Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Dois Poemas de Neruda ou Dois Nerudas?


Sonetos de Neruda.
Vou postar dois poemas de Neruda. O segundo, em português, parece que foi um grande equívoco do poeta. Quando a política cega o raciocínio.
Em seu livro “100 Sonetos de Amor”, podemos ler maravilhas. Achei interessante este texto que meu amigo do Acre colocou no Facebook.

Em espanhol.:

El 12 de julio de 1904 nacía uno de los poetas más reconocidos dentro de la lengua castellana: el chileno Pablo Neruda, premio Nobel de Literatura 1971. De su libro Cien sonetos de amor, copiamos aquí el canto XXV:

Antes de amarte, amor, nada era mío: 
vacilé por las calles y las cosas: 
nada contaba ni tenía nombre: 
el mundo era del aire que esperaba. 

Yo conocí salones cenicientos, 
túneles habitados por la luna, 
hangares crueles que se despedían, 
preguntas que insistían en la arena. 

Todo estaba vacío, muerto y mudo, 
caído, abandonado y decaído, 
todo era inalienablemente ajeno. 

Todo era de los otros y de nadie, 
hasta que tu belleza y tu pobreza 
llenaron el otoño de regalos.


 Agora o segundo poema (o político)


ODE A LÊNIN

Alguns homens foram só estudo,
Livro profundo, apaixonada ciência,
e outros homens tiveram
como virtude da alma o movimento
Lênin teve duas asas:
o movimento e a sabedoria.
Criou no pensamento,
decifrou os enigmas,
foi rasgando as máscaras
da verdade e do homem
e estava em toda parte,
estava ao mesmo tempo em toda a parte.

............................................
Obrigado, Lênin,
pela energia e a lição,
pela firmeza,
obrigado por Leningrado e as estepes,
obrigado pela batalha e pela paz,
obrigado pelo trigo infinito,
obrigado pelas escolas,
obrigado pelos teus pequenos,
titânicos soldados,
obrigado pelo ar que respiro na terra
que não se parece a outro ar;
é espaço fragrante,
eletricidade de enérgicas montanhas.
Obrigado, Lênin,
Pelo ar e o pão e a esperança.




terça-feira, 25 de setembro de 2012

Tiradas Filosóficas de Chaves




Quem não assistiu ao programa Chaves levante a mão. É raro alguém não ter visto nada nestas mais de duas décadas que o Chaves freqüenta a nossa TV.  Este final de semana, saiu uma notícia falsa na internet, falando da morte de Chaves. Já tinha este texto preparado anteriormente, então resolvi postá-lo neste momento e falar que até agora o ator está bem vivinho.
Frases dele ou de outros personagens e uma explicação sobre elas.
"Não há nada mais trabalhoso do que viver sem trabalhar" -
Seu Madruga podia até não ser muito fã do trabalho, mas sempre soltava suas pérolas de sabedoria. Se alguém acha que trabalhar para ganhar dinheiro é difícil, uma boa alternativa é tentar ganhar dinheiro sem trabalhar. Assim, a essência filosófica do que ele disse é: ganhar dinheiro trabalhando é fácil. Difícil mesmo, é encontrar uma forma de fazer as verdinhas chegarem até a nossa conta bancária sem mover um dedo. E é por isso que aposentado ganha pouco.

"Da discussão nasce a luz" –
Esta é certamente uma das pérolas da Chiquinha." Da discussão nasce a luz" é creditada frequentemente ao filósofo Ptolomeu. Mas foi mesmo imortalizada pela filha de Seu Madruga nas mentes dos brasileiros. O que mostra como estes programas podem ser cultos.  Muitos significados são atribuídos a esta frase, um dos mais populares é que de embates e debates podemos tirar inovação, conhecimento e desenvolvimento. A própria palavra luz é muitas vezes associada à noção de ideia e inovação, aprendizado e sabedoria. Quando queremos representar uma ideia, geralmente desenhamos uma luz acesa sob a cabeça do autor da ideia. Veeja o Professor Pardal de Walt Disney.

“Foi sem querer, querendo”.
Será mesmo? Uma coisa é fato: Se Freud não explica, pode deixar que o Chaves o faz. " Foi sem querer querendo" se consagrou como um dos clássicos da série. Sempre utilizado pelo Chaves como uma forma de assumir a falta de controle de seus impulsos, principalmente os ligados à fome.
Mas, o que a frase do Chaves realmente reflete é como o nosso subconsciente, aquela parte de nós que detestaríamos encontrar na rua, está sempre aprontando alguma conosco. Enquanto uma parte de nós que fazer o que é certo ou aceitável, tem sempre uma pequena parte da gente que adoraria ser a vilã da vida dos outros e mostrar suas garras para tudo e todos. Pois as ações podem revelar o Médico ou o Monstro que habita em cada um. (Aproveite e veja a história de O Médico e o Monstro)
"Volta o cão arrependido com suas orelhas bem fartas, com o seu osso ruído e com o rabo entre as patas" -
Uma das frases campeãs de popularidade no Chaves. "Volta o cão arrependido" é um tesouro do seriado. Representando aquele sentimento de Déjà vu, ou eu já sabia, e o que mais eu poderia esperar, sempre que alguém repete uma asneira ou trollagem previsível e esperada.
"Pra que perguntar uma coisa que se nota a quilômetros".
Nada de reinventar a roda. Há atitudes que realmente simplificam a vida. Saber fazer bom uso do tempo é certamente uma delas. Tempo é a riqueza mais preciosa que podemos ter. Então se formos inteligentes não perderemos o nosso tempo fazendo perguntas para as quais já sabemos a resposta, e sim, procurando respostas para perguntas que ainda não sabemos como responder.

"A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena"
Cunhada por Seu Madruga e repetida inúmeras vezes por Chaves. A frase, sem dúvida, deveria estar pendurada nas portas das vilãs de novela como Carminha e Nina de "Avenida Brasil" e que parecem nunca ter assistido ao Chaves, escolhendo viver em uma eterna picuinha. Já faz tempo que a ciência aponta que a vingança não faz ninguém se sentir realmente melhor depois de praticada, e realmente parece induzir o sentimento oposto ao de satisfação. Então se a vingança é um prato que se come frio, segundo a filosofia de vida do Chaves é melhor deixar para prepará-lo outro dia. Dois políticos mineiros, já mortos, eram tidos como grandes guardadores de ódio na geladeira.).
"Pois é, pois é, pois é, pois é…."
Adoro esta frase. Já desanuviei um “climão” com ela. Pois é, apesar de simples, esta frase nos conta muito. Nela a Chiquinha nos deixa saber que de nada adianta brigar com o mundo. Isto porque algumas coisas simplesmente são do jeito que são. Não adianta opinar, reclamar ou apontar. Em alguns momentos só nos resta concordar e seguir adiante, afinal: a boa vida é simples.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Atenção, senhores passageiros, ocupem seus lugares!

Há décadas, escrevi esta crônica. Espero que gostem desta conturbada viagem.





Atenção, senhores passageiros, ocupem seus lugares!


Mário Cleber da Silva

            A voz esganiçada no alto-falante acordou alguns que cochilavam nos duros e frios bancos da rodoviária de Camelinha, pequena cidade mineira incrustada no polígono das secas. O relógio batia as oito badaladas, e o sol, ainda que receoso e incapaz de espantar o friozinho, já aparecia brilhante no céu limpo e sem nuvens. O pessoal foi se acomodando nas poltronas apertadas e desconfortáveis, ajeitando as malas e bagagens, e arrumando os sacos de matula. Viajar nesses ônibus sem matula é uma temeridade. Se ficarem na estrada poeirenta, estarão todos mortos de fome. Como tinham tomado o café da manhã recentemente, ninguém mexeu nos “embornais”. Mas quando o motorista parou em Contado, uma hora depois, todo mundo desceu correndo do ônibus para esvaziar a bexiga e os bolsos, e encher o bandulho.
            A vendinha do Zé da Estrada era pequena para a quantidade de fregueses que queria tomar café e comer pão doce. Tadeu, um empertigado rapaz de dezoito anos que ia para São Paulo arrumar emprego, foi o primeiro a conseguir seu pão acompanhado de um coité de pinga. Saiu cuspindo pedaços de pão doce pela boca brilhante para o céu limpo e sem nuvens. Ele gritou para mim:
-        Ô, Quatro Olhos, quer um pedaço, quer?
            Morto de vergonha, fingi que não era eu (não havia o tal de bullying naquela época), puxei a cortina da janela e me encolhi no ônibus. E nem respondi, deixando-o mastigando violentamente o seu naco de comida. Pouco depois, voltaram os passageiros para dentro e a viagem recomeçou. Tadeu não se fez de rogado: entrou no frango com farofa e no biscoito de goma, mordendo com todos os dentes, lambuzando a boca e estalando a língua de satisfação. De vez em quando, grunhia alguma coisa e saía farofa para todo lado.
            Vizinha dele ia a Do Amparo, uma mulherona forte, sacudida, de cabelo duro e ruim, cortado à navalha rente ao pescoço (aquele cabelo, só mesmo à navalha) e que também atacava uns pedaços de frango e uns biscoitos fofos, parecidos com orelhas de velho, e bebericando leite um tanto azedo com o calor. E não eram pedaços esmirrados de frangos, não, tipo pescoço ou asa; eram o peito, as coxas e as sobrecoxas. Os lábios carnudos e grossos brilhavam de gordura. A satisfação era completa.
            Ali perto, o político famoso, Fimenta, dono de terras, gado e gente, ia visitar uns parentes em Belo Horizonte. Levava de tudo para a família: de galinha na gordura até óleo de pequi, coisa gostosa e muito apreciada na região, cujas latas ele cuidadosamente colocara no portabagagens e que com os solavancos começaram a se abrir e soltar uns pingos amarelados, que caíam na camisa branca do terno de Hermenegildo Kangra, outro político, porém mais jovem, que dormia a sono solto e de boca aberta.
            A Do Amparo falava alto para a vizinha:
-        Pois é, dona, nunca fui a Belo Horizonte. Dizem que tem umas casas grandes, artas e muito bonitas, né? Como faiz estas casas?
-        É, nega – respondia a outra no mesmo tom e muito íntima para chamá-la com este apelido carinhoso – ouvi dizer que usam umas varas cumpridas que vão até o céu.
            E o papo continuava, a comilança andava solta, e o sono dos justos não era despertado. Mas com tanta gente comendo, era de esperar que o efeito logo começasse a ser sentido. E não tardou que tal fato se desse. Os “ventos” soltados voluntariamente ou involuntariamente começaram a subir do chão para o alto do ônibus, e o mau cheiro já começava a perturbar até os sonolentos passageiros. Os que estavam acordados usavam as duas mãos para proteger nariz e boca. A catinga perdurava.. De repente, todo mundo ouviu o motorista gritar.
-        Por favor, abram as janelas. Abram as janelas que eu num aguento. Abram! abram!
            O cobrador saiu como louco lá da frente do ônibus, perto do motorista, empunhando um litro de Bom Ar, tamanho família. Como se fosse um crucifixo, começou a exorcizar o demônio do mau cheiro que impregnava o ônibus inteiro. Perto de Tadeu e Do Amparo, ele bufou duas vezes mais: puf, puf. Antes de chegar à traseira do ônibus, o bom ar já tinha acabado. Foi quando o motorista falou, então, pela segunda vez:
-        Tá proibido comer frango com farinha aqui dentro deste coletivo.
            A farra acabou, e a viagem perdeu a graça.



domingo, 16 de setembro de 2012

SEXO NO CASAMENTO TENDE A DIMINUIR



Estava num grupo de amigos, quando um deles, sabendo de minha situação, me segredou: namorar é bom, mas casar não é, não. Sem jeito, concordei com a primeira parte da frase. E emendei: é, dormir juntinho, de conchinha. Ele, rápido no gatilho: mas casado cansa, enjoa. Mulher enche. Ela me pergunta sempre porque fico rindo quando saio. Eu, de novo, e com ironia: não tem motivo para rir dentro de casa, né? Ele gargalhou.

SEXO NO CASAMENTO TENDE A DIMINUIR.
(Não tire conclusões antes de ler o artigo).

Casais reclamam, especialistas concordam e estudo alerta: depois do casamento, as pessoas têm relações sexuais menos frequentemente. De acordo com a psicóloga e sexóloga Maria Claudia Lordello, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a segurança de um relacionamento estável realmente faz diminuir a sedução entre os parceiros. O desejo pelo que já foi conquistado diminui muito e, com isso, os casais relaxam e começam a viver uma rotina onde o sexo passa a não estar entre as prioridades. "O outro está tão disponível que deixa de ter valor". 
Para a psicanalista Regina Navarro Lins, o fato de a pessoa saber que aquele cônjuge está aos seus pés, não olha para mais ninguém e não pode sair com outra pessoa leva ao comodismo. Na fase de namoro, por exemplo, os casais se preparam para o encontro, sentem mais insegurança de romper a relação e dificilmente se veem todos os dias. Tudo isso tende a acabar com o matrimônio, afinal, vivem juntos, sob um único teto, dividindo afazeres e preocupações --a chegada dos filhos é um fator importante, pois altera a vida do casal.

O psicólogo Oswaldo Martins Rodrigues Junior, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade, explica que as mulheres têm um formato de desenvolvimento do desejo sexual que exige estímulos sobre os cinco sentidos. "No entanto, no dia a dia, tais mecanismos românticos são custosos, para homens e mulheres, e ao longo do tempo deixam de existir por uma questão de economia de energia por parte de ambos", afirma.
Se um quer ter relações sexuais  e o outro não, a relação pode ser deixada para o dia seguinte ou para a próxima semana. "Essa disponibilidade acomoda as pessoas”, afirma Maria Claudia. E quem mais sofre com essa situação são as mulheres, pois elas precisam ser mais estimuladas do que os homens para ter vontade. "Eles, muitas vezes, deixam de se empenhar para estimular a parceira”, diz a terapeuta sexual Imacolada Marino Gonçalves, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Uma pesquisa coordenada pela psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, do ProSex (Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), com o apoio da Pfizer, realizada em 2008, mostra que um relacionamento de longa data interfere negativamente no sexo na opinião de 34,8% dos homens e 33,4% das mulheres. "Quando o casal deixa-se levar pela rotina, o relacionamento sexual tende a ficar cada vez menos frequente e prazeroso", afirma a coordenadora do estudo.

Sexo é prioridade no casamento?
Segundo a pesquisa Mosaico Brasil, também realizada pelo ProSex em parceria com a Pfizer, para os homens, a atividade sexual só é menos importante do que ter uma alimentação saudável e o tempo de convivência com a família.

Já para a média das brasileiras, o sexo cai para o oitavo lugar, perdendo para alimentação saudável, tempo de convivência com a família, qualidade do sono, prevenção de doenças e cuidados com a saúde, trabalhar no que gosta, ter tempo para atividades culturais ou "hobbies" e convivência social.

Segundo Imacolada, o casamento cria outras prioridades, diminuindo o tempo para o sexo. Mesmo assim, é importante dar atenção ao problema, pois isso pode atrapalhar o relacionamento, principalmente se atingir casais jovens.

Mas a solução não é obrigar-se a ter relação sexual. Muitas mulheres ainda preferem ceder e fazer sexo sem vontade a desagradar o parceiro, segundo Regina Navarro. "Transar por obrigação não favorece o tesão. O homem percebe e se sente rejeitado", diz ela, que afirma, ainda, que a diminuição do desejo não demonstra que o afeto está acabando. "Amor e sexo são coisas distintas". E, claro, se é o homem o desinteressado, a mulher também nota.

Como manter o vigor sexual após anos juntos 

A sexóloga Maria Claudia afirma que é importante fazer um esforço para manter a criatividade e o tesão dentro de uma relação estável e longa. "A melhor maneira de não permitir que as coisas esfriem é entender que o casamento exige um planejamento. Não adianta acreditar que tudo vai durar para sempre. É preciso alimentar a vida conjugal".

Veja dicas que podem dar uma mãozinha:

Preservar o encontro

Valorize o encontro do casal. E isso não significa, necessariamente, ter dia e hora agendados para ir ao motel. “É importante se produzir, se preparar e criar uma expectativa. O casal pode ir a um restaurante, um cinema e entrar em um clima de sedução”, afirma Maria Claudia. Lembre-se: é fundamental reconquistar o parceiro sempre e não transformar o sexo em uma atividade burocrática: que sempre começa e termina do mesmo jeito, no mesmo lugar, no mesmo dia da semana.

Fantasiar

“O sexo é uma brincadeira”, explica a sexóloga Maria Claudia. Segundo ela, a imaginação nem sempre precisa ser concretizada; pode ser algo que acontece apenas dentro da sua cabeça. “Se imaginar que o seu marido é o galã da novela te excita, deixe rolar, sem culpa”, afirma. Para Imacolada Marino Gonçalves, os homens são craques em agir assim. “Eles transam com a parceira e imaginam a mulher-fruta”, afirma. E isso não é traição, mas um estímulo para a criatividade, que contribui para o tesão.

 

Estimule suas idéias

“A criatividade é muito pobre e precisa de uma forcinha”, de acordo com Maria Claudia. Por isso, vale assistir filmes, observar fotos, entrar em uma história –picante ou romântica. O que é excitante muda de pessoa para pessoa. É preciso saber o que lhe agrada e se deixar envolver. “Não adianta esperar que o desejo vá surgir do nada. Busque o que desperta a sua vontade”,  Maria Claudia.


Fale sobre suas vontades

Cada parceiro deve conversar sobre as práticas que lhe dão prazer, as que não dão, as experiências que gostaria de ter, os pontos do corpo onde quer ser tocado e arriscar novidades. Sem vergonha, homens e mulheres devem levar para a relação sexual as novidades que descobriram: vendo um filme, lendo uma reportagem, após uma conversa com um amigo. Quem for surpreendido, porém, não deve encarar a inovação com preconceitos. Liberte-se deles e prove o novo (desde que esteja dentro dos seus limites), como posições do Kama Sutra, por exemplo. 

Cuide da aparência

Homens e mulheres tendem a descuidar de si mesmos após o casamento. E intimidade demais pode estragar o relacionamento e esfriar o sexo.  Isso desestimula o casal e quem os observa também. “Sentir-se desejado é um estímulo e tanto para a libido. Você pode levar uma cantada de uma pessoa na rua, mas chegar em casa com vontade de se realizar com o seu cônjuge”, exemplifica Maria Claudia.

OBSERVAÇÃO MINHA. Caso alguém queira ler um livro curioso sobre este assunto, indico o “Como Fazer Amor com a mesma pessoa por toda vida e continuar gostando”.  Autora: Dagmar O´Connor.
Ou “Jogos de Paixão” de Felice Dunas e Philip Goldberg.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Falta de limite para a criança e os determinantes de um crescimento feliz.



Uma coisa é certa: a melhor forma de educar filhos muda com espantosa velocidade. Os tempos também são outros. Para sair deste imbróglio é  preciso atualizar-se. Ler com uma visão crítica tudo o que aparece. Para dar minha contribuição a isto, segue um texto que li e achei pertinente.

Falta de limite para a criança e os determinantes de um crescimento feliz.
por Ceres Araujo

Foco aqui um trajeto de desenvolvimento infeliz, que está sendo frequente nos nossos dias.

Cumpre salientar que existem trajetos felizes de desenvolvimento. Existem famílias funcionais, onde os filhos crescem sob o olhar coruja de seus pais, filhos que se sentem amados, valorizados, mas recebem os limites adequados ao seu comportamento e aprendem a viver civilizadamente na coletividade, respeitando os outros e se fazendo ser respeitados.

Entretanto, existem aqueles filhos que foram criados de forma superprotegida.

A Psicologia e a Pedagogia do meio do século anterior, talvez tenham sido as principais responsáveis pela retirada das interdições às condutas das crianças. Postulava-se que uma educação restritiva demais impediria o desabrochar das potencialidades da criança. Isso pode ser mesmo verdade, porém, da tese se partiu para a antítese. O “não” foi abolido como execrável, passando a ser proibido. As crianças ganharam o mando nas famílias e os pais se submeteram a elas, possivelmente acreditando que assim iriam formar pessoas com “personalidade forte” e criativas.

Ledo engano, a história provou o contrário. Crianças que foram criadas sem limites, não adquiriram o controle necessário sobre seus impulsos, não aprenderam a entreter tensão interna, a tolerar esperas e não foram ensinadas a lidar com frustração. Como resultante, crianças criadas dessa forma tiveram prejuízos na capacidade para elaboração mental e prejuízos também no fortalecimento do ego. Não atualizaram portanto seus potenciais para o desenvolvimento, ao contrário, os desperdiçaram.

As crianças que viveram sem os “nãos”, buscaram sempre o prazer imediato e se acostumaram a exigir a satisfação pronta de suas necessidades e desejos. Não aprenderam a levar as necessidades e desejos do outro em consideração, pois, centradas em si mesmas e egoístas, tornaram seus pais reféns de suas exigências. Assim os pais, modelos primários de identidade, foram desvalorizados e despontencializados. Elas se acreditaram superpoderosas e donas do mundo. Assustadoras, por sua postura arrogante e agressiva, internamente se constituíram como fracas e assustadiças, pois não tinham quem as protegessem até delas mesmas.

Esses filhos cresceram desperdiçando suas energias para manter a ilusão de sua onipotência. Usaram de birra, negativismo e oposição na crença de que poderiam manter suas famílias e seus professores sob seu jugo. Alguns tiveram a felicidade de encontrar pessoas psicologicamente mais fortes e íntegras que os confrontaram, os ajudaram a sair dessa situação de “bebês eternos” e os ensinaram a considerar as pessoas e a fazer trocas afetivas e de conhecimento com elas. Outros, entretanto, cresceram como centro de atenções patológicas dos pais, jamais contrariados e se transformaram em adolescentes difíceis de trato, cheios da presunção de serem únicos, sempre exigentes e insatisfeitos.

Com constante dificuldade para lidar com frustração e para controlar seus impulsos, esses adolescentes se transformaram em adultos pouco criativos, com problemas na conduta interativa e na conduta social. Consequentemente, tenderam a falhar nas atividades profissionais. Mudanças de emprego, de trabalho frequentes demais caracterizam essas pessoas, pois elas não adquiriram a possibilidade de aceitar comandos e não sabem usar inteligentemente de argumentações e negociações.

São adultos também incapacitados para relacionamentos interpessoais que sejam nutridores, por não terem sido preparados para assumir qualquer responsabilidade sobre o outro. Querem apenas receber e pouco sabem dar alguma coisa em troca.

Existe uma corrente que ainda acredita que o adulto criado dessa maneira pode dar certo no trabalho e que talvez essa seja a fórmula para o indivíduo ser um empreendedor de sucesso. Será? Provavelmente não, pois não se vive no mundo das ideias, mas no mundo de pessoas.

Empreender algo pode se iniciar como ação individual, mas é uma ação que precisa ser posta em prática no mundo das pessoas e das situações, requerendo uma série de competências que indivíduos que foram criados sem limites dificilmente terão. Lembro aqui algumas delas: liderança, trabalho em equipe, negociação.

Quais seriam os determinantes então de um crescimento feliz?

É difícil responder a essa questão. Não existem fórmulas precisas, apenas indicadores para um desenvolvimento saudável. Cada criança nasce dotada de uma carga genética que interage com o meio no qual ela se insere. O cérebro se estrutura e se desenvolve em função das relações interpessoais da pessoa desde o início de sua vida. Sabe-se que as redes neuronais se formam em função das redes de significado a partir das relações da criança com as pessoas que lhe são importantes.

Para se tornar um ser civilizado, a criança precisa aprender a controlar sua impulsividade e a regular suas emoções. Necessita de regras, normas, valores e princípios que possam nortear sua conduta. Decorre daí a importância dos pais como educadores de verdade. Pais mandam e filhos obedecem – é um saber popular que faz sentido. Na adolescência, pais mandam e filhos argumentam, pois ganham o direito a réplicas e tréplicas e, assim, aprendem o poder e o valor de uma negociação válida, aprendizado que eles mantêm para o resto de suas vidas.

Filhos podem e devem ser mimados. Mimo nunca estragou ninguém, pelo contrário constitui um fator fundamental para a constituição da autoestima, por garantir a sensação de ser amado. Mas, os mimos precisam ser associados aos limites, às interdições e às demandas, proporcionais às diferentes idades.

É função dos pais criarem pessoas que respeitem os outros e que se façam ser respeitadas, condições básicas para relações afetivas felizes e para êxito profissional na vida adulta.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MINI CONTOS E ANIVERSÁRIO DE DOIS ANOS DO BLOG



Hoje completamos dois anos de muito sucesso. Só posso considerar sucesso. Foram mais de 6.150 acessos ao blog, nestes 24 meses. Mais de 250 por mês. Em julho atingimos o recorde: 553. Numa única semana, foram 154 acessos. As postagens também foram em número elevado e com temas variados: 188, sendo que a campeã disparada na preferência do público foi “Quando começar um novo relacionamento”. Recebi, por email, inúmeros comentários elogiosos. Os que criticaram, deletei. Brincadeira: foram dois: um, que não entendeu a ironia e criticou a Nova Versão de Chapeuzinho Vermelho. A outra não gostou de relembrar os velhos e bons tempos na crônica “Vou-me embora para o passado”.
Agora, os leitores são um caso à parte. Do mundo inteiro (uma baita surpresa): Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, Alemanha, Polônia, India, Venezuela, Austrália, Canadá, França, Angola, Argentina, Colômbia, Uruguai, Portugal etc. Irlanda também apareceu. (Cá pra nós: estou desconfiado que é Putin que acessa na Rússia. Sabem, como é que é: para desestressar). Agora o que mexeu mesmo com o meu coração e minha fantasia foi a Suécia. Ninguém me tira da cabeça que a Real Academia Sueca está pensando em dar um prêmio Nobel a um blog. Afinal, coisa moderníssima. E, naturalmente, eu estou cotado. Já pensou, depois de Saramago, um brasileiro? Então, peço a meus leitores que, caso sejam contatados por algum sueco, elogiem bastante o blog. Se for uma sueca, bem, esqueçam...
Para vocês não ficarem xororô depois desta grande introdução, narrando o nosso sucesso, do blog e leitores, vou mandar algo novo, inédito, escrito por mim. Mini Contos. Mas, afinal, o que é isso? São pequenos contos ou poemas, com no máximo 50 letras (excluindo o título), e, que muitas vezes, deixa a cabo do leitor a conclusão. Lembrem-se dos Hai Kais, que escrevi aqui? Agora é a vez dos Mini Contos. Existe um livrinho com um grande título: Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século. Já tenho escrito mais de 70. Vou dar uma amostra para vocês.
Obrigado, e até no próximo aniversário.





MINI CONTOS         -  Por Mário Cleber da Silva.


TEOFILIA.
Dizia ser filho de Deus, mas nunca apresentou teste de DNA.

CARÁTER
Era orgulhoso. Mesmo usando óculos, não se enxergava.

MAIS UM PECADO.
- Há quanto tempo não se confessa, filho?
- Eu não SE  confesso...

DOE...
- Vou doar meu corpo.
- Para transplante?
- Não, pro prazer.

FELICIDADE  NO RIO
- Vamos ser felizes...
(Bala perdida)
- Não fomos?

FILOSOFIA GREGA.
Acabou com o amor platônico, tendo uma transa homérica.

TRONOS.
Charles pode perder um bom trono ao casar-se com uma má-trona.

BANDIDO TERCEIRA IDADE.
Não respeita os idosos pelos seus cabelos brancos. Assalta-os.


domingo, 2 de setembro de 2012

Diálogo com Buda

O ideal grego de “conhecer-se a si mesmo” como início da sabedoria é o mesmo que  “autoconhecimento”, fazer uma reflexão sobre si mesmo na busca de um mundo melhor para si  para os outros. Desde que mudemos.
A filosofia oriental colocada nos ensinamentos religiosos e os conceitos da Inteligência  Emocional no Ocidente nos levam  nesta direção: de nos aperfeiçoarmos. Vejamos este pequeno texto, com o estilo oriental de respostas.

O Deva e o Iluminado

Sidarta Gautama, O Iluminado, o Buda, estava um dia no jardim de Anathapindika, na cidade de Jetavana, quando lhe apareceu um Deva (espírito da natureza) em figura de brâmane e vestido de hábitos brancos como a neve, e entre ambos estabeleceu-se o seguinte diálogo:

O Deva:
- Qual é a espada mais cortante?
Ao que Buda respondeu:
- A palavra raivosa é a espada mais cortante.
- Qual é o maior veneno?
- A inveja é o mais mortal veneno.
- Qual é o fogo mais ardente?
- A luxúria.
- Qual é a noite mais escura?
- A ignorância.
- Quem obtém a maior recompensa?
- Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
- Quem sofre a maior perda?
- Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.
- Qual é a armadura mais impenetrável?
- A paciência.
- Qual é a melhor arma?
- A sabedoria.
- Qual é o ladrão mais perigoso?
- Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.
- Qual o tesouro mais precioso?
- A virtude.
- Quem recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
- Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.
- O que atrai?
- O bem atrai.
- O que repugna?
- O mal repugna.
- Qual é a dor mais terrível?
- A má conduta.
- Qual é a maior felicidade?
- A libertação.
- O que ocasiona a ruína no mundo?
- A ignorância.
- O que destrói a amizade?
- A inveja e o egoísmo.
- Qual é a febre mais aguda?
- O ódio.
O Deva então faz sua última pergunta:
- O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
Buda respondeu:
- O benefício das boas ações.
Satisfeito com as respostas, o Deva, com as mãos juntas, inclinou-se respeitosamente ante Buda e desapareceu.