Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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sábado, 27 de outubro de 2012

"Socorro, guardas, socorro". Uma crônica dos anos 70.


Por muitos anos trabalhei em jornais de São José do Rio Preto. Eram artigos, contos, causos e crônicas.
Crônica, segundo o Aurélio, é “um texto jornalístico redigido de forma livre e pessoal, e que tem como temas fatos ou idéias da atualidade, de teor artístico, político, esportivo, etc., ou simplesmente relativos à vida cotidiana”.
E o que me impressiona na crônica, sendo um retrato do momento, é ela se tornar perene, pois os problemas são os mesmos, só aumentando sua gravidade.
Vejam o que escrevi no longínquo ano de 1979.


Socorro, guardas, socorro!
Estou sendo assaltado no farol



Espero não ter que gritar esta frase no meio da noite, quando as pessoas de bem, ou que não precisam trabalhar, estão escondidinhas em suas casas, enfrentando o frio que veio em hora inoportuna. Não estou me referindo às multas que os guardas estão lascando em cima de descuidados ou não condicionados motoristas, que não respeitaram os novos sinais, luminosos ou não. Longe de mim tal aleivosia. Refiro-me a alguns casos que começaram a ocorrer em nossa antigamente tranquila cidade de São José do Rio Preto.
A avalanche de sinais que inundou a urbe neste últimos meses tinha por finalidade disciplinar o caótico trânsito e o motorista sabidamente despreparado que anda pelas artérias primárias e secundárias da cidade. A ausência de sinais prejudica, supostamente, o fluxo de veículos, provoca acidentes e traz prejuízos à população e à municipalidade. Os sinais estariam aí, então, para disciplinar. Entretanto, parece que tal coisa não tem ocorrido.
Primeiro foram os acidentes e batidas que aconteceram nos cruzamentos com sinais novos. Ninguém sabia se era para parar ou esperar. Os semáforos novos têm o dom de fazer o motorista pensar que é Emerson Fitipaldi e vir numa disparada, tentando aproveitar o amarelo. Outros não respeitam nem o vermelho. Deve ser algum comunista disfarçado que tem naquela cor o seu ideal de progresso. As pessoas, porém, foram pouco a pouco se acostumando e, como ocorre com os aumentos de carne, gasolina, correio, leite e tudo mais, engoliram e transformaram tudo em sua normalidade de vida. Era como se o sinal estivesse lá há anos. As inversões de ruas são naturais e até interessantes. As proibições de conversão são assimiladas e o único senão é que fazem consumir mais gasolina: são cem a duzentos metros a mais de consumo. Mas para que se preocupar com isto, se temos petróleo a rodo, segundo diz a Petrobrás.
Se não são as multas dos guardas, o que me faz gritar socorro? É que as pessoas estão sendo assaltadas, à noite, quando param nos faróis. Sim, senhores, senhoras, senhoritas e senhoritos. Todo cidadão e cidadã obedientes, cumpridores e respeitadores das leis de trânsito, quando param nos sinais, são assaltados. E não é na famosa “calada” da noite, no meio da madrugada, não; e nem são notívagos contumazes, ou boêmios à caça de aventura amorosa. Nada disto. São professores e professoras. Mães e pais de família que, tendo que ganhar o pão dando aulas em distantes colégios, em bairros mal iluminados, voltam para casa, com o corpo cansado e a mente poluída pela ignorância de alunos, e outros mais de que têm a desagradável surpresa de se depararem com assaltantes de arma em punho que tiram seu dinheiro, sua bolsa, seu carro e, às vezes sua vida.
Um homem foi sequestrado numa madrugada quando parou no farol da Avenida Philadeplho Gouveia Neto. Era 1 hora. Ás 22 horas, uma professora foi assaltada na Avenida Bady Bassitt, perto do Pastorinho. Outros tiveram idêntica sina. O que fazer? Deixar de dar aulas? De trabalhar? De sair? Levar um revólver e dar um tiro na cara do assaltante? Desrespeitar os sinais e talvez ser multado por um guarda escondidinho na esquina com o seu fatídico caderninho? E onde estão os guardas, que, durante o dia, abundavam nos locais mais propícios a uma multa? O que é destes homens, que têm sua importância e devem ser respeitados, que não aparecem no silêncio da noite? Ou a eles não competiria a segurança dos automobilistas? Dever-se-ia apagar todos os sinais luminosos e deixar os motoristas entregues à própria sorte ou senha assassina?
Os sinais que vieram dar uma tranquilidade à população, motorizada ou não, transformar-se em terror noturno, em pavor de ser assaltado, de sobressaltos diante de um vulto. Aumentou ainda mais o nosso já hereditário medo de ladrões. Metamorfoseou-se em terrível perigo para a própria vida. A nossa segurança, já ameaçada diante dos assaltantes de residência, trombadinhas e trombadões, desaparece diante do sinal vermelho do semáforo. O negócio é dar no pé, ou ficar em casa, ou então ficar gritando e pedindo socorro aos guardas, pois quando estes vierem, pelo menos que multem os assaltantes que estão atrapalhando o fluxo normal dos veículos à noite.
Multa neles, seu guarda!
Mário Cléber Silva- 23/09/1979        


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

De onde vem a inspiração?

O que leva à inspiração? De onde surgem estas ideias , às vezes mirabolantes, que os escritores ou compositores e poetas nos deixam entusiasmados e de queixos caídos? Talvez este texto, lido alhures, nos explique.



Inspiração do poeta

Conta-se que, num dia qualquer, o compositor Almir Sater estava em São Paulo para uma temporada. Em certo momento, desceu do seu apartamento para tomar um cafezinho num mercado ali perto.
Encontrou um amigo, que o convidou para experimentar uma viola que acabara de comprar. Enquanto tomavam café, Almir dedilhou a viola e soltou a voz:
Ando devagar... ao que o amigo emendou... porque já tive pressa.
Dizem que essa maravilha chamada Tocando em frente, ficou pronta em dez minutos. Um dia, alguém perguntou ao Almir como essa música fora feita e ele respondeu: Ela estava pronta. Deus apenas esperou que eu e o Renato nos encontrássemos para mostrá-la para nós.
Será verdade ou será mais uma dessas lendas que se inventam, a respeito de pessoas célebres e suas produções?
Lenda ou verdade, não importa. O que sabemos é que a inspiração existe e disso entendem muito bem os gênios de todos os matizes.
E a letra e música de Tocando em frente são uma joia rara.
Convidam-nos a parar em meio à correria, a viver com mais vagar, como a saborear cada momento.
Também nos recordam que, na vida, lágrimas e sorrisos se sucedem.
Assim dizem os versos:
Ando devagar porque já tive pressa.
E levo esse sorriso, porque já chorei demais.                                         
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe...
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei...
Há tanto para aprender. E quantos cremos ser superiores, por entendermos disso ou daquilo. E, contudo, quem verdadeiramente se dedica a aprender, descobre que quanto mais aprende, mais há a ser pesquisado, descoberto.
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs.
O planeta Terra é o grande laboratório Divino em que provamos a dor, a alegria. Em que nos extasiamos ante a manhã que se espreguiça e nos encantamos com a riqueza das pessoas.
Cada uma com seu talento especial, sua forma de ser, de agir em nossas vidas.
E, neste planeta de provas e expiações, com quantas delícias nos agracia Deus. Sabores de frutas, consistências inúmeras.
É preciso tudo provar. Aprender a degustar, reconhecendo o sabor de cada fruta, do trigo transformado em pão, do grão triturado, moído, servido com aroma de café.
Mas é preciso o amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, continua cantando o inspirado poeta.
Sim, o amor nos é imprescindível porque fomos criados e somos mantidos pelo amor de Deus, trazendo essa essência Divina em nossa intimidade.
E somente sorri num mundo de tanta perversidade ainda quem já descobriu o segredo da vida na Terra, que se chama oportunidade e progresso.
Por isso, cada um de nós compõe a sua história. E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.
E, como todo mundo ama, todo mundo chora, não esqueçamos que um dia a gente chega, no outro vai embora.
A vida é transitória. Aproveitemo-la, ao máximo, vivendo com a família, os amigos. Produzindo na sociedade, deixando nossas marcas de luz para, como alguém já falou, quem venha atrás, possa dizer: Por aqui passou um ser iluminado. Uma estrela...

Redação do Momento Espírita.
Em 23.08.2012.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Responsabilidade.

Quando encontro textos interessantes na internet sempre penso em meus leitores. Este de hoje vale a pena ler e refletir.


RESPONSABILIDADE


Roberte Metring – Psicólogo.
Hoje quero escrever sobre o tripé Discernimento, Atitude, Consequência. Quando utilizados conjuntamente permitem ao indivíduo agir com Responsabilidade. Esse tripé, se treinado e utilizado diariamente, poderá levá-lo(a) em direção ao processo de auto e biossustentabilidade, além de proporcionar autonomia perante a vida, liberdade para ser e existir, sem correr o risco de confundir liberdade com anarquismo. Responsabilidade aqui pode ser visto com a capacidade de dar resposta por si próprio.

DISCERNIMENTO

A primeira perna do tripé é o Discernimento. As pessoas entendem responsabilidade como algo relativo à cumprir com suas obrigações, pagar suas contas, etc… No entanto, responsabilidade é mais que isso (por mais que ao que vou dizer pareça menos que isso). Responsabilidade é uma questão de discernimento. É o ato de você treinar sua percepção para separar o que lhe é tóxico do que lhe é saudável. Não exatamente uma escolha entre o que é bom ou não, mas saudável ou tóxico. Por exemplo, uma dor não é uma coisa boa, mas é saudável. Imagine que seu corpo perdeu a função de sentir dores. Você não sente mais dor alguma. Como seria sua vida? Seria o caos. No mínimo você estaria todo(a) estropiado(a), cortado(a), faltando partes de seu corpo, etc, pois a dor é um sistema de alerta do organismo. Porém, quando a dor se torna crônica, ou seja, quando não foi tratada sua causa, então ela se torna tóxica, pois vai impedir o avanço natural e saudável da sua vida e do seu futuro. A toxidade não se limita a questões biológicas ou químicas, mas a tudo aquilo que possa impedir ou prejudicar uma vida saudável agora, e um avanço saudável ao futuro. As vezes a toxidade é orgânica, as vezes mental, as vezes emocional, as vezes espiritual e assim vai. Existem, por exemplo, muitos programas de televisão que são mais tóxicos do que saudáveis, muitos comentários que chegam até você que são tóxicos. Existem relações tóxicas, empregos ou trabalhos tóxicos. Somente você poderá decidir o que é ou não tóxico para sua vida. Saiba onde quer chegar, o que deseja alcançar, como quer viver, e saberá distinguir o que lhe ajuda e o que lhe fortalece. Pode também ocorrer de você decidir que aquilo que você está filtrando não é tóxico, mas também não é saudável, é simplesmente inócuo ou circunstancial. Sua responsabilidade maior perante a vida é fazer esse discernimento, passar as coisas todas por esse filtro. Uma vez que você tenha conseguido fazer esse filtro, poderá então passar à próxima perna do tripé.

ATITUDE

A segunda perna do tripé é a Atitude. Responsabilidade também é atitude. Uma vez que você faça bom uso do filtro do Discernimento, uma vez que você tenha separado o joio do trigo, o tóxico do saudável, cabe a você agora fazer alguma coisa à respeito, mobilizar energias em direção a um dos dois lados dessa balança. Você já descobriu o que lhe é tóxico (o que lhe atrapalha, lhe causa sofrimento), e o que lhe é saudável (o que lhe faz bem e lhe eleva em direção à concretização dos seus objetivos). Deve encontrar  então uma forma de acabar com a toxidade, se desprender dela, e de reforçar ou fortalecer o que lhe é saudável. Se não puder se desprender, então encontre uma maneira de tornar o tóxico no mínimo saudável, se não prazeroso. Essa decisão somente poderá ser tomada por você, por ninguém mais. Assim, você reforça o campo Responsabilidade.Como já bem escrito por Carnegie, talvez não seja o caso de jogar o limão fora, mas de transformar o limão numa limonada. Algumas coisas não chegam a ser tóxicas, nem saudáveis, então você deve igualmente decidir se continua ou não com elas, principalmente se surgirem situações mais saudáveis que aquela situação inócua. Como já disse, só você pode decidir isso.

 CONSEQUÊNCIAS

A terceira perna do tripé são as Consequências. Toda atitude, seja qual for, ou mesmo atitude nenhuma, ainda assim influenciará o seu presente e o seu futuro. O passado não mais. O presente representa as consequências do passado, onde você coloca alguns temperos a mais, que lhe trarão as consequências que chamaremos de futuro. Não há como não influenciar o presente e o futuro. Há sim, como deixar isso solto, afrouxado, deixando a vida lhe levar, como diz a música. Mas isso não é uma atitude responsável. Responsabilidade também é consciência. Agora você deve medir e saber bem quais são as consequências das suas atitudes, e arcar como ônus delas, sem reclamar de nada nem de ninguém. Lembre-se que se sua atitude for decidir por não fazer nada em determinado momento, ainda assim isso lhe gerará alguma consequência. Prevendo antecipadamente as consequências de seus atos, assumindo o ônus, não terá motivos para se vitimizar, nem para culpar outras pessoas. Agora sim, você fechou o ciclo do comportamento responsável.
Pratique o tripé e verá como a vida se torna mais fácil, como você se torna mais livre, mais autossuficiente, mais autossustentável, e até mesmo biossustentável, pois o seu sistema vivencial será menos estressado e mais responsável. Tire o peso que a palavra responsabilidade carrega para seus ombros, e torne-se responsável e consciente de seu papel nessa vida.



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Um conto meu: "Mata o Bicho, Mata!"

Susto durante a celebração da Missa, numa pequena cidade do interior de Minas e o surpreendente final, quando o autor do blog era criança.


MATA O BICHO, MATA...

 Mário Cleber da Silva.

Não se sabia desde quando era sacristão na cidadezinha calma - exteriormente. Interiormente, era um rebuliço só. A política entre dois partidos inimigos há décadas criou as duas siglas: os gambás e as cobras, e a alternância no poder revelava que ora a cobra comia o gambá, ora o gambá devorava a cobra. E, entre as eleições, o convívio entre eles não era dos mais amistosos.  Mas, criança como era, não percebia essas briguinhas e não podia dizer se o sacristão era gambá ou cobra. O padre – sabia-o bem – era gambá. Um gambá forte, sacudido, sério e muito religioso. E culto, diga-se a seu favor. O sacristão, ao contrário, era rude, esquelético, ou seco, talvez por pouco comer. Gostava mesmo era de beber. É possível que ele fosse cobra. Mesmo porque era bravo, muito bravo. Ninguém fazia hora com ele. Principalmente, as crianças, que fugiam dele como o diabo foge da cruz. De modo que, ao querer ser coroinha, minha mãe, preocupada com o futuro do filho, me advertiu: mas logo com o sacristão Seu Paulo? Ele vai infernizar sua vida.  Mas o que eu podia fazer, se me agradavam aquela batininha vermelha, aquela sobrepeliz branca e aquele tilintar da campainha na hora da consagração? Esperar ele morrer de tanto beber ou “matar o bicho”, como se dizia antigamente para depois ser coroinha? Nem pensar, eu ficaria adulto antes, pois a saúde do sacristão era muito boa. De modo que, discretamente, comecei a ajudar as missas. Não sei se por manter uma certa distância do sacristão ou por ele me ver como o menor dos coroinhas ou por usar grossos óculos de fundo de garrafa, o Seu Paulo caiu de amores para comigo. Amores e atenção. Sempre estava perto nas missas em que eu ajudava. Talvez com medo de que eu não tivesse força suficiente para transportar o pesadíssimo missal de um lado para o outro. Ou tropeçar nos degraus do altar. Convém lembrar aos menos incautos que tudo isso ocorria nos anos 50, época de latim nas missas e da posição do padre, de costas para os fiéis. E estávamos todos felizes: o padre, por ter mais um coroinha, eu, por conseguir realizar meu sonho, e o sacristão por ter despertado em si aquele lado paternal, tão relegado. Não tinha família. Por isso se dedicava tanto à igreja. Ou também aos copos de pinga.  E tudo ia muito bem até que um dia... Bem, apesar de ser um gambá, portanto animal, e de ser muito forte, o padre era medroso. Tinha medo de bicho, inseto ou qualquer coisa que o valha. Sim, um dia, ao se preparar para fazer a consagração, a padre percebeu um bichinho no altar. Mesmo com medo, levantou a hóstia. Ao abaixá-la, notou horrorizado que o bicho avançara para bem perto do cálice. Tremeu. Olhou para trás me encarando. “Psiu”, me chamou. Eu me levantei e fui para perto do altar. Vi o bicho lá. Uma coisa feia. “Tira daí”, ele murmurou. Eu, hein bébé? Se ele é forte e grande e não dá fim no bicho, não serei eu, fraquinho, que vou fazê-lo. O Padre percebeu. Olhou pro lado e viu o sacristão. ‘PSIU’,  esse saiu mais alto,  e olhando o cálice, disse: Mata o bicho, mata...” O sacristão ficou parado momentaneamente sem saber o que acontecia. E o padre, “mata o bicho, mata”. Bem, Seu Paulo não se fez de rogado. Levantou-se , foi até o altar, pegou o cálice e bebeu todo o vinho do padre.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Quer um Cérebro Funcionando Perfeitamente? Faça Jejum.

Este texto, encontrei-o em um site sobre Cérebro. É um assunto que devemos encarar: a saúde de nosso cérebro. Ele estando bem, quem sabe, podemos afastar o Mal do Alzheimer.




Desde 1930, pesquisas têm demonstrado que recursos nutricionais em excesso, que resultam em condições como a obesidade e a diabetes, podem ser tóxicos para o cérebro. Por outro lado, dietas mais restritivas promovem uma série de efeitos protetores complexos que previnem doenças relacionadas à idade e, consequentemente, prolongam a vida.
Já discutimos em artigos anteriores como o exercício físico regular ajuda a proteger o cérebro do declínio de habilidades associado à idade. Em um estudo recente, publicado na revista Nature Reviews Neuroscience, o autor argumenta que a dieta é tão importante quanto. Para defender seu ponto de vista, ele cita resultados que demonstram que o jejum intermitente –feito em dias alternados – pode proteger o cérebro dos adultos. Mas como deixar de comer a cada 24 horas pode ser benéfico para o cérebro?
Segundo o neurocientista, o jejum é um desafio para o sistema nervoso e, se analisado sob a perspectiva da evolução, os animais (inclusive nossos ancestrais) geralmente tinham que passar longos períodos sem comida. Se o seu corpo fica sem comida por um tempo, sua mente tem que ficar mais ativa, para lhe ajudar a encontrar uma maneira de obter comida.
Essa atividade mental aumentada foi comprovada através do estudo com camundongos. O jejum intermitente resultou em efeitos protetores do cérebro, como o aumento do nível do fator neurotrófico derivado do cérebro (BNDF), bem como o de antioxidantes, enzimas reparadoras de DNA e outras substâncias que ajudam a promover a plasticidade e a sobrevivência dos neurônios.
Alguns estudos recentes sugerem que uma dieta de baixa caloria promove a saúde, principalmente com relação a algumas doenças, como o Alzheimer, Parkinson e AVC. Porém os pesquisadores desse último estudo argumentam que, em se tratando do cérebro, a restrição calórica tem pouco efeito. Já o jejum intermitente promove o aumento da neurogênese, efeito até então obtido só com exercícios físicos.
Até o momento, apenas dois pequenos estudos testaram os efeitos do jejum intermitente em humanos. Um avaliou seu efeito sobre pessoas com asma e outro sobre mulheres com alto risco de câncer de mama, e ambos mostraram efeitos animadores. Nesses estudos, o jejum intermitente consistia em dieta livre num dia e restrição calórica (aproximadamente 600 calorias) no outro.
Os neurocientistas planejam agora um estudo envolvendo o cérebro humano, com enfoque em pessoas com risco elevado de declínio cognitivo associado à idade. A expectativa é que obtenham resultados positivos, demonstrando efeitos protetores concretos no cérebro, similares aos dos estudos em camundongos.
Entretanto, não há motivo para todos começarem a fazer jejum ainda, pois existem muitas coisas desconhecidas sobre a relação da ingestão calórica e o cérebro. Trata-se de um mistério para os cientistas, pois é sabido que doenças como a anorexia são muito tóxicas para o corpo e para o cérebro. Não se sabe quando ou como esses processos passam de saudáveis para serem não saudáveis. Portanto, a melhor coisa a fazer para se ter corpo e mente saudáveis é seguir uma dieta balanceada, acompanhada de exercícios físicos, assim como exercícios para o cérebro.
  

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Benefícios da Mesada



Existem situações que os pais podem promover e que serão importantes na vida dos filhos. Não passar medo para as crianças, por exemplo. Ou dar mesada. Fiz as duas coisas. Quanto a dar mesada, li este artigo, achei-o pertinente e creio que será relevante para os pais e ou avôs/avós que me leem.




MESADA AUMENTA AS CHANCES DE SUCESSO FINANCEIRO NA VIDA ADULTA






Muitos pais se perguntam se devem dar mesada aos seus filhos, em que momento e qual seria a quantia exata para cada idade. Entrevistamos a economista e coach financeiro da Mais Money, Christiane Monteiro Spíndola Marins, para falar sobre o assunto.

De acordo com a especialista, a mesada traz vários benefícios ao entendimento da criança sobre o valor do dinheiro. “Além de desenvolver o senso de responsabilidade, a administração de uma mesada pode ensinar o quanto pode ser difícil fazer o dinheiro render quando não se tem controle sobre os próprios impulsos de consumo”, explica. Christiane ainda diz que “quanto mais cedo for introduzido esse processo, maior é a chance de uma vida adulta com saúde financeira”.

Ela fala que primeiramente é preciso começar a educação financeira das crianças próximo aos dois anos de idade – quando começam a demonstrar desejos próprios – mostrando o processo da troca do dinheiro por produtos. “Também é interessante explicar para elas, por meio de conversas, jogos e brincadeiras, que nem tudo que querem ou assistem na TV é para comprar. É preciso estimulá-las a refletir e pensar sobre como utilizar o dinheiro”, recomenda.

Christiane diz que quando a criança começa a levar dinheiro na escola, para comprar o lanche e até mesmo figurinhas e outros itens que deseja, pode ser o momento de inserir a semanada. “No começo, o ideal é que seja semanada para que a criança aprenda aos poucos como administrar o seu dinheiro. Depois desse período de adaptação, o dinheiro pode ser quinzenalmente e até chegar ao período mensal”, diz.

“Os pais devem começar com pequenas quantias semanais e gradativamente ir aumentando o valor e as responsabilidades”, indica Christiane. A especialista ainda comenta que, como se deve mostrar para a criança a importância da conquista dos valores que recebem, é possível associar a semanada ou mesada a valores de pequenos trabalhos. “Entretanto, não é interessante associar esse dinheiro a desempenho escolar, pois o estudo deve ser incentivado pela importância que ele terá na vida dessas crianças”, alerta.

A especialista lembra uma falha muito grande que acontece em algumas famílias. “Muitas crianças e adolescentes gastam além da conta e passam a recorrer sistematicamente aos pais para conseguir mais dinheiro. Se os pais cedem aos pedidos, o filho não aprende a controlar os impulsos e cria a ilusão de que pode gastar sem limites. Quando isso acontece, a mesada perde a sua função”, diz.

Como educar os filhos financeiramente

Christiane define em alguns passos e fases como deve ser feita a educação financeira dos filhos a partir dos primeiros anos de idade.

- O primeiro passo é ensinar as crianças na educação financeira, mostrando o processo de troca do dinheiro por produtos. Esse momento visa iniciá-las no contato com o dinheiro.
- O segundo processo deve mostrar as crianças como gastar o dinheiro de forma responsável, capacitando-as a distinguir o que é desejo do que é necessário.
- A terceira fase é ensinar a poupar, a entender o valor das coisas, o limite e a disciplina.
- A última fase consiste em ensinar a como doar tempo, talento e dinheiro.
- A partir do ensino fundamental, devem ser introduzidas noções de economia doméstica, consumo, como comprar melhor, aprofundar temas como aprender a fazer melhores escolhas na hora de comprar e definir pequenos objetivos.
- Do segundo grau em diante, os jovens devem aprender sobre os princípios básicos de economia, finanças, investimentos e a se planejarem para o futuro que desejam ter.
- No nível acadêmico esses temas devem ser mais aprofundados, como montar um planejamento pessoal de curto, médio e longo prazo, definir objetivos para a vida, que profissionais buscar para a resolução de problemas, quando existirem.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

MUDE SUA PERSONALIDADE E VIVA MAIS


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Nestes últimos 14 anos, em meus cursos de Inteligência Emocional tenho falado da síndrome de Gabriela: eu nasci assim, eu sou sempre assim, Gabriela. A pessoa diz que nasceu deste jeito e vai morrer assim. Grande erro. Não só psicologicamente, como fisicamente.
Este texto, li-o no site de Cérebro Melhor. A segunda característica psicológica responsável pela longevidade, apontada pelo artigo, poderia ser chamada de agressividade, ou autoafirmatividade ou o famoso “não levar desaforo para casa”? Ou seria a flexibilidade, a adaptabilidade? Deixo para os leitores tirarem suas conclusões.

Viver até os 100 anos de idade ainda é um acontecimento raro, mas está se tornando cada vez mais comum no mundo todo. No Brasil, esse grupo já representa mais de 23.000 pessoas, segundo o Censo de 2010. Mas como essas pessoas conseguem viver tanto? Pesquisas sugerem que boa parte da resposta está nos genes dessas pessoas, porém descobriu-se recentemente que a personalidade também é um fator importante da longevidade.
Se a personalidade é importante para a longevidade, será que conseguimos mudar nossa personalidade? Existe uma crença comum de que “cachorro velho não consegue aprender novos truques”, ou seja, uma vez que a personalidade é formada no início da vida adulta, ela permanece inalterada ao longo da vida. Mas um novo estudo desafia essa crença utilizando uma intervenção cognitiva baseada em exercícios para o cérebro.
Pesquisadores desenvolveram um programa de treinamento para melhorar a capacidade de raciocínio em idosos que consistia em uma série de desafios que eles podiam fazer em casa. Os idosos possuíam entre 60 e 94 anos de idade e completavam os desafios cada um no seu ritmo, porém o nível de dificuldade individual aumentava a cada semana. Cada participante passou por um teste de habilidades cognitivas (como memória, atenção, raciocínio lógico etc.) e de traços de personalidade, antes, durante e depois do programa de treinamento.
Vale explicar que a personalidade refere-se a um conjunto estável de padrões comportamentais, bem como traços cognitivos, motivacionais, sociais e emocionais, que são influenciados pelo histórico familiar, predisposição genética, ambiente e fatores socioculturais. A psicologia geralmente descreve a personalidade de uma pessoa através de cinco fatores: neuroticismo, extroversão, amabilidade, conscienciosidade e abertura para o novo.
Voltando ao estudo, os participantes que passaram pelo programa de treinamento, com 16 semanas de duração,tiveram melhora nas suas habilidades cognitivas. Além disso, os que apresentaram ganho nas habilidades de raciocínio indutivo, também demonstraram um aumento moderado, porém significativo, em abertura para o novo, um dos cinco fatores de personalidade. Com esse resultado, esse estudo é um dos primeiros a demonstrar que traços de personalidade podem mudar através de intervenções “não fármaco-psicológicas”.
Essa descoberta, apesar de ainda estar limitada a um traço da personalidade, abre uma série de possibilidades interessantes, pois diversos estudos já apontam que existem características de personalidade favoráveis à boa saúde na terceira idade, bem como à longevidade. Inclusive, um estudo recente conseguiu identificá-los de maneira mais completa, pois utilizou um grupo mais homogêneo de pessoas.
A pesquisa contou com mais de 243 centenários, com idade média de 97,6 anos, dentre um grupo de judeus do Leste Europeu. Após analisar os aspectos de personalidade desse grupo, os pesquisadores verificaram que os centenários compartilham certos traços de personalidade que estão associados à longevidade, os quais foram resumidos em duas características.
A primeira característica é o que eles chamam de “atitude positiva com relação à vida”, que consiste na pessoa ser otimista, fácil de lidar, dar risada, gostar de sair e possuir uma rede social grande. Já a outra característica foi batizada de “expressão emocional”, que é a capacidade da pessoa expressar abertamente suas emoções, ao invés de represa-las.
Mas não basta ter longevidade sem qualidade de vida, principalmente no que se refere à saúde mental. Daí a importância de uma série de atitudes para promover o bem-estar das pessoas,como  sono suficiente, alimentação adequada, controle do estresse, exercícios físicos, estímulo cognitivo e “leitura deste blog”.