Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Educamos o Cérebro

A educação é um tema palpitante. E, em muitos países, relegado a segundo ou terceiro planos. É bom ler textos sobre o assunto.

Educação: uma visão neuropsicológica


* Livro: Avaliação Neuropsicológica. Leadro F. Malloy-Diniz e col. Capitulo 5, pg 58

Sempre estamos pensando sobre educação e aprendizagem, e procurando razões para que tudo seja feito da melhor forma, na melhor época, e assim por diante. Quero dizer, nem todos pensando assim, pois ainda estamos sob auspícios de pessoas que direcionam as cargas educacionais partindo do viés político ou econômico, simplesmente.
Fico a imaginar em como Piaget, Vygotsky e outros, mesmo antes das investigações por imagem, já pensavam na possibilidade do cérebro funcionar em fases, desenvolvendo-se aos poucos até atingir seu ápice. Mas que ápice é esse? De que estamos falando? Ápice significa o que afinal de contas?
Vou apontar somente dois fatos registrados pelos estudos neuroanatômicos, que são aproveitados pela neuropsicologia, mas ainda não adequadamente aproveitados pelas ciências educaionais, a fim de estimular reflexões.
Primeiro: o cérebro, para funcionar de forma eficiente precisa que os ramos neuronais sejam revestidos de mielina, um lipídio que permite que os impulsos nervosos sejam transmitidos de um neurônio a outro de forma rápida. A ausência ou lesão da bainha de mielina pode fazer com que a transmissão seja muito lenta, ou deixe de existir. Esse revestimento de mielina somente atinge seu processo final por volta dos 21 anos de idade, quando então é terminada a mieliinização da área frontal permitindo o processamento cognitivo adequado, pois essa área cerebral é responsável pelos julgamentos e planejamentos de ações. Portanto, ao longo dos anos de nossa evolução vamos ganhando precisão e velocidade no processamento cerebral, além do que, vamos nos socializando. Somente após esse processo é que realmente podemos pensar num funcionamento maduro, ou adulto, como queiram. Em idade infantil, ou juvenil, as áreas mais intensamente mielinizadas, portanto, em melhores condições de processamento, são áreas sensoriais e motoras. O planejamento e o julgamento de ações de forma inteligente e socializada não é uma prioridade desse cérebro até pelo menos os 14 anos de idade, quando começa a se tornar ápto para tanto.
Segundo: as sinapses. Sinapses são os locais por onde os neurônios “conversam”, através de um alfabeto de elementos químicos chamados neurotransmissores. As investigações neurocientíficas tem verificado que o ápice da formação de novas sinapses ocorre entre os 9 e 12 anos de idade.
Juntando as coisas, já temos motivos de sobra para reflexões na área educacional. Mas acredito que Carmem Flores-Mendoza foi muito feliz ao escrever* que “(…) o ingresso em condutas antissociais nesse período afetará seu curso de desenvolvimento, principalmente o cognitivo. E, como uma bola de neve, quando as crianças afetadas se tornam adultas, elas ingressam nos grupos de alto risco clínico e social. É por isso que ações familiares, educativas e governamentais devem prestar atenção ao período infantil.”
Educação é tudo, mas a escola não é tudo. Quando uma criança chega à escola, já aprendeu muito. A questão é: aprendeu o que, e como?
Indubitavelmente a fase entre os 9 e 14 anos é particularmente importante para a formação dos conceitos mais fundamentais da existência humana. Pais e professores deveriam estar a par disso para conseguirem nomear adequadamente os fatores educacionais que vão agir nesse cérebro, antes que não haja mais tempo para corrigir o percurso.
Educamos, na verdade, o cérebro. Lembremos disso.

Um comentário:

  1. Artigo muito oportuno e atual. Merece a atenção de todos, independente da faixa etária.
    Antônio Carlos Faria Paz.

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