Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes
Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

sábado, 30 de junho de 2012

Ah. Que Delícia de Férias

Ah! Que delícia de férias!

            “Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer.” Esta máxima é esquecida por todos aqueles que vão tirar férias. A primeira coisa que faz um sujeito nesse período é esquecer a hora de acordar. Ou melhor, não ter hora para tal coisa. Pode ser às dez da manhã, ao meio-dia ou no comecinho da tarde. Espreguiçar dolentemente sobre os lencóis macios (aqueles mesmos cantados pelo Roberto Carlos, e não precis ser de fios egípcios, principalmente nesta época de confusão naquele país), escancarar as janelas e deparar com duas coisas que pertencem quase à ficção científica: o ar puro e as montanhas mineiras (as siderúrgicas estão acabando com ambas. Belo Horizonte é a a capital mais poluida).
            Para se tornarem Alpes suíços, às montanhas de Minas só falta a neve. Verdinha e cheias de árvores milenares, lá estão elas, presença muda da história e da civilização, escondendo talvez tesouros e civilizações, altaneiras e impávidas, diante do que acontece à sua volta. E, de repente, sentir o cheiro de um bolinho frito no fogão a lenha (ou talvez a gás), servido com um café plantado no quintal, torrado e moído em casa, sem misturas alienígenas. Beber um leite com mais de 3% de gordura, sem ser empacotado. Comer pão de queijo, quentinho feito na hora, umas broinhas de fubá cheirosas e gostosas (muito mais do que as exFrenéticas). E comer queijo!
            Ah! O queijo de Minas! Não existe nada comparado com este tal queijo mineiro. Fresquinho, derretendo na boca, desmanchando antes de chegar ao estômago, ou um mais curado, cheirando a distância: ou frito, escorrendo entre os dedos e deixando na boca uma quantidade de água insuperável. E pelo resto do dia virá o almoço, com tutu de feijão com couve, uma lingüiçinha (com trema, de tão gostosa) sequinha, sem gordura, um arrozinho com urucum e talvez um xuxuzinho, verdinho e sem culpa na inflação. A merenda das duas horas da tarde, para espantar o sono ou para distrair da chuva que cai insistentemente na Vila dos Confins ou no Chapadão do Bugre. E no cair da tarde, quando os sinos da capelinha próxima chama o povo para o Angelus e um cachorro late escondido no mato, vem uma sopinha de verduras e legumes, ao natural, acompanhada de pãozinho com manteiga de verdade.
            Mas o bom mesmo das férias é o anonimato. Ninguém conhece você. Nada de receber conta da Telemar, da Cemig, da Copasa, cartas de gerentes de bancos avisando que o seu cheque estourou, que a duplicata venceu, que o prazo do pagamento da prestação já passou e que a firma “simpaticamente o avisa” para passar no departamento de cobrança, onde um jurozinho está esperando de braços abertos. Ah, desligue o celular. Urgentemente. Nem para torpedos.
            Nem jornal chega à sua porta. Nada de ficar pensando nas brigas entre nações ou chefes de Estado, em picuinhas internacionais. A quem interessa saber que Obama está batendo o republicano nas pesquisas? E para que serve isto se eu não sou americano? É bem verdade que o Sinatra veio cantar aqui. A Madona. Mas toda década tem sua bobeira.
            Entre um almoço e outro, entre uma merenda e outra, você pode ir pescar no rio sem poluição, nadar em suas águas, ficar de barriga para cima, vendo os passarinhos voando, cantando ou simplesmente pousando nas árvores. Poderá ensinar o filho a caçar rolinha no mato (ou o Ibama já proibiu isto também?), poderá colocar o pé no chão e sentir a macieza dura da terra, das plantas, das árvores.
            De noite, um “truco”, um buraco ou, então, ficar ao redor do fogão (quase toda a noite é fria) contando histórias de assombração, ou mesmo alguns “causos” cheios de malícia e picardia. Quanto à hora de deitar, ah, deixa para lá, pois ninguém precisa desligar a televisão, que não existe, nem tapar o telefone que não toca. O sono virá do jeito que você está vivendo: devargazinho, de mansinho.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

DEUS

Na minha modesta opinião acho que estamos vivendo momentos muito "religiosos". Os aspas se justificam pela minha ideia de que esta religiosidade não é muito sadia, não. Pipocam igrejas protestantes por todos os lados. As romarias para Pai Eterno, Aparecida, "padim Ciço", e outros, levam gentes e dinheiros para todos os lugares. Canais de Televisão religiosos se rivalizam com os canais materialistas.
Li e adorei o livro de Richard Dawkins: Deus , Uma Ilusão. Entusiasmei-me com a definição de Deus, feita por Aspásia, um ser mítico no romance Baudolino. Agora recebi este texto, pelo segunda vez. Acho bom passar-lhes estas ideias.
Reparem nas primeiras frases. Importantíssimas.

Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe."
As palavras abaixo, ditas em pleno século XVII,  são de Baruch Espinoza - nascido em 1632 em Amsterdã, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz.
DEUS
- Baruch Spinoza -

“Para de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Para de me culpar da tua vida miserável: eu nunca te disse que há algo mau em ti, ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é a única que há aqui e agora, e a única que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho: vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Para de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que me agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Sentes-te olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?

Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro de ti... aí é que estou."


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Oito tipos de Inteligência.

Até algum tempo atrás, o conceito da inteligência ou QI estava umbelicalmente ligado ao aspecto acadêmico: matemática, leitura e verbal. Novas pesquisas têm revelado que não é bem assim, não. Outros tipos de inteligência poderiam ser percebidos entre os seres humanos. Acho que vale a pena rever estes novos conceitos. Eu, pessoalmente, sabia de sete. Agora aumentaram para oito, acrescentando a inteligência naturalista. Agiora, cá para nós, esta e exagerada, não?

SÃO OITO OS TIPOS DE INTELIGÊNCIA. QUAL É A SUA?

*Eduardo Ferraz

O significa inteligência para você? Muita gente relaciona esta característica apenas a pessoas com alto QI (Quociente de Inteligência). Mas, para o psicólogo Howard Gardner, essa é uma abordagem equivocada. Ele, que apresentou a teoria das Múltiplas Inteligências, afirma que não há apenas um tipo de inteligência, mas pelo menos oito e que cada uma delas contém subinteligências. O cientista ainda ressalta que "nossa genética define um limite para o desenvolvimento de nossas inteligências, mas nossas conquistas são fortemente influenciadas pelos valores que aprendemos com nossa família e pela cultura do meio que vivemos".

Gardner escreveu esta teoria baseado em seus estudos que mostravam que as pessoas são habilidosas de diferentes formas e que nem todos aprendem da mesma maneira. Qualquer pessoa tem cada um desses oito talentos que diferem em sua combinação e intensidade. Essas inteligências começam a se manifestar entre os três e seis anos de idade, o que significa que quanto antes os pais proporcionarem aos filhos estudo e acompanhamento, mais desenvolvidas elas se tornarão. O sucesso pessoal e profissional dependerá da dedicação em
aprimorar essas inteligências e do modo como o indivíduo as utiliza. Vamos a elas:
1 - Inteligência Corporal: É a capacidade de utilizar o corpo para expressar atividades artísticas. Esta inteligência aparece em atores, bailarinos, mímicos, comediantes... Pessoas que usam a expressão corporal para encantar e entreter, como artistas de rua que, na maioria das vezes, não são famosos, mas talentosos a sua maneira. Também entram aí as pessoas que têm habilidade e destreza no uso das mãos como artesãos, cirurgiões e os que dependem do
corpo para executar seus trabalhos.
2 - Inteligência Espacial: É a habilidade para interpretar e reconhecer fenômenos que envolvem posicionamento de objetos. Essas pessoas conseguem prever e se antecipar a um movimento, por milésimos de segundo, antes das outras. É o caso de jogadores de futebol, vôlei, basquete, beisebol, tênis e vários outros esportes que têm relação com a bola em movimento.
3 - Inteligência Linguística: É a capacidade elevada de utilizar a linguagem para se expressar. Essas pessoas possuem grande articulação verbal, conseguem se expressar de modo claro e convincente tanto na forma escrita como na falada. Aqui estão inseridos os grandes escritores, poetas, negociadores, relações públicas, professores, assim como as pessoas que têm facilidade para aprender idiomas.
4 - Inteligência Naturalista: É o talento para análise dos fenômenos da natureza, identificando e classificando objetos e compreendendo os sistemas naturais. Aqui se enquadram os cientistas que estudam a natureza, os ecologistas, agrônomos, veterinários, técnicos de laboratório, meteorologistas, pesquisadores, físicos, geólogos, astrônomos e químicos.

5 - Inteligência Musical: Manifesta-se por meio da habilidade para apreciar ou reproduzir uma peça musical. Inclui a interpretação de sons, sensibilidade para ritmos, habilidade para tocar instrumentos e para cantar. Aqui entram os compositores e músicos famosos, mas também os músicos diletantes.
6 - Inteligência Lógico-Matemática: É o atributo de pessoas que têm grande inteligência cognitiva. Chegam a conclusões baseadas em dados numéricos e na razão. Têm facilidade em explicar as coisas utilizando fórmulas, números e estatísticas. Aqui entram os matemáticos, gestores e financistas que têm muita facilidade para lidar com decisões complexas em pouco tempo.
7- Inteligência Intrapessoal: Pessoas com essa inteligência têm a capacidade de se autoconhecer e tomar decisões capazes de melhorar suas vidas. São indivíduos que podem ajudar outros a se conhecerem, pelo exemplo ou pela experiência. São os analistas, psicólogos, psiquiatras, teólogos e consultores.
8- Inteligência Interpessoal: Trata-se da capacidade que um indivíduo tem para analisar o estado de espírito, motivações, intenções e desejos de outras pessoas. Possui grande empatia, presença de espírito e flexibilidade para se adaptar aos mais diferentes ambientes com grande desenvoltura. Aqui entram os grandes gestores de empresas, técnicos de atividades esportivas, vendedores empáticos e políticos carismáticos.

"Essas oito inteligências sempre funcionam combinadas, e qualquer papel adulto sofisticado envolverá uma fusão de várias delas", complementa Gardner. Isso significa, por exemplo, que um presidente de empresa, além da inteligência lógico-matemática, precisaria ter as inteligências intra e interpessoal bem desenvolvidas. Pode também ocorrer que um indivíduo não tenha nenhuma das oito inteligências em alto grau, mas em virtude da combinação ou mistura de cinco ou seis dessas capacidades possa ser muito bem-sucedido em sua área de atuação. Assim, analise qual é sua combinação de inteligências e tire delas o maior proveito possível.






*Eduardo Ferraz é consultor em Gestão de Pessoas e especialista em treinamentos e consultorias "in company", com aplicações práticas da Neurociência comportamental, possuindo mais de 30.000 horas de experiência prática. É pós-graduado em Direção de Empresas, especializado em Coordenação e Dinâmica de Grupos e autor do livro "Por que a gente é do jeito que a gente é?", da Editora Gente.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Que Destrói o Relacionamento é a Expectativa de Perfeição


DIA DO$ NAMORADO$.

Este dia dos namorados é tão comercial e – contraditoriamente à ideia romantica – tão materialista, que não costumo comentar sobre ele. Faço-o depois da data.
É tão absurdo este 12 de junho, que em outros países é comemorado dia 14 de fevereiro, por causa de São Valentim, que era um bispo que fazia casamento dos pombinhos, contrariando a vontade e ordem do monarca de plantão
Lendo e vendo textos sobre o amor – procurando não ser repetitivo aqui neste espaço -, achei este belo artigo, que combate o desejo de perfeição que existe em nós, na busca do amado ou da amada. Ah, procurem ler a dois.

Expectativa de perfeição destrói o relacionamento
por Patricia Gebrim


"... não há como estabelecer um relacionamento profundo e duradouro sem que esse espaço onde moram as sombras seja tocado. Inevitavelmente, cedo ou tarde, as sombras surgirão, como fantasmas, a assombrar o relacionamento. Nesse momento há que se fazer uma escolha. Ou os parceiros se unem na tarefa de exorcizar a sombra, ou se permitem ser afastados por ela"
Perfeição só existe em filmes e em contos de fadas. Quanto tempo ainda levaremos para compreender isso?
Os relacionamentos são um espaço de crescimento, existem para trazer à tona, em cada um dos parceiros, aquilo que precisa ser transformado, melhorado, curado. Assim, pressupõe-se que um relacionamento precise ser necessariamente imperfeito para cumprir sua função.

Uma relação perfeita, sem atritos, sem discordâncias, de nada serviria no sentido de proporcionar um espaço evolutivo onde cada um dos parceiros acabará por se transformar em alguém melhor.

Parece óbvio, mas não é o que se observa no dia a dia. Olho ao redor e vejo nos casais o desejo imaturo de encontrar no relacionamento um espaço feito unicamente de leveza, prazer e divertimento. É verdade que no começo costuma ser assim. Mas na medida em que a relação se aprofunda, começam a vir à tona aspectos mais profundos, muitas vezes sombrios, de cada um dos parceiros.

Não é difícil amar nossa luz, nossa alegria, nossas partes mais belas. Difícil mesmo é amar uma pessoa por inteiro. Luz e sombra. Qualidades e defeitos. Amar o SER, de verdade, a carne nua e crua, que é o material de que somos feitos, todos nós. Não há um único ser humano perfeito circulando por aí. Somos todos falhos, com áreas a serem transformadas, com desafios que os relacionamentos trazem à tona. O momento do surgimento da sombra é quando a maior parte dos relacionamentos entra em uma espiral autodestrutiva.

A boa qualidade de um relacionamento é diretamente proporcional à capacidade de seus integrantes de aceitarem, acolherem e lidarem com os aspectos sombrios que, cedo ou tarde, aparecerão. É aí que podemos ver se o tão alardeado amor existia de verdade.

Não é fácil lidar com a sombra. “Nossa sombra é feita de pensamentos, emoções e impulsos que julgamos excessivamente dolorosos, constrangedores ou desagradáveis de aceitar. Portanto, em vez de lidar com eles, nós os reprimimos -- e os lacramos em alguma parte de nossa psique (mente), para que não seja preciso sentir o peso e a vergonha que carregamos por conta deles.” fonte: o livro O Efeito da Sombra, Deepak Chopra.

No entanto, não há como estabelecer um relacionamento profundo e duradouro sem que esse espaço onde moram as sombras seja tocado. Inevitavelmente, cedo ou tarde, as sombras surgirão, como fantasmas, a assombrar o relacionamento. Nesse momento há que se fazer uma escolha. Ou os parceiros se unem na tarefa de exorcizar a sombra, ou se permitem ser afastados por ela. Uma relação profunda e verdadeira precisará, necessariamente, passar pelo enfrentamento dessa etapa.

Assim, afirmo que o verdadeiro amor não é para todos. Há que se ter coragem e força para enfrentar a nossa própria escuridão. Há que se ter olhos capazes de atravessar a escuridão alheia em busca da luz que mora dentro desse ser humano, divino e imperfeito, com o qual nos relacionamos. Há que se ser capaz de atravessar as ilusões e, aceitando a realidade, só assim nos tornaremos capazes de encontrar o verdadeiro amor.

“Somente quando temos coragem para enfrentar as coisas exatamente como elas são, sem qualquer autoengano ou ilusão, é que uma luz surgirá dos acontecimentos, pela qual o caminho do sucesso poderá ser reconhecido.”
I Ching





domingo, 10 de junho de 2012

Quer ter uma pele saudável?


Talvez os leitores poderão pensar que estou puxando sardinha para o meu lado, já que sou psicólogo. Mas nada disto, mesmo porque não sou muito chegado em sardinha. Mas o texto a seguir é bem esclarecedor nas explicações, e baseado em pesquisas brasileiras.. Leiam, e , se possível, façam o que ele esta sugerindo.


QUER TER UMA PELE SAUDÁVEL? FAÇA PSICOTERAPIA.


"Se você tem problema emocional, a pele é a primeira que vai mostrar isso", destaca Marisa Bapetista Livrari, terapeuta cognitiva comportamental. De acordo com ela, isto acontece porque a cútis é rica em terminações nervosas, portanto, está conectada a todas as partes do corpo, especialmente ao cérebro.

Devido a essa proximidade, uma equipe de psicólogos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul avaliou, em 2009, um grupo de 205 pessoas de 20 a 49 anos com problemas na epiderme, e observou que 63% havia sido exposto a estresse ou outro tipo de alteração emocional.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a cada três pacientes com problema de pele, um tem agravante emocional. "São lesões causadas pela própria pessoa. Ela manipula e machuca a pele, mas não tem consciência disso", destaca Jefferson Alfredo de Barros, dermatologista, mestre em ciências da saúde e professor de dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC.

Segundo o especialista, quem costuma sofrer mais com as doenças emocionais, que acabam refletindo na pele, são as mulheres. Os problemas vão desde psoríase - descamação na cútis - até cicatrizes causadas por pouca quantidade de acne.

Para Marisa, o fato de a mulher desempenhar diversos papéis, tanto na sociedade quanto em casa, exige grande suporte emocional, que geralmente a maioria delas não têm. "A mulher não percebe que precisa pôr pra fora todo o estresse do dia a dia. Mas, para não desenvolver este tipo de doença psicossomática, é preciso recorrer às atividades prazerosas, aos hobbies."

Prevenir é o melhor remédio
Não se expor às situações estressantes é quase impossível. Porém, para evitar o surgimento de doenças por conta dos problemas, é preciso canalizar esse tipo de emoção em atividades que podem ajudar a relaxar. "A mulher tem que aprender a pensar primeiramente nela mesma", comenta Marisa. Atividades físicas, cursos e outras tarefas, quando desenvolvidas com prazer, podem ajudar. Além disso, a psicoterapeuta recomenda a terapia para amenizar a pressão da "multifuncionalidade" feminina.

Doenças
De acordo com Jefferson, cada paciente responde de maneira diferente às emoções. Por isso, é importante estar atento ao aparecimento de manchas na pele sem motivo aparente e, procurar um dermatologista o quanto antes para que ele indique o melhor tratamento. Veja alguns dos problemas mais comuns que podem ser agravados por problemas emocionais.

Psoríase
A doença inflamatória provoca descamação da pele e afeta 2% da população mundial, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Localizadas frequentemente nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e tronco, as lesões não são sintomáticas. "O problema não é provocado pelo cérebro, mas pode ser agravado, se o paciente estiver exposto a situações de muito estresse, como a morte de algum familiar, por exemplo", explica o dermatologista.

Dermatite seborréica
Popularmente conhecida como caspa, o problema é causado pela infecção crônica que se manifesta em partes do corpo onde existe maior produção de óleo, como no couro cabeludo. Existe tratamento, mas a dermatite seborréica pode ser intensificada pela carga emocional.

Vitiligo
Descoloração em regiões do corpo, como o cotovelo e o rosto, o problema não provoca danos à saúde, mas à autoestima do paciente. Apesar de não ter origem no cérebro, pode piorar com os problemas emocionais.

Dermatite Atópica
São lesões com vermelhidão e ressecamento da cútis, e pode aparecer em diferentes partes do corpo. Também podem ter o aparecimento explicado pelo acúmulo de emoções fortes.


terça-feira, 5 de junho de 2012

Por Que Não Gosto de Futebol?

Dentre todas as explicações (falsas) para a minha saída do Seminário
– além do fato de desmentir enfaticamente a ideia generalizada
de que seminarista sai do seminário por causa de mulher - 
 as explicações que mais me agradam são duas.  Para ser padre naquela
 época dos anos 60, o candidato precisava saber cantar
 (e muito antes dos padres-cantores-artistas dos dias de hoje),
 e jogar futebol. No teste musical com o Padre Gaio fui reprovado vergonhosamente
 (agora, por desaforo, canto em um Coral. Mal e parcamente, diga-se).
 Quanto a jogar futebol, eu detestava. Talvez porque não enxergava
 a bola. Para minha vingança, escrevi esta crônica.
                          

Por que não gosto de futebol
                Por causa das constantes e contínuas transmissões de futebol pela TV, em qualquer dia e horário, não respeitando nem o descanso dominical, resolvi decidir pelo desligamento total da máquina de fazer doido. Porém, o que fazer se as opções são mínimas? Procurar um barzinho e tomar umas e outras? Parece não haver neste planeta Terra um único lugar livre das barbaridades futebolísticas. Mesmo assim, resolvo sair de casa, dar umas voltas de carro, com a gasolina ainda politicamente congelada no preço, antes que comece a aumentar mais do que carne em supermercado e o leite das vacas. De tanto rodar, acabei encontrando um local onde se poderia tomar uma cerveja em silêncio. Não vou dizer o nome do bar, senão acabam instalando uma televisão por lá. Não havia nem rádio e nem TV ligados na transmissão de futebol. E mais: alguns respeitáveis homens tomavam tranquilamente sua bebida.
                Recebido com reservas pela meia dúzia de gente que havia ali, consegui desanuviar a tensão reinante quando pedi algo para tomar e permaneci em completo mutismo. Foi aí que alguém se acercou de mim.
Não gosta de futebol?
-        Detesto – falei em alto e bom som.
                Recebi uma salva de palmas maior do que o Lula quando fazia assembleia no ABC.
            -    Parabéns, parabéns – disseram todos. Pertencemos a um pequeno e seleto clube de detestadores de futebol e reunimo-nos toda vez que tem a satânica transmissão deste jogo. De modo que aqui ficamos conversando amenidades e batendo um papo descompromissado. Seja bem-vindo!
            Agradeci, penhorado, a recepção, apesar de curioso.
            - Mas, conta para nós, por que não gosta de jogo? - pediu-me um deles.
            - Bobagem – desculpei-me.
            - Nada disso. Conta.
            E eu não me fiz de rogado.
            - Quando eu era pequeno, lá em Andrelândia, ainda não havia asfalto nas ruas, e nós, os meninos, jogávamos um futebol com bola de meia de mulher. Em um triste e aziago dia, recebi um corte violento no pé e quase fico sem ele. Daí pra frente não me interessei mais pelo esporte.
             - Que pena , disse um. - E diante do mutismo da plateia, foi logo explicando: "Ora, se aqui no Brsil um sujeito que perdeu o dedo virou presidente do País, você sem o pé, seria o Presidente dos Estados Unidos"
               Gargalhadas ressoaram altissonntes no bar. Mas, outros começaram  falar.
            - Comigo foi mais chato – confessou-me um dos presentes.      Fui ao estádio uma tarde levando a minha mais recente namorada. Gostava até do joguinho. E vibrava, gritava e pulava. De repente, sem mais nem menos, a minha ponte móvel cai no chão e não dou por mim. Continuo gritando até que a namorada percebe minha falha dentária. Não adiantou eu ficar procurando pelos dentes que não encontrei. Acabei perdendo a namorada.
            Todo mundo ficou triste ao ouvir a história.
           - E eu, então? - começou um terceiro. - Meus pais me levaram para um colégio interno quando eu era pequeno. O diretor, para me alegrar, perguntou-me se eu jogava futebol. “Claro, respondi, sou bom de bola”. E ele me escalou no primeiro time. Passei quarenta e cinco minutos sem pôr o pé na dita cuja. Foi um vexame.
           - Pior foi comigo – atalhou mais um dos presentes, enquanto sorvia um gole de cerveja. - Além de não relar o pé na bola, aconteceu algo superdesagradavel. Foi na comemoração do aniversário da cidade. Tinha eu naquela ocasião uns oito ou nove anos, e haveria várias partidas de futebol: casados contra solteiros, jovens contra jovens, adolescentes contra adolescentes e meninos contra meninos. Eu estava de chuteira nova, calção novo, tudo novo. E bola perto de mim é que não vinha. De repente, alguém dá um chute tão forte e a bola vem direto na minha cara. Fui derrubado e desmaiei. Não gosto nem de pensar.
           - E você – perguntaram os meus novos colegas a um dos presentes que se mantinha calado -, o que lhe aconteceu para não gostar de futebol?
           - Não houve absolutamente nada – disse calmamente o homem -, mas o caso é que futebol é um instrumento alienante que o governo utiliza para anestesiar as massas que estão contra a sua política salarial, o arrocho econômico e a dureza de suas vidas. Olha o Primeiro de Maio!  Enquanto milhões de trabalhadores estão com fome, faz-se uma rodada dupla, com transmissão pela TV. Não ligo, e não ligo a TV para ver alienação.
             - Não se preocupe, não.   – cochicharam-me dois novos colegas, um em cada ouvido. - Ele é um líder sindical que não conseguiu uma boquinha no Ministério do Trabalho, dominado pelos pelegos..