminino e sua leitura, ainda que forçada pela falta do que fazer em dias chuvosos de Belo Horizonte, me agradou. Talvez a autora seja vista como conservadora demais na concepção dos papeis de homem e mulher, ou com idéias ultrapassadas, mas, ainda que não sejam verdades absolutas (o que é verdade absoluta?), ela sabe falar com uma linguagem facilmente compreendia pelas mulheres (e eventuais homens).
Marcia Goldschmidt foi apresentadora de um pavoroso programa de TV nas tardes semanais. Vi-a algumas vezes e pulei rapidamente de canal. O seu nome como autora não me inspirava confiança. Mas foi uma agradável surpresa.
Entre muitas coisas que diz sobre as mulheres, uma me chamou particularmente a atenção: a mulher é rápida para admitir um homem (no seu coração, em sua vida), mas lenta para demiti-lo. Conhecemos mulheres que demoram anos para tirar o “encosto” da vida delas. Ainda que existam muitas razões, ela demora. Foram os filhos – os filhos, frise-se bem – que levaram o pai à delegacia de mulheres, dando um fim a um casamento lastimável e ao sofrimento da mãe, um antiga cliente minha. Hoje ela tem um novo amor e está feliz.
O livro tem um subtítulo: 20 Estratégias para Mudar a sua Vida Amorosa Já,, falsamente imaginado como de auto ajuda (auto ajuda hoje pode parecer palavrão) , porém que serve de alerta para a mulher contemporânea.

Eis algumas dúvidas que fazem as mulheres sofrerem: Por que ele não ligou? Estou sendo traída? Meu marido não tem mais atração por mim? Que tipo de homem é este com quem estou me relacionando?. 
O livro busca dirimir estas dúvidas e outras mais, com linguagem clara e direta. E ainda levanta um questão pertinente: como é a mulher bem amada? Depois de analisar várias mulheres nesta situação, ela afirma:
: “Elas não são extraterrestres e sim pessoas sábias, da dona de casa à executiva, sem distinção de idade ou de classe social". Quer dizer mulher comum.
E mais,ela diz: todas as mulheres têm o poder de mudar a sua vida, conquistar o amado, viver plenamente um amor. Mas há aquelas que entram em um relacionamento por medo de ficar sozinhas, vestem o sapo de príncipe e dão garantias demais, porém com o tempo se transformam em pessoas inseguras, dependentes.
 Esta ideia de “garantias demais” é bem curiosa.
Há também as “macho-dependentes”, que desde pequenas acreditam precisar de um homem e se sentem frustradas quando sozinhas. “Amor sem dor” mostra, com astúcia, que esse tipo de apreço pode destruir a auto-estima de uma mulher, que esquece a sua própria essência. Já na parte “não use sexo como arma”, Márcia afirma que ser deusa do sexo é roubada. Segundo ela, - parece ser uma tirada,  mas é bom pensar-  é melhor cama vazia e coração cheio.
O instigante tema "o ciúme" não ficou de fora. Eu mesmo, recentemente, atendi um casal com fortíssimas crises de ciúme. Indiquei o livro para eles.

É um livro de leitura bem humorada, sem deixar de levantar questionamentos interessantes sobre os relacionamentos amorosos. Ele sugere que, em vez de ser levada cegamente pelo afeto e emoção, a mulher analise e converse bem  com seu pretendente antes para saber se ele vale ou não a pena. Não pode admiti-lo rapidamente em sua vida, sem uma rigorosa seleção. Mais tarde você descobrirá que ele é um tremendo pão duro ou mulherengo.
Algumas mulheres são atraídas pelo homem casado. Coitado. É infeliz. Ok. Mas se pergunte e pergunte a ele: por que não se separou ainda?
Enfim, e isto é um elogio, a autora dá seu grito de alerta para a mulher contemporânea, moderna, faz um convite para repensar os erros mais comuns em um relacionamento e de que forma elas podem ser mais felizes e sábias.
Um livro a ser lido. E de preferência a dois.