Fazenda onde nasceu o blogueiro. Foto Luis Fernando Gomes

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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Como é seu relacionamento?

Passeando romanticamente no shopping de mãos dadas, a moça começou a reparar nos outros casais e, conforme a distância entre eles, intuía se eram namorados, recém casados ou com um longo tempo de união. Quando ela me contou isto, pensei nos vários tipos de relacionamentos. Ou relações.

Relação séria


Algumas pessoas parecem que estão lutando para ter uma relação séria. Mas o que exatamente significa isso? Cheguei à conclusão que os que assim se comportam, levam a relação realmente a sério. Não riem, não brincam, não saem, não se divertem, etc., etc.…. Uma relação séria está parecendo porta do inferno. Será por isso que tantos estão fugindo de uma relação séria? A sua é assim? Se é o seu caso, como se sente? Como deve ser uma relação séria? Qual é o seu critério de seriedade? Já pensou nisso? Será que numa relação séria as pessoas podem ser divertidas, felizes, alegres?  Ou carrancudas, de cara fechada?

Relação de compromisso


Outros têm uma relação de compromisso. Até mesmo os adolescentes namoradinhos tem um anel de compromisso, aquele pedacinho de lata no dedo, que mostra a todos que fulano e fulana estão comprometidos (ou seria: tem dono!). Comprometidos com que? Depois, vão amadurecendo (?) e continuam nutrindo esse compromisso num futuro noivado, casamento…. Bem… Compromisso sugere regras, normas, contratos, acordos. A maioria das pessoas que querem uma relação de compromisso, não sabem nem mesmo o que querem ou  o que podem oferecer para a relação em termos de comprometimento.

Essa “negociação” de compromisso não acontece. As pessoas acham que o outro ou a outra devem saber exatamente qual é o pacto. Mas, creiam, a grande maioria nunca fez um pacto. Porém, a cobrança sempre aparece. E o que você pensa sobre isso? O que você espera do seu relacionamento atual, ou talvez futuro? O que pode dizer do seu antigo relacionamento, em termos de compromisso e comprometimento? O que você tem para oferecer ao seu relacionamento em termos afetivos, emocionais, sentimentais, intelectuais, sexuais, etc.…? O que o outro, ou outra, tem a oferecer a você nos mesmos termos? O que o outro, ou outra, lhe cobra nesses termos? O que você recebe lhe agrada, está bom, de acordo com seus desejos? Será que você agrada o outro plenamente, ou só parcialmente, e muitas vezes segundo seus próprios interesses e ganhos?

Relação de qualidade


Alguns poucos, independentemente dos “compromissos” ou da “seriedade” optam por nutrir uma relação de qualidade. Mas o mais interessante, é que toda relação de qualidade tem poucos compromissos, e os que existem são muito claros e respeitados; e pouca seriedade, ou seja, as pessoas deixam de ser um do outro, para serem um com o outro, e deixam a vida divertida com isso.

As relações de qualidade independem de anéis de aço, prata ou ouro, que muitas vezes se tornam verdadeiros grilhões escravizantes. Independem de papeis de propriedade um do outro assinados em cartório (embora possam existir, nada contra). As relações de qualidade somente ocorrem para pessoas maduras, que sabem o que desejam e o que não desejam (ou que pelo menos tem consciência dessa busca e se esforçam para seguir na trilha do autoconhecimento), e que acima de tudo privilegiam a si mesmos na relação, não se abandonam, nem abandonam seus ideais, sonhos, planos, amizades, estilos de músicas, leituras, filmes e tantas outras coisas em nome do “outro”. Esse abandono tem se tornado uma constante, e gera cobranças mortíferas no futuro próximo. Se o que outro oferece nesses termos não lhe agrada, lhe perturba, é difícil para você lidar, é hora de rever as coisas, pois provavelmente você não viverá uma relação de qualidade.

As pessoas que se entregam a uma relação de qualidade são aquelas que aprenderam a se respeitar, a se assumir, a se localizar no tempo e no espaço, e resolvem um dia se dedicar a partilhar isso com outro alguém que aprendeu as mesmas coisas, e que se dispõem também a partilhar, sem deixar de viver como um ser íntegro. Uma relação de qualidade é o terceiro elo que se forma de um EU, mais um TU, gerando um NÓS. O que é um  NÓS de uma relação EU + TU adoecida?

Nessa relação de qualidade não há cobranças, há diálogo. Não há revezes, há experiências. Não há suspeita, há cumplicidade. Não há posse, há desejo, há respeito, há reciprocidade. Do ponto de vista tão fraterno quanto profano possa parecer. Para essas pessoas, o tempo mais importante é o presente, e o verbo mais importante é viver. E se a própria relação se esgotar, será uma pena, mas como não houve posse, não há perdas.

E você, qual a relação que anda vivendo ou pleiteando? Não tenha pressa, a qualidade é fruto do tempo, da vivência, da experiência.



sexta-feira, 22 de abril de 2011

Texto de Luiz Fernando Veríssimo.

Veríssimo, junto com Jabor e Lya Luft, é o escritor que mais tem textos apócrifos na internet. Eles mesmos disseram que jamais escreveram certas coisas que são atribuidas a eles. Talvez o texto a seguir não seja mesmo da pena (ou do computador) de Luiz Fernando Veríssimo. Mas, acheio-o (o texto) muito divertido.
Neste final de semana que já foi santa, um humor um tanto iconoclasta.

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- Papai, o que é Páscoa?
 
-Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!
 
-Igual ao Natal?
 
-É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressureição.
 
-Ressurreição?
 
-É, ressurreição. Marta , vem cá !
 
-Sim?
 
-Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
 
-Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. É o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu ?
 
-Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um  coelho?
 
-O que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu !
Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos.
Até parece que não lhe demos uma educação cristã !
Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola ? Deus me perdoe !
Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
 
-Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus ? 
É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
 
-O Espírito Santo também é Deus?
 
-É sim.
 
-E Minas Gerais?
 
-Sacrilégio!!!
 
-É por isso que a ilha de Trindade fica perto do Espírito Santo?
 
-Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a
professora explica tudinho!
 
-Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa ?
 
-Eu sei lá ! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.
 
-Coelho bota ovo ?
 
-Chega ! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais !
 
- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa ?
 
-Era... era melhor,sim... ou então urubu.
 
-Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né ? Que dia ele morreu ?
-Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
 
-Que dia e que mês?
 
- (???)
Sabe que eu nunca pensei nisso ? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressucitou três dias depois, no Sabado de Aleluia.
 
-Um dia depois!
 
-Não;  três dias depois.
 
-Então morreu na Quarta-feira.
 
-Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas ? Ah, garoto, vê se não me confunde ! Morreu na Sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! 


Como ?
 
- Pergunte à sua professora de catecismo!
 
-Papai, porque amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua ?
 
-É que hoje é Sabado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
 
-O Judas traiu Jesus no Sábado ?
 
-Claro que não ! Se Jesus morreu na Sexta !!!
 
-Então por que eles não malham o Judas no dia certo ?
-Ai...
 
-Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
 
-Cristo. Jesus Cristo.
 
-Só ?
 
-Que eu saiba sim, por quê?
 
-Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha? 


Ai coitada!  
-Coitada de quem?
 
-Da sua professora de catecismo!
 
 
Luiz Fernando Veríssimo

 

 

 

domingo, 17 de abril de 2011

Sobre o Dia do Índio

Detesto estes dias: Dia disto, Dia daquilo. No próximo 19 de abril, "comemora-se" o dia do índio. Mas acho que em vez de "comemorar", deveríamos repensar nossa postura com a cultura indígena. E o que fizeram - portugueses, igreja católica e as seitas protestantes - com eles. Darcy Ribeiro, um mineiro de têmpera e grande escritor, tem vários livros e dentre eles  O Povo Brasileiro de onde recolhi um texto sobre os índios, muito bem escrito. Passo para vocês.

"Os índios perceberam a chegada do europeu como um acontecimento espantoso, só assimilável em sua visão mítica do mundo. Seriam gente de seu deus Sol, o criador - Maíra - que vinha milagrosamente sobre as ondas do mar grosso. Não havia como interpretar seus desígnios, tanto podiam ser ferozes como pacíficos, espoliadores ou dadores.
Provavelmente seriam pessoas generosas, achavam os índios.
(...)
Pouco mais tarde esta visão idílica se dissipa. Nos anos seguintes, se anula e reverte-se no seu contrário: os índios começam a ver a hecatombe que caíra sobre eles.
(...)
Mais tarde, com a destruição das bases da vida social indígena, a negação de todos os seus valores, o despojo, o cativeiro, muitíssimos índios deitavam em suas redes e se deixavam morrer, como só eles têm o poder de fazer. Morriam de tristeza, certos de que todo o futuro possível seria a negação mais horrível do passado, uma vida indigna de ser vivida por gente verdadeira.
Sobre esses índios assombrados com o que lhes sucedia é que caiu a pregação missionária, como um flagelo. Com ela, os índios souberam que era por culpa sua, de sua iniquidade, de seus pecados, que o bom deus do céu caíra sobre eles, como um cão selvagem, ameaçando lançá-los para sempre nos infernos.
A cristandade surgia a seus olhos como o mundo do pecado, das enfermidades dolorosas e mortais, da covardia, que se adonava do mundo índio, tudo conspurcando, tudo apodrecendo.
Os povos qua ainda o puderam fazer fugiram mata adentro, horrorizados com o destino que lhes era oferecido no convívio dos brancos, seja na cristandade missionária, seja na pecaminosidade colonial. Muitos deles levando nos corpos contaminados as enfermidades que os iriam dizimando a eles e aos povos indígenas que se aproximassem.
(...)
Aos olhos dos recém chegados, aquela indiada louçã, de encher os olhos só pelo prazer de vê-los, aos homens e às mulheres, com seus corpos em flor, tinha um defeito capital: eram vadios, vivendo uma vida inútil e sem prestança. Que é que produziam? Nada. Que é que amealhavam? Nada. Viviam suas fúteis vidas fartas, como se neste mundo só lhes coubesse viver.
Aos olhos dos índios, os oriundos do mar oceano pareciam aflitos demais. Por que se afanavam tanto em seus fazimentos? Por que acumulavam tudo, gostando mais de tomar e reter do que de dar, intercambiar? Sua sofreguidão seria inverossímil se não fosse tão visível no empenho de juntar toras de pau vermelho, como se estivessem condenados, para sobreviver, a alcançá-las e embarcá-las incansavelmente? Temeriam eles, acaso, que as florestas fossem acabar e, com elas, as aves e as caças? Que os rios e o mar fossem secar, matando os peixes todos?
(...)
O contraste não podia ser maior, nem mais infranqueável, em incompreensão recíproca. Nada que os índios tinham ou faziam foi visto com qualquer apreço, senão eles próprios, como objeto diverso de gozo e como fazedores do que não entendiam, produtores do que não consumiam. O invasor, ao contrário, vinha com as mãos cheias e as naus abarrotadas de machados, facas, facões, canivetes, tesouras, espelhos e, também miçangas cristalizadas em cores opalinas. Quanto índio se desembestou, enlouquecido, contra outros índios, por amor dessas preciosidades! Não podendo produzi-las, tiveram de encontrar e sofrer todos os modos de pagar seus preços, na medida em que elas se tornaram indispensáveis. Elas eram, em essência, a mercadoria que integrava o mundo índio com o mercado, com a potência prodigiosa de tudo subverter. Assim se desfez, uniformizado, o recém descoberto Paraíso Perdido."

Texto extraído do livro O Povo Brasileiro de Darcy Ribeiro

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Quando as coisas não dão certo...

... ou a gente fica quebrando cabeça ou parte para outra. Como diz uma pessoa muito próxima de mim: tendo obstáculo você cai fora. No caso do encaminhamento do assunto de estresse, deu muita confusão. Vou tentar, então, algo mais light. Falar de algo de minha área. A psicologia. Se não der certo, ou é problmea do blog ou o universo conspira contra...

PSICOTERAPIA EXISTENCIAL.
Mário Cleber da Silva.

Há alguns anos tenho atuado como psicólogo clínico em uma abordagem existencial na Psicoterapia. Mas o que é essa Psicoterapia Existencial?
Antes uma historinha: André Malraux foi um filósofo francês muito católico e que sempre estave preocupado com a idéia de pecado, buscando uma “santidade”. Confessando, certa vez, o padre lhe falou: todos são mais infelizes do que se pensa e não existe isto de Pessoa Madura (quanto mais, santa). Então, esta infelicidade é quase como existencial mesmo. Basta existir para se ser infeliz. E o conceito de maturidade está longe de ser alcançado. Posto isto, vamos falar sobre esta psicoterapia existencial.

Uma abordagem terapêutica dinâmica que se concentra nas questões enraizadas da existência.
Trabalha-se baseando em dois pressupostos básicos: o interpessoal (os pacientes entram em desespero pela incapacidade de desenvolver e sustentar relacionamentos interpessoais gratificantes); existencial (o desespero é causado pelos fatos cruéis da existência humana, que são a morte, isolamento, significado da vida e liberdade).
E mais: neuroses traumáticas são raras. A grande maioria dos pacientes sofre de estresse, o que, em diferentes graus, faz parte da natureza humana.
O “dinâmico“ na definição acima se refere ao modelo freudiano: forças em conflito no interior do indivíduo geram seu pensamento, sua emoção e seu comportamento.
E qual é a natureza dessas forças conflitantes? Além da nossa luta contra os ímpetos instintivos, adultos significantes internalizados, fragmentos de memórias traumáticas esquecidas, está o nosso confronto com os dados inevitáveis da existência.: morte, isolamento, significado da vida e liberdade.
E para levar a bom termo este tipo de psicoterapia, a sensibilidade do terapeuta às questões existenciais será fundamental.
E: a terapia não deve ser impulsionada pela teoria, mas pelo relacionamento. E esta sensibilidade do terapeuta às questões existenciais influenciará a natureza do relacionamento terapeuta-paciente e afetará individualmente cada sessão terapêutica.
Na Terapia Existencial, terapeuta e paciente são companheiros de viagem. Todos nós vamos experimentar não só as alegrias da vida como sua inevitável escuridão: desilusão, sofrimento, envelhecimento, doença, isolamento, falta de sentido da vida e morte. É uma bênção que não saibamos o que vai nos acontecer. Somos todos inconscientes do mal que o Destino pode ter reservado para nós.
Concepções equivocadas sobre terapia são muito comuns. Os novos pacientes têm medo e estão confusos.
Uma de nossas maiores tarefas é INVENTAR um significado consistente o bastante para sustentar a vida e executar a difícil manobra de negar nossa autoria pessoal deste significado. Nossa procura incessante por sistemas substanciais de significados frequentemente nos lança em crises de significado.
A psicoterapia  existencial nos ajudará a lidar com estes pontos.


sábado, 9 de abril de 2011

Mais sobre o Cérebro.

Alguns leitores poderão estranhar o fato de eu ficar batendo na tecla “Cérebro”. Poderia estar “pagando pecado”, pois detestava estudar a neuroanatomia do cérebro quando fazia psicologia? Ou porque, mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos Parkinson, Alzheimer ou Problemas Cardíacos, segundo o livro “A Revolução dos Idosos”? Ou – este acho fundamental –porque, se nosso cérebro estiver bem, nosso psíquico estará bem e poderemos ler muita literatura e acessar blogs interessantes, como este aqui?
Se vocês responderam as três opções, não estão errados. Se ficaram só na C, é porque são meus fãs. Obrigado.



A Origem da Doença de Alzheimer pode estar no Fígado e não no Cérebro.


Vamos conhecer, antes, algumas características de nosso cérebro.

  • O cérebro, a mais complexa estrutura do corpo humano, pesa somente 1,4 kg.
  • O cérebro contém em torno de 100 bilhões de células nervosas e ele pode enviar sinais a milhares de outras células numa velocidade de 320 quilômetros por hora.
  • Pesquisadores do cérebro aprenderam mais sobre o funcionamento do cérebro nos últimos 10 anos do que eles haviam aprendido no último século.
  • Apesar do mito de que pessoas mais velhas não conseguem aprender coisas novas, pesquisas sobre o cérebro não encontraram evidências para sustentar esse mito em pessoas saudáveis. Nem que o envelhecimento significa que a pessoa vai perder sua memória. Na verdade, pesquisas sugerem que quanto mais ativo você manter seu cérebro enquanto envelhece, com mais agilidade mental você vai ficar. As pessoas mais velhas levam mais tempo para aprender, mas eles vão reter o que aprenderam tão bem quanto pessoas mais novas.
  • Muitas pessoas não percebem a gama de doenças e desordens relacionadas ao cérebro. Por exemplo, doença de Alzheimer, vícios, traumatismo craniano, doença de Huntington, AVC (acidente vascular cerebral), esclerose múltipla, depressão e epilepsia são todas doenças e desordens do cérebro.
  • Apesar de enormes avanços em pesquisa cerebral, desordens do cérebro e do sistema nervoso central continuam sendo, em muitos países desenvolvidos, a principal causa de invalidez e são responsáveis por mais hospitalizações e cuidados prolongados do que quase todas as outras doenças combinadas.

A doença de Alzheimer acomete pelo menos um milhão e duzentos mil pacientes no Brasil, preferencialmente as pessoas idosas. É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos, mas de acordo com novas (e potencialmente revolucionárias) pesquisas ela pode ter origem no fígado.
Os sintomas dessa doença – problemas com memória, raciocínio e comportamento – são geralmente associados à formação de placas no cérebro que causam a morte das células cerebrais. Os resultados de uma nova pesquisa apontam o fígado como sendo a fonte causadora dessas placas, e não o cérebro, o que levaria a novas estratégias de prevenção e terapia.
O estudo feito pelo Scripps Research Institute utilizou camundongos para identificar os genes que influenciam a quantidade de beta-amilóide – a proteína que se deposita no cérebro formando tais placas – que acumula no cérebro. Os resultados sugeriam que concentrações significativas de beta-amilóide poderiam originar do fígado, circular no fluxo sanguíneo e entrar no cérebro. Se isso fosse verdade, bloquear a produção de beta-amilóide no fígado deveria proteger o cérebro.
Para testar essa hipótese, a equipe de cientistas montou um experimento com camundongos que recebiam uma medicação que reduz drasticamente a produção de beta-amilóide e tem fraca penetração na barreira sangue-cérebro tanto em camundongos quanto em humanos. A característica dessa medicação de não passar para o cérebro era justamente o que os cientistas precisavam para analisar a produção de beta-amilóide fora do cérebro e como essa produção poderia contribuir para o acúmulo de beta-amilóide no cérebro.
Os camundongos receberam medicação durante sete dias, depois amostras de plasma e tecido cerebral foram coletadas, e os níveis de beta-amilóide foram avaliados. A descoberta: a medicação reduziu dramaticamente o nível de beta-amilóide não apenas no sangue como também no cérebro, onde a medicação não penetrava. Portanto, uma quantidade significativa da amilóide cerebral deve se originar fora do cérebro e essa medicação representa uma candidata para a prevenção e tratamento da doença de Alzheimer.




segunda-feira, 4 de abril de 2011

Para O Amor Perdurar.

Tento há algum tempo postar um texto sobre Amor. Ou o amor anda difícil hoje em dia, ou o blog anda me complicando a vida. A postagem não sai. Desculpe-me os leitores. É hoje ou nunca.


QUE É ESSENCIAL PARA O AMOR PERDURAR.

Recentemente um casal me procurou no consultório, querendo se separar. Depois de 30 e tantos longos anos, cada um queria ir para o seu canto. E como a mulher pontuou: é melhor dois infelizes, separados, do que juntos.
Ah, como são poucos os casais que vivem em harmonia, num relacionamento que dê condições para que cresçam, emocional, afetiva e intelectualmente – quando há presença deste último aspecto. Mas, já que existe esta pequena minoria, que tal, tentarmos, nós, seguir-lhes o exemplo?.
Dentre todos os aspectos importantes para esta harmonia, sem dúvida que o desenvolvimento da confiança recíproca é um dos mais relevantes. O amar é depender, estar na mão de outra pessoa. Ela, mais do que nenhuma outra, tem o poder de nos fazer sofrer. Pode não ser a pessoa que nos provocará toda a felicidade do mundo, mas consegue nos magoar profundamente. Um simples gesto, uma palavra, ou a ausência dos mesmos, e,  de repente, nos sentimos a pior das criaturas. Como conseguem nos fazer inseguros...
Se uma pessoa ama alguém que não se esforça em despertar nela a sensação de confiança e de igualdade, ela vai sofrer muito. Sentir-se-á constantemente ameaçada e o ciúme, como um veneno, irá se imiscuir  em tudo o que faz, pensa ou age.
Se eu amo alguém que não me passa essa confiança, estou me comportando de forma irresponsável comigo mesmo. No mínimo uma ingenuidade, uma falta de maturidade emocional, ou até mesmo, e isto é pior, uma satisfação com o próprio sofrimento.
E por que a gente se entrega a este tipo de pessoa que não dá estes sinais de confiabilidade? Porque nos encantamos por esta pessoa. Ficamos  como que enfeitiçados. Ou, relevamos, pensando, ah, é uma fase, isto passa. Vou fazê-lo (la ) me amar. Aí se esforça, se dedica, pensando mudar o outro, fazê-lo entregar-se de corpo e alma ao outro. Agora, preste atenção, aquele que não é confiável – e ele sabe disso – percebe que recebe muito mais atenção e carinho, talvez por agir desta forma. Isto cria um círculo vicioso, perpetuando a situação. Achar que no futuro vai ser diferente é acreditar em papai Noel ou duende. A pessoa que não se entrega ao amor é recompensada, recebendo tanto em troca do nada. E por que ele mudaria a sua atitude?
Se a mágica do encantamento amoroso não for acompanhada da mágica da confiança, o sofrimento e a insegurança serão os companheiros desta pessoa.
E como poderemos perceber esta mágica da confiança? Pelo comportamento. Como confiar em uma pessoa que mente? A não ser que queríamos nos iludir ou nem levar em conta para não perdermos o encantamento amoroso por ela. Como confiar em alguém cujo comportamento não bate com suas palavras?
Se o discurso, a fala é uma, e a atitude é outra, fiquemos com a atitude.
Mas eis que aparece  outro componente. O mundo interior da pessoa  que ama. Ela pode não conseguir  desenvolver uma sensação de confiança em virtude de sua baixa auto-estima.Achar-se incapaz de despertar e conservar o amor do amado, sentindo-se insegura, acreditando que a qualquer momento poderá ser trocada por outra mais nova, mais atraente e rica de encanto. E continua sentindo-se assim, mesmo quando recebe sinais constantes e persistentes de lealdade por parte da pessoa amada. Ninguém  pode fazer nada por ela, a não ser que ela mesma busque resgatar a auto-estima através de um profundo mergulho interior e recuperar a autoconfiança perdida.
Finalizando, para que alguém desenvolva a capacidade de confiar é necessário que ela seja também uma pessoa confiável. Avaliamos os outros com base em nossa própria maneira de ser. Se somos mentirosos, desleais e desrespeitosos com os outros, como ter certeza que os outros não serão assim conosco? Só quem tem firmeza interior, confiança em si mesmo, respeitando as regras de conduta em que acredita, só este, repito, terá certeza de que existam pessoas que vão agir da mesma forma. A felicidade sentimental dependerá, sem dúvida alguma, do estabelecimento da confiança recíproca.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Falando de Minhocas e outros bichos...

Anos atrás soube de uma noticia que me assutou: sobre os vendedores de caldo de cana em São Paulo. Não sei se era verdade ou não, mas isto me motivou a escrever esta crônica, publicada inicialmente em jornais de Rio Preto e depois em meu livro. Vamos a ela...

Minhocas


Desculpem-me os amigos pescadores, mas detesto minhocas. Elas me dão uma sensação de gastura, mal-estar, aquele “trem” se mexendo entre os dedos. Para falar a dura e fria verdade, eu não gosto de bicho. Sou sincero.
Não me agrada de forma alguma aquele negócio molengo,  nojento, sem pé nem cabeça, que vive retorcendo e mexendo como as louras e morenas dos grupos de pagode. Nem penso em pegar uma e tentar enfiá-la no anzol e pescar.
Aliás, nunca peguei. Ou melhor, para falar a verdade, uma vez lá no rio turvo, em Andrelândia, matei aulas no Ginásio São Boaventura (alguém já ouviu falar neste santo?) e, junto com o Rubens e o José Jorge, fomos pescar. Que mané pescar, qualé nada. Na hora que tive de pegar aquele bichinho retorcendo todo, sem osso, lisinho que nem bumbum de santo, mais mole que gelatina, me arrependi de estar matando aulas. Não dava. Pescar não era comigo. Nem peixe eu gosto de pegar com as mãos.
Não vou chegar ao ponto de dizer que subo em cadeira quando vejo baratas correndo no assoalho e nem solto gritinhos histéricos, mas uma coisa é certa: eu as mato mais pelo susto que levam quando ouvem meu berro do que pelas chineladas que tento aplicar às tontas pelo chão. O pior é varrê-las depois, para fora de casa. É nojo em cima
nojo. Não é à toa que  Kafka escolheu uma barata como objeto de metamorfose. Agora as baratas são muito úteis para bruxarias e macumba.

            Ratos também não me agradam. Mesmo sabendo que a população “ratiana” é muito maior do que a humana e estes animais estão ficando cada vez mais resistentes aos venenos preparados pelos homens (que acabam morrendo muito mais que os “ratianos”), o meu medo não é igual ao que tenho de uma lagartixa. Isto mesmo pasmem: uma lagartixa! Pensar que estes bichinhos, num período pré-histórico, eram imensos dinossauros ou, mesmo ferozes crocodilos, e agora são pequenos répteis que vão subindo asquerosamente pela parede do quarto, principalmente em tempo de chuva. Aliás, o meu medo de lagartixa aumentou muito quando alguém disse que ia enfiar uma na minha boca quando eu estivesse dormindo e roncando com a bocona aberta. Tentei usar esparadrapo quando dormia, mas isto me impedia de respirar direito.
            Cachorro, gato, cavalo, boi, vaca, bezerro, só gosto de ver e alisar nas gravuras.
Acho, inclusive, que este negócio de o cachorro ser o melhor amigo do homem está errado. O cachorro (me desculpem os cinéfilos) é o melhor amigo do dono. Para comprovar é só passar perto destes portões de ferro e ouvir aquele cachorrão rosnando ameaçadoramente. Você vai fugir espavorido, como o diabo da cruz. Ah, as tartarugas! Que coisa mais horrorosa, meu Deus do céu! Vai uma tartaruga molengando, vai outra mais devagar... Ah, não dá mesmo, não.
Acabei falando de quase toda a fauna, e quero terminar completando o meu pensamento sobre as minhocas. Eu, que já não gostava delas, agora mais ainda, que soube de uma novidade que anda acontecendo em São Paulo. Em quase toda esquina paulistana tem caldo de cana, e os vendedores enchem os baldes, esperando os fre-gueses. Ora, sabe-se muito bem que se o caldo de cana ficar parado azeda e fica horrível. Ninguém vai ter paciência de Jó de ficar mexendo o tempo todo. O que fazem então os intrépidos e fantasiosos garapeiros? Colocam minhocas no balde e lá ficam elas mexendo pra lá e pra cá. Minhocas? Grr e arg procês...